Colômbia

Alerta sobre o perigo paramilitar para esforços de paz

08/04/2016

O cientista político colombiano, Carlos Lozano, manifestou otimismo pelo recomeço dos diálogos com as FARC-EP e a proximidade de reuniões formais com o ELN, porém advertiu que o paramilitarismo constitui um obstáculo enorme para a paz.

Por Adalys Pilar Mireles

Em declarações à Prensa Latina, o também jornalista e  biógrafo das negociações entre o Governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP), assegurou que, em que  pese qualquer desacordo, o verdadeiramente importante é que ambas as partes voltaram a se encontrar em Havana esta semana para expor seus critérios e tentar conciliar posições.

É óbvio que há diferenças, as delegações têm pontos de vista discordantes, quase antagônicos em alguns aspectos, entretanto creio que através das conversações e com vontade política poderão alcançar um acordo, ressaltou o diretor do semanário Voz.

Contudo, Lozano insistiu em que o paramilitarismo representa uma ameaça a essas gestões.

Nesses dias – relembrou – vimos os efeitos da chamada “greve armada” em vários departamentos, perpetrada pelo clã Úsuga, uma variante desse flagelo, realidade que o governo nega, pois argumenta que são pretextos das FARC-EP em Cuba, para retardar a assinatura do acordo de paz e  que são invenções da esquerda na Colômbia.

Essa ala obrigou que as comunidades fechassem as portas de seus comércios, escolas, com a paralisação dos transportes públicos e, além disso, a incineração de veículos, provocando a morte de cinco pessoas, entre outros atos de violência.

Em sua opinião, estes grupos que o Executivo qualifica como estruturas criminosas, são braços do velho paramilitarismo, em muitos casos com dirigentes do médio escalão, que nunca foram presos e fazem o seu trabalho em coordenação com os chefes do tráfico que se encontram presos,  disse ele.

O primeiro passo, acrescentou, é preciso reconhecer a persistência deste mal, em seguida, atacar as relações dessas organizações com agentes do Estado, cortar todos os tipos de colaboração ou cumplicidade e, em terceiro lugar, exigir uma política de submissão à justiça.

Ao referir-se às negociações om o Exército de Libertação Nacional (ELN), que deverão ser iniciadas  no Equador em data a ser marcada, Lozano afirmou que essa outra negociação poderia ser mais ágil.

Espero que se possa avançar a um ritmo mais acelerado que o de Cuba com as FARC-EP e que finalmente ambos os processos encontrem-se no tempo, a partir das coincidências em pontos das agendas, com o propósito de alcançar soluções para as dois agrupamentos insurgentes.

A paz da Colômbia tem de ser completa, enfatizou o analista político.

Em 30 de março passado, porta-vozes do governo e do ELN informaram a sua decisão de iniciar encontros oficiais, logo após uma fase de aproximações exploratórias, animadas pela vontade de encontrar uma saída  negociada à guerra interna que dura mais de meio século.

Tais conversas serão também sediadas em outros países da região (Cuba, Brasil, Chile e Venezuela), para debater uma agenda de seis temas.

Tais análises aproveitarão as contribuições da cidadania, no momento de construir os pactos e provavelmente alguns dos consensos já assinados com as FARC-EP, sobretudo em assuntos próprios do fim do conflito, como o cessar fogo bilateral e a deposição das armas; também o mecanismo de justiça transicional, adiantou o presidente Juan Manuel Santos.

As sessões de trabalho com esse último grupo rebelde foram reiniciadas nesta quarta-feira, dia 6, na capital cubana, com o desafio de superar as desavenças em pontos chaves, diferenças que obrigaram a prolongar o fim das conversações, para além de 23 de março, data limite projetada.

Fonte: Prensa Latina

Tradução: Maria Helena D’Eugênio, para o Resistência

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