Opinião

Imperialismo.com

17/03/2016

A OmniCorp é a megaempresa de tecnologia robótica que produz toda a tecnologia militar dos EUA, que dominam o mundo com os seus drones. Mas há um problema, a Omnicorp quer alargar o uso de drones e máquinas de guerra ao próprio território dos EUA. Então, o seu presidente executivo (CEO) contrata um cientista e pede-lhe que crie um ciborgue, mas um ciborgue “bom”, com “rosto humano”, dedicado ao combate ao “mal”, que faça a opinião pública mudar de opinião. Nasce então o Robocop. Claro que o leitor já percebeu que estamos a falar de um filme que, juntamente com outros como o «Matrix» ou a saga do «exterminador do futuro» nos transportam para futuros longínquos onde supercomputadores controlam toda a rede de defesa dos EUA e os ciborgues são as personagens principais. Estamos, portanto, no terreno da ficção científica.

Por Ângelo Alves*

Ou então não tanto assim. No dia 4 de março, o Pentágono contratou Eric Schmidt, ex-CEO da Google, presidente do “board” da Alphabet (a empresa que detém o motor de busca Google) e ex-membro do Conselho de Administração da Apple, para presidir ao “Conselho Assessor de Inovação em Defesa” e trabalhar no “desenvolvimento rápido de protótipos, de produtos e análise de dados complexos”. Em janeiro retivemos a notícia de que o Pentágono estaria a desenvolver uma vestimenta feita de uma substância “flexível” que quando ativada se solidifica e transforma o soldado numa espécie de “iron man”. Há poucos dias veio a confirmação que o Pentágono investiu 62 milhões de dólares num projeto de implante cerebral. Um interface entre o cérebro humano e os computadores. Sim, é isso mesmo que o leitor está a pensar, soldados ciborgues, com um chip implantado no seu cérebro.

O paralelismo é curioso. Os drones já existem e são proibidos no território dos EUA; o “cientista” já foi contratado pela “Omnicorp” da atualidade (o Pentágono) e de supercomputadores e análise de dados percebe o homem; os Iron Man já existem; e os Ciborgues estão a caminho. Mas desta feita falamos da realidade, e de um Mundo em que as conquistas da ciência e da técnica, propriedade social, são subtraídas à Humanidade para serem postas ao serviço do domínio pela força e da indústria da morte. É o “imperialismo.com”, o “matrix” de um sistema, em crise, decadente e muito perigoso – o capitalismo.

* Membro da Comissão Política do Comitê Central do Partido Comunista Português (PCP)

Fonte: Avante!

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