Opinião

Condenação politizada do ex-presidente Lula agrava a ofensiva antidemocrática no Brasil

21/07/2017

Mais uma vez, as forças do golpe expõem sua mais vil faceta, a do preconceito e a perseguição, ao condenar sem evidências de crime o ex-presidente Lula, com o objetivo de impedi-lo de ser candidato à Presidência da República em 2018, uma vez que todas as pesquisas indicam suas possibilidades de vencer ainda no primeiro turno.

Por Socorro Gomes*

A condenação de Lula, sem qualquer evidência e em completa violação dos seus direitos civis, a nove anos e meio de prisão, dão a dimensão da ignomínia e do ódio com que as oligarquias teceram a trama do golpe contra o Brasil, contra os brasileiros e as brasileiras.

O Brasil está caindo em si! É imperioso para a estabilidade democrática e a pacificação da vida política brasileira que a justiça prevaleça e o legítimo direito do povo brasileiro a votar livremente no presidente de sua escolha seja respeitado, e que seja reparada esta monstruosa injustiça contra a maior liderança brasileira.

As forças solidárias têm reforçado sua denúncia do golpe de Estado no Brasil, da anulação de todas as garantias democráticas e, na mesma toada, do ataque frontal aos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, só possível devido à agressão à democracia. Não nos parece coincidência que a condenação do presidente tenha sido anunciada um dia após a aprovação de uma reforma trabalhista ultraconservadora que fez o povo brasileiro retroceder em décadas de árdua luta.

A sustentação do caos constante serve à vã tentativa de dificultar a mobilização popular.

Desta feita, o golpe parece ter atingido seu alvo, embora sua estratégia de desmantelamento de todo um legado seja contínua, com uma agenda retrógrada e servil, de retrocessos históricos, com um discurso conservador e crescentemente fascista.

Lula representa uma ruptura histórica no Brasil com um passado de miséria e subserviência ao império, rompendo com as políticas neoliberais antipatrióticas.

Milhões de brasileiros e brasileiras saíram da pobreza extrema, milhões de empregos foram criados e direitos essenciais foram assegurados nos últimos anos, num processo de aprofundamento da democracia. Ao mesmo tempo, o país investiu em setores estratégicos para o fortalecimento da sua soberania e da sua projeção internacional, com uma política externa solidária e qualificada, de integração regional, de aproximação com os povos irmãos africanos e árabes e com a promoção de importantes projetos multilaterais que desafiaram a tentativa imperialista e de suas instituições financeiras de ditar o futuro do mundo.

A condenação injusta e covarde do companheiro Lula faz parte dos objetivos centrais do golpe: eliminar politicamente a maior liderança do país e destruir um estado democrático de direito ainda incipiente e frágil para condenar Lula, campeão dos votos e da bem-querença popular.

O objetivo é impor o projeto rejeitado pelos brasileiros em todas as últimas quatro eleições presidenciais no país. Condenar Lula, tirando dos brasileiros o direito a decidir livremente quem governará o país, abre caminho para impor o projeto neocolonialista, que de outra forma seria fragorosamente rejeitado.

Este golpe não vai parar aí e seguirá buscando submeter os destinos da nação à agenda dos Estados Unidos e da nata da oligarquia financeira.

O golpe no Brasil faz parte da mesma trama em que estão a campanha de cerco à Venezuela Bolivariana. O golpe é obra urdida e executada pelo que há de mais reacionário entre as forças conservadoras, sôfregas pelo poder a qualquer custo.

Os métodos são os mesmos de outros golpes, impondo a miséria ao povo, instigando um ambiente de tensões e confronto — já factual na Venezuela e em iminência no Brasil — e em aliança estreita com os meios de comunicação conservadores, assim como com o patrocínio do imperialismo estadunidense, amplamente sabido e comprovado.

O Conselho Mundial da Paz já tem denunciado que estas são amostras de que as novas “mudanças de regime” não se fazem mais prioritariamente com tanques nas ruas, mas sim em formatos alegadamente legitimados pelo discurso falso e cínico de proteção da democracia e da segurança, ou de uma narrativa jurídica falaciosa e sem sustentação.

Por isso, as forças amantes da paz e defensoras da democracia têm se mobilizado em reforço da luta contra os golpes de Estado já perpetrados ou em preparação, denunciando o retrocesso histórico e a subserviência ao império que as forças reacionárias têm buscado impor aos povos.

Com o objetivo de fortalecer a nossa luta comum, aderindo e amplificando o chamado urgente em defesa da soberania dos nossos povos, fortalecemos uma grande mobilização conjunta contra o projeto de neocolonização já em acelerada execução pelas mesmas forças reacionárias que impõem o caos e a barbárie em nossa pátria. Os povos seguirão em pé e na luta pela democracia, pela justiça e pela soberania nacional.

*Socorro Gomes foi vereadora de Belém (PA), deputada federal do Pará (1991-2006) e delegada regional do Trabalho no Pará. Atualmente, é presidenta do Conselho Mundial da Paz

Fonte: Cebrapaz

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