Palestina

FPLP: Impedir que Israel assassine os grevistas

12/05/2017
Manifestação de suporte aos prisioneiros palestinos que aderiram à greve de fome nas prisões israelenses / Foto: MOHAMAD TOROKMAN - REUTERS

Em carta endereçada a partidos e forças democráticas, progressistas e revolucionárias e aos povos de todo o mundo, a Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) alerta que cumpridas que estão (mais de) três semanas de greve de fome por parte dos prisioneiros palestinianos em Israel, urge concretizar “todas as formas de pressão e todos os meios políticos legais para impedir que Israel assassine os grevistas”.

No dia 17 de abril mil e quinhentos palestinos detidos em cárceres israelenses iniciaram o jejum de protesto contra a negação, por parte do Estado sionista, de direitos básicos reconhecidos no Direito Internacional e nas convenções que o materializam. Desde então, dezenas de outros aderiram à ação convocada pelo dirigente da Fatah, Marwan Barghouti.

Os presos reclamam o acesso à assistência médica e medicamentosa e outras matérias relacionadas com as condições no cárcere; a não sujeição dos presos a tortura e outras formas de tratamento violento, cruel, degradante e desumano; o conhecimento das acusações e a sua formalização, bem como o acesso ao respectivo processo, a possibilidade de reunir com a defesa e de receber familiares, e a libertação do confinamento quando não existe queixa instruída nas instâncias judiciais.

As chamadas detenções administrativas (sem acusação formalizada, quanto mais condenação transitada em julgado) e o seu prolongamento (num regime semelhante ao que é aplicado nas ditaduras fascistas) atingem mais de 600 dos 6500 palestinos presos por Israel, calcula a FPLP. Os palestinos encarcerados há mais de 20 anos contam-se às dezenas, entre os quais o secretário-geral da FPLP, Ahmed Saadat, recorda ainda a organização.

Luta extrema

Desde o início da greve de fome, milhares de palestinos têm saído à rua na Palestina em solidariedade para com os presos e as suas reivindicações. No sábado, 6, a direção da contestação prisional apelou ao povo para que recrudesça a luta e resista à repressão das forças ocupantes israelenses. Advertiu, também, para a intenção de Israel de transferir os detidos mais debilitados para hospitais, a fim de os sujeitar a alimentação forçada. A consumar-se, a medida viola as normas internacionais sobre a matéria e a ética médica, sublinham.

Na quinta-feira, 4 de maio, Mazan al Maghrebi, de 30 anos, tornou-se na primeira vítima da política sionista no atual contexto de luta nas prisões. Maghrebi encontrava-se em casa devido a problemas de saúde desencadeados e agravados durante o período em que esteve encarcerado. Em solidariedade para com os seus ex-companheiros de confinamento cumpria a greve de fome iniciada a 17 de abril.

Entretanto, o patriarca de Antióquia e de todo o Oriente, Alexandria e Jerusalém, Gregório II, de 83 anos, aproveitando o fato de ter sido liberado pelo papa Francisco das altas funções eclesiásticas que vinha cumprindo, anunciou que começou um jejum em solidariedade para com a luta dos presos palestinos.

A Cruz Vermelha denunciou a dupla penalização dos presos e das suas famílias consubstanciada na suspensão das visitas desde o início da greve de fome, e exigiu a Tel Aviv que recue nesta decisão.

Rearrumação

A greve de fome em curso nos cárceres israelitas ocorre quando o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas, foi recebido na Casa Branca por Donald Trump. Este último colocou em causa a solução da criação de dois Estados (Israel e Palestina) nas fronteiras de 1967, com capital partilhada em Jerusalém, decorrente dos acordos de paz de Oslo, e Abbas, por seu lado, manifestou-se convicto de que “todos os problemas” com Israel se podem resolver desde que seja contemplada a arquitetura territorial acordada há 23 anos por Yasser Arafat e Ytzhak Rabin na capital norueguesa.

O Hamas desvinculou-se das declarações de Abbas considerando que este não fala em nome de todos os palestinos, designadamente quando, de acordo com a interpretação do Hamas, relega para segundo plano o direito dos palestinos aos seus territórios históricos e ao regresso do exílio forçado.

Na semana passada, antecedendo a eleição de Ismail Hanyeh (atual chefe do gabinete governante na Faixa de Gaza, onde, de resto, afirma que irá permanecer) para a liderança do movimento, em substituição de Khaled Meshaal (a viver no exílio), o Hamas declarou, pela primeira vez, que aceita a criação de dois Estados nas fronteiras de 1967 como passo transitório para a resolução do conflito árabe-israelense.

Fonte: Avante!

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