Opinião

Barbárie em Bruxelas choca o mundo e revela o absurdo do terrorismo e da tática belicista

22/03/2016

O atentado ocorrido nesta terça-feira (22) em Bruxelas mostra sem disfarces todo o horror do terrorismo. As notícias dão conta de que mais de 30 pessoas morreram e 200 ficaram feridas em ataques de homens bombas, que atingiram o aeroporto de Zaventem e a estação de metrô de Maalbeek. O acontecimento macabro revela também a falência da tática belicista adotada pelo imperialismo como forma de luta geopolítica.

Por Wevergton Brito Lima*

Ao povo belga, aos parentes e amigos dos mortos e feridos, chegam de todo o mundo comovidas e necessárias expressões de solidariedade e indignação, sentimento comum aos democratas de todas as latitudes.

O terrorismo é inaceitável como método de ação política nem se justifica pelo ideal que alega defender. É um ato bárbaro que atinge civis inocentes de forma indiscriminada. Além disso, a comoção popular causada por este tipo de ataque é invariavelmente manipulada pelas forças de direita para recrudescer o intervencionismo e a xenofobia.

É, portanto, justa a preocupação daqueles que neste momento temem pela sorte dos refugiados, primeiras vítimas de possíveis ataques xenófobos que tendem a aumentar com atos como o de Bruxelas.

Segundo dados da Organização Internacional para Migração (IOM, sigla em inglês) durante o ano de 2015 cerca de três mil refugiados perderam a vida, a maioria perecendo na tentativa de atravessar o Mar Mediterrâneo para chegar à Europa. Outros tantos foram vítimas fatais da fome, da falta de assistência médica, ou morreram por ataques covardes nos países em que buscavam acolhimento.

A tática da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan – braço armado do imperialismo americano e da União Europeia), da Turquia e das monarquias reacionárias árabes, de treinar e financiar mercenários e fanáticos religiosos para desestabilizar governos “inconvenientes”, resultou em uma das maiores tragédias humanitárias destes primeiros anos do século XXI e suas consequências, como mostram os fatos ocorridos em Paris e agora em Bruxelas, atingem mesmo países que há pouco tempo não viviam este tipo de ameaça.

Os refugiados que morrem diariamente, os mais de 270 mil sírios que perderam suas vidas na guerra patrocinada pelo imperialismo contra seu país, e tantos outros que pereceram nas agressões promovidas contra o Iraque, contra a Líbia, etc., têm uma coisa em comum com as vítimas de Paris e de Bruxelas: são igualmente seres humanos. Nenhum era mais ser humano do que outro e todos merecem que protestemos por suas mortes com o mesmo inconformismo. Inconformismo que nos deve levar a denunciar e a lutar contra os únicos que lucram com atentados como o de Bruxelas: grupos terroristas, países que recorrem ao terrorismo de Estado e a indústria da guerra, que serve a ambos e deles se alimenta.

* Jornalista, membro da Comissão de Política e Relações Internacionais do PCdoB

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