Cuba

Fim do bloqueio deve ser ato unilateral dos EUA

29/03/2016
Bruno Rodríguez, chanceler de Cuba

O levantamento do bloqueio deve ser um ato unilateral dos Estados Unidos, assegurou nesta terça-feira (29) o chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez, em entrevista telefônica concedida aos meios de comunicação públicos do Equador.

Segundo explicou Rodríguez ao conglomerado formado pela Rádio Pública do Equador, Equador TV, jornal El Telégrafo e a agência de notícias Andes, o fim das sanções econômicas, financeiras e comerciais que Washington aplica contra Havana desde mais de cinco décadas, jamais poderia ser resultado de uma negociação, ou em resposta a concessões feitas pelo governo da ilha caribenha.

Cuba não bloqueia os Estados Unidos, nem aplica nenhuma medida discriminatória contra as companhias norte-americanas, nem aos turistas estadunidenses, recordou o chefe da diplomacia cubana, que alertou que apesar das recentes medidas executivas adotadas pelo presidente Barack Obama, “o bloqueio segue sendo uma realidade asfixiante”.

A respeito, assinalou que a decisão do mandatário de autorizar o uso do dólar nas transações com a ilha caribenha tem sido até agora “um mero anúncio”, pois os bancos cubanos, disse, seguem impedidos de abrir contas no país do Norte.

Posso afirmar que neste momento não há transações financeiras normais, assegurou.

Rodríguez advertiu que apesar do processo de normalização das relações bilaterais iniciado em 17 de dezembro de 2014, e cujo corolário foi a recente visita de Obama a Havana, jamais se poderá falar de relações normais enquanto os Estados Unidos seguir usurpando o território cubano de Guantánamo, ou financie programas e transmissões radiofônicas e televisivas para alterar a ordem constitucional cubana.

Também alertou que Washington mantêm intactos seus objetivos estratégicos de dominar Cuba econômica e politicamente, e citou como exemplo a abertura no campo das telecomunicações, e o apoio financeiro ao setor não estatal, que só busca, disse, construir uma oposição ao governo.

Sobre os chamados que fez o mandatário estadunidense ao povo cubano, incitando-o a esquecer a história e apenas mirar o futuro, Rodríguez realçou que Cuba está disposta a construir uma relação de diálogo e cooperação com os Estados Unidos, mas sem que isso implique em renunciar “em nem um milímetro” aos princípios da Revolução, nem a sua independência.

Os discursos podem ser agradáveis, inclusive sinceros, mas nem uma frase amável, ou um sorriso, nem um gesto de simpatia podem fazer esquecer uma história longa, complexa, que marca a vida dos cubanos, declarou o chanceler, que ressaltou que 77% dos seus compatriotas nasceu sob o bloqueio norte-americano.

Neste sentido, qualificou de extraordinariamente oportuna a reflexão publicada nesta segunda-feira (28) por Fidel Castro sobra a visita de Obama aos país socialista (leia aqui) em que o líder histórico da Revolução cubana afirma que a ilha caribenha não necessita de presentes do império.

Me parece extraordinariamente oportuna a reflexão do comandante Fidel Castro com sua extraordinária autoridade histórica, política e ética, junto ao nosso povo e, em geral, na opinião pública internacional, quando decompõe estes conceitos e reitera o que é uma firme decisão das cubanas e cubanos, afirmou Rodríguez.

Fonte: Prensa Latina

Tradução: Wevergton Brito Lima, para o Resistência

Compartilhe:

Leia também