Paraguai

Frente Guasu condena violência política e pede a destituição do ministro do interior e do comandante da Polícia Nacional

03/04/2017

A Coalizão Frente Guasu, do Paraguai, divulgou, no sábado (1º/4), uma nota onde expressa sua indignação pela morte de Rodrigo Quintana, membro da juventude do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e pela invasão da sede deste partido. A Frente Guasu pede a demissão do ministro do interior e do comandante da Polícia Nacional e exige “que os responsáveis por este lamentável ocorrido sejam conhecidos e julgados, bem como seja investigada a atuação do governo de Horacio Cartes e sua política de segurança pública”.  A Frente Guasu é uma coalizão progressista, liderada pelo ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, que aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas sobre eleições presidenciais. Leia abaixo a íntegra da nota.

Lamentáveis atos de violência provocaram a morte de um jovem compatriota paraguaio

Desde a Coalizão Frente Guasu, expressamos o nosso profundo pesar e indignação e nos solidarizamos com a família do jovem Rodrigo Quintana, membro da juventude liberal, que foi assassinado na manhã de sábado, 1º de abril, numa investida violenta e ilegal à sede do PLRA[1].

Exigimos que os responsáveis por este lamentável ocorrido sejam conhecidos e julgados, bem como seja investigada a atuação do governo de Horacio Cartes e sua política de segurança pública, em todos os atos violentos que ocorreram na noite de 31 de março e durante todo o sábado, no centro da nossa cidade.

Condenamos veementemente também o abuso e violação da sede do PLRA, e consideramos que se trata de um ato extremamente grave, porque os partidos políticos são os pilares fundamentais do sistema republicano democrático.

Diante estes atos, exigimos a renúncia ou destituição do Ministro do Interior e do Comandante da Polícia Nacional.

Apelamos a todos os militantes políticos e sociais a precederem e salvaguardarem a vida e a segurança das pessoas, acima de suas agendas políticas conjunturais. Debates ou situações políticas quaisquer, jamais podem ser mais importantes do que a vida dos nossos compatriotas.

Enquanto uma organização política, reivindicamos métodos pacíficos de luta no exercício da política, neste sentido, condenamos também o vandalismo ocorrido no contexto do que deveria ter sido uma manifestação pacífica.

Clamamos por um diálogo civilizado e pacífico entre todos os setores políticos do nosso país, para que não continuemos a alimentar a retórica radicalizada que gera mais ódio e confronto entre os paraguaios.  Temos a convicção de que essas diferenças não serão resolvidas incendiando o Congresso Nacional, mas encontrando formas, através das quais, todos os cidadãos possam participar das questões centrais sobre o futuro político do nosso país.

Nos parece preocupante que no marco de uma situação de grande irritação e violência, alguns atores políticos continuem insistindo no discurso de violência, que se vem instalando no Paraguai desde há alguns meses, referente ao debate político e ao funcionamento dos órgãos legislativos. Alguns desses atores, segundo consta em publicações da imprensa, falavam em repetir uma situação de mortes e recriar o cenário de um novo “Março paraguaio”.

Nestes momentos devemos ter como prioridade o acompanhamento das investigações sobre os atos de violência, a atuação da polícia e a lastimável morte do jovem compatriota paraguaio.

Assunção, 1 de abril de 2017

Frente Guasu

[1] Partido Liberal Radical Autêntico (N.T.)

Tradução de Maria Helena D’Eugênio para o Resistência

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