Movimento Comunista

20º Congresso do PCP: A unidade anti-imperialista e a luta pela paz

07/12/2016

Uma das intervenções especiais do 20º Congresso do PCP, que terminou no último domingo (4), foi de Ilda Figueiredo, que tratou do tema da solidariedade e da luta pela paz. A dirigente comunista apontou que “o fortalecimento da luta contra a guerra e o militarismo, pela paz e a solidariedade com os povos vítimas da ingerência e agressão imperialista coloca-se como uma das grandes exigências do nosso tempo, como também ficou claro na recente Assembleia Mundial da Paz, recentemente realizada no Brasil”. Leia a íntegra da intervenção.

Queridos Camaradas,

Vivemos um momento internacional particularmente complexo marcado pelo aprofundamento da crise estrutural do capitalismo em que o imperialismo intensifica a sua ofensiva violenta e multifacetada, com o agravamento da insegurança e instabilidade da situação na Europa e no mundo em resultado da escalada militarista e agressiva promovida pelos Estados Unidos, pela Otan, pelas grandes potências da União Europeia e seus aliados que continuam a pôr em prática políticas e medidas, atentando contra os povos e os Estados que afirmem os seus direitos, soberania e independência.

As conclusões das cimeiras da Otan confirmam e intensificam o seu avanço até às fronteiras da Federação Russa, particularmente após o golpe de estado e a fascização crescente da Ucrânia, pretendendo reforçar ainda mais a sua presença nos países bálticos e aprofundando parcerias, ou mesmo a integração de diversos países próximos, promovendo a corrida a novos e mais sofisticados armamentos, prosseguindo também a instalação de mais componentes do sistema ofensivo antimíssil dos EUA em vários países da Europa e na Ásia, o que representa uma séria ameaça ao equilíbrio nuclear tanto mais grave quanto os EUA insistem no seu conceito de “primeiro ataque” inclusive com armas nucleares.

A ofensiva dos EUA e da Otan é a grande ameaça que hoje os povos enfrentam, assumindo particular importância a situação no Oriente Médio, onde os EUA com apoio de Israel e outros aliados, prossegue a agressão à Síria, ao Iraque, ao Iêmen. Esta deriva militarista e agressiva da Otan, comandada pelos Estados Unidos, encerra o perigo do desencadeamento de uma escalada de conflitos que levem ao deflagrar de um confronto de grandes e incalculáveis consequências para a humanidade.

Mas os povos lutam e resistem, como na Palestina ou na Síria onde o seu povo protagoniza uma firme e corajosa resistência patriótica.

Também os povos da América Latina e do Caribe continuam a lutar contra a ofensiva imperialista dos EUA aliada a oligarquias nacionais, de que é significativo exemplo o golpe no Brasil, procurando reverter os processos de afirmação soberana e de sentido progressista que ali têm tido lugar, como acontece também na Venezuela, na Bolívia, no Equador, na Nicarágua, para além de Cuba que, conquistando a libertação dos cinco patriotas cubanos nos EUA, continua a luta contra o bloqueio dos Estados Unidos e pela devolução do território de Guantánamo.

O fortalecimento da luta contra a guerra e o militarismo, pela paz e a solidariedade com os povos vítimas da ingerência e agressão imperialista coloca-se como uma das grandes exigências do nosso tempo, como também ficou claro na recente Assembleia Mundial da Paz, recentemente realizada no Brasil.

O reforço da frente anti-imperialista é um desafio e uma necessidade urgente do nosso tempo. Os imensos riscos que a atual situação internacional comporta, contém também possibilidades que obrigam a uma ainda maior e mais alargada ação em prol da paz, do desarmamento, da solidariedade, do respeito pela soberania e independência dos Estados, pela resolução pacífica dos conflitos internacionais, pelo respeito pelo direito à autodeterminação dos povos – princípios inscritos na Carta das Nações Unidas.

Mais do que em qualquer outro momento da história recente, é hoje particularmente atual e premente que se reforce o diálogo entre as forças progressistas e anti-imperialistas. Como se refere nas teses apresentadas ao nosso Congresso, os comunistas têm particular responsabilidade mas também uma experiência e patrimônio único na construção das alianças sociais e políticas que possam travar os objetivos do imperialismo no plano nacional e internacional.

Consideramos de particular importância o desenvolvimento da cooperação dos partidos comunistas com outras forças democráticas, progressistas e anti-imperialistas, contribuindo, com a afirmação dos seus objetivos próprios e sem diluição da sua identidade, para o intercâmbio de experiências e para a unidade na ação, visando a concretização de tarefas e objetivos de luta imediatos.

Por isso, o PCP empenha-se na solidariedade internacionalista, na cooperação e convergência com as forças políticas e sociais que, nos respectivos países, lutam em defesa dos interesses dos trabalhadores e dos povos e no alargamento e maior expressão da frente anti-imperialista que trave a ofensiva do imperialismo e abra caminho à construção de uma nova ordem internacional, de paz, soberania e progresso social.

 

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