Eleição na França

Comunistas franceses: “Nossa escolha não é em absoluto um apoio à política de Emmanuel Macron”

26/04/2017

O secretário nacional do Partido Comunista Francês (PCF), Pierre Laurent, fez um apelo nesta terça-feira (25) a utilizar o voto em Macron para eliminar a Frente Nacional (FN). Conclamou também à união de forças da esquerda nas eleições legislativas para não lhe deixar as mãos livres.

Às vésperas de uma reunião do Conselho Nacional do partido, que tem lugar nesta quarta-feira (26), o secretário nacional do PCF convocou uma coletiva de imprensa. “O Partido Comunista faz um apelo por um único movimento para derrotar Marine Le Pen da maneira mais ampla possível no dia 7 de maio, no segundo turno da eleição presidencial, e a construir, a partir do dia seguinte, vitórias nas eleições legislativas no máximo de circunscrições para poder combater resolutamente as ecolhas liberais de Emmanuel Macron e das forças ultra-reacionárias da extrema-dierita e da direita”, anunciou Pierre Laurent.

Votar para eliminar a Frente Nacional? Sem dúvida, de acordo com o senador por Paris, que desde o domingo à noite apelou: “Nosso apelo a barrar Marine Le Pen, utilizando o único voto que infelizmente lhe será oposto, é claro e direto”, insitiu na coletiva de imprensa, declarando que leva “a sério” o risco de uma eleição da candidata da FN, “ contrariamente ao que se possa compreender aqui ou ali”.

“Juntos, a vitória é possível”

Mas os comunistas estão também exasperados pela atitude do candidato da coalizão “En marche!”, desde a noite do primeiro turno. “É irresponsável da parte de Emmanuel ­Macron, em face do perigo que ameaça, buscar fazer do voto do segundo turno uma adesão a seu programa”, afirmou Pierre Laurent, determinado a não cair nessa armadilha. “Nossa escolha não é em absoluto um apoio à política de Emmanuel Macron : nós o combatemos quando ele era ministro, nas ruas e na Assembleia Nacional, depois como candidato, nas urnas. Nós combateremos amanhã todas as suas escolhas antissociais, favoráveis à lei do dinheiro”, martelou Laurent, anunciando desde agora que seu partido estará presente “nas ruas no Primeiro de Maio, ao lado das organizações sindicais”.

Para o PCF, trata-se também de transformar o teste da eleição presidencial com o resultado obtido por Jean-Luc Mélenchon, para “abrir novas perspectivas de lutas, de conquistas e de representação política nacional”. O objetivo ? Aproveitar as eleições legislativas para não deixar a maioria parlamentar nas mãos dos liberais ­levados de carona por Macron, da direita e da extreme-direita.

Este é o sentido do “apelo” lançado durante a coletiva de imprensa por Pierre Laurent à “França Insubmissa”, cujo silêncio ele não compreende aos chamados desde domingo para uma discussão comum sobre as eleições legislativas, chamado que se estende a todas as forças de esquerda, incluindo os ecologistas e uma parte do PS.  “Se estivermos juntos, a vitória é possível em dezenas e dezenas de circunscrições. Divididos,  ganharemos apenas em um punhado. E cada circunscrição perdida será ganha pela extrema-direita, a direita ou pelos liberais de Emmanuel Macron. Não temos o direito de correr este risco”, concluiu.

Reportagem de Julia Hamlaoui, para Humanité. Tradução da redação de Resistência

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