Colômbia

Governo colombiano e guerrilha do ELN anunciam diálogos de paz

31/03/2016
Nicolás Rodríguez Bautista, conhecido como Gabino, líder do ELN

Foi muito bem recebido o anúncio feito na última quarta-feira (30), na capital venezuelana Caracas, de que o governo da Colômbia e o movimento guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) iniciarão no Equador conversações de paz.

O governo equatoriano, que comemorou a notícia e prometeu todo o seu apoio, já tinha manifestado em junho de 2014 sua disposição de acolher essas conversações, depois de ter sido sede dos primeiros contatos secretos entre representantes do presidente Juan Manuel Santos e do ELN.

Segundo revelou o presidente equatoriano Rafael Correa, essa aproximação ocorreu na província Imbabura, no norte, muito perto da fronteira com a Colômbia.

Há vários meses, de maneira extremamente confidencial, se realizaram no Equador conversações entre o governo colombiano e o ELN, e nós estamos dispostos facilitar, a dar todo o nosso aporte para que esses diálogos continuem, detalhou o governante equatoriano naquele momento durante uma coletiva de imprensa na cidade portuária de Guaiaquil.

Quando foi feito nesta quarta-feira (30) o anúncio em Caracas sobre as conversações entre o governo colombiano e o ELN, pelo representante do presidente Santos, Frank Pearl, e Antonio Garcia,  da guerrilha, a chancelaria  equatoriana reagiu de imediato com um comunicado em que expressou seu contentamento com as boas notícias.

Depois de reiterar seu compromisso com os esforços para pôr fim à guerra que sangra a Colômbia há mais de cinco décadas, o texto faz votos pela realização de uma paz justa e definitiva.

Desde o México, o chanceler do Equador, Guillaume Long, também comemorou que a primeira fase do diálogo se realize em seu país.

É para nós um orgulho que o Equador seja a sede do diálogo entre o governo da Colômbia e o ELN. Desejamos paz aos irmãos da Colômbia, asseverou o chefe da diplomacia equatoriana em coletiva de imprensa. Horas antes, tinha afirmado pelo Twitter que seu país apoiará em tudo o que for necessário.

Long também ressaltou que o eventual fim do conflito armado, que seria completado com o acordo que há mais de três anos as Forças Armadas revolucionárias da Colômbia – Farc e o governo negociam em Havana, trará segurança a toda a região.

O Equador, que compartilha mais de 700 quilômetros de una porosa fronteira com a Colômbia, seria um dos principais beneficiados com a cessação das hostilidades, que também custaram sangue equatoriano e uma enorme quantidade de recursos, pois o Exército do país se vê obrigado a manter entre 10 mil e 12 mil soldados para vigiar a linha limítrofe.

Ambos os governos estão se preparando para esse cenário de paz, a julgar pelas recentes declarações de seus respectivos ministros da Defesa sobre a possibilidade de criar uma força militar conjunta que operaria na zona fronteiriça para combater o narcotráfico, o crime organizado e a mineração ilegal, entre outros delitos.

Saudação de Cuba

O Ministério das Relações Exteriores de Cuba emitiu nota saudando o acordo entre o governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN), que “permitirá iniciar proximamente uma mesa pública de conversações, o que representa um importante novo passo adiante nos esforços para alcançar a paz na Colômbia”.

Na nota, a chancelaria agradece a confiança que as partes, uma vez mais, depositaram em Cuba, ao solicitar que o país caribenho atue em conjunto com outros países latino-americanos e a Noruega como garantidores e também como uma das sedes de reunião da mesa pública de conversações.

A nota finaliza assinalando que “o Ministério das Relações Exteriores reitera o firme compromisso de Cuba de continuar contribuindo com tudo o que for possível para que se alcance um acordo final entre o governo da Colômbia e o Exército de Libertação Nacional, assim como está fazendo no processo que se desenvolve em Havana com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP), para o término do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura na Colômbia”.

Prensa Latina e Granma; tradução da redação de Resistência

 

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