Geopolítica

Na internet, Estados Unidos retomam políticas fracassadas em relação a Cuba

29/01/2018

A criação de uma “Task Force na Internet” contra Cuba segue o caminho de outros programas subversivos como ZunZuneo, Piramideo e Commotion.

Se a administração do presidente Donald Trump pretender lançar mão das novas tecnologias para impor mudanças na ordem interna de Cuba, escolheu estradas muito antigas que já demonstraram sua ineficácia e falta de operacionalidade, sem mencionar o fato óbvio de que violam as leis do país afetado e, inclusive, as dos Estados Unidos.

A criação de uma Força-Tarefa na Internet contra Cuba, anunciada em 23 de janeiro pelo Departamento de Estado, abre as portas para o retorno a uma política de Guerra Fria, já fracassada, que ambos os países tentaram vencer a partir de 17 de dezembro de 2014.

É a continuação do discurso equivocado e mal aconselhado do presidente em Miami, no dia 16 de junho do ano passado, quando se encontrou com uma seleção da extrema direita da origem cubana para anunciar com grande fanfarra sua mudança de política em relação a Cuba, que em poucas palavras podem ser resumidas como mais bloqueio econômico e menos viagens entre os dois países.

O terreno escolhido para a nova agressão, a Internet, demonstra claramente quais são os verdadeiros objetivos de Washington quando exige “acesso livre” à rede de redes nos países que se opõem a ele, enquanto no seu território mantém um sistema de rastreamento e acumulação de dados sobre o que os cidadãos fazem na web.

Da mesma forma, no início de janeiro, o Congresso dos Estados Unidos avançou um projeto de lei para remover as poucas restrições que existiam para a espionagem internacional, o mesmo que foi evidente após as fugas do antigo empregado contratado da NSA, Edward Snowden.

Da chamada “Primavera árabe”, já esquecida, até planos mais recentes, como a promoção de protestos no Irã e o apoio a setores violentos na Venezuela, Washington mostra um padrão claro de uso das redes sociais e da Internet com objetivos geopolíticos e de dominação.

Tudo faz parte de uma doutrina da guerra não convencional destinada a desestabilizar as nações, sem o uso direto das forças militares, que ganhou impulso pós as falhas nos conflitos no Iraque e no Afeganistão.

A ativação da nova “Força-Tarefa” também mostra que não há falta de liquidez, em um governo paralisado sem fundos, quando se trata de financiar projetos subversivos contra Cuba. Também não deixam de ter lugares de onde tirar o dinheiro, apesar de que o orçamento apresentado pelo presidente Trump ao Congresso, para 2018, elimina a quantia tradicional e pública de 20 milhões de dólares por ano aprovada há várias décadas para agressões.

A facilidade para criar novas organizações, com funcionários “governamentais e não governamentais”, também contrasta com a drástica redução do pessoal diplomático de Washington em Havana, o que significou a suspensão da emissão de vistos e um impacto direto nos serviços que receberam os cubanos e seus familiares nos Estados Unidos.

Os novos planos de Trump não são uma surpresa para Cuba, que tem mais de meio século de experiência em enfrentar programas de agressão de todos os tipos.

Projetos recentes como ZunZuneo, Piramideo, Commotion e outros se depararam com a capacidade das autoridades cubanas de detectá-los e a unidade de sua população diante da agressão.

Estes programas também chegam em um momento em que são tomadas medidas claras para a informatização da sociedade, com uma visão que prioriza o acesso social e busca proteger a soberania do país, apesar das limitações econômicas.

Após a abertura de mais de 500 pontos em toda a Ilha para acesso público à Internet, sem restrições, além das impostas pelo bloqueio e por motivos da Segurança Nacional, o país se prepara para a entrada em serviço da Internet em telefones celulares — com mais de quatro milhões deles ativados na rede — e a extensão da conexão a partir dos lares.

Se o que pretende a administração Trump é garantir exclusivamente o acesso dos cubanos à Internet, bem poderia eliminar as restrições do bloqueio que impedem a compra de tecnologia avançada neste setor ou oferecer facilidades para sua aquisição.

Pode ser mais barato do que uma “Força-Tarefa” que, desde o início, está condenada ao fracasso.

Projetos subversivos contra Cuba focados nas novas tecnologias

– ZunZuneo: Financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), seu objetivo era lançar uma rede de mensagens que poderia chegar a centenas de milhares de cubanos usando “conteúdo incontestado”: notícias de futebol, música, notícias do clima e publicidade. Quando tivessem atingido seu objetivo, enviariam mensagens com conteúdo político para encorajar os cubanos a criar convocatórias em rede e reuniões em massa para desestabilizar o país.

– Piramideo: semelhante ao ZunZuneo, deste programa foi responsável o Escritório de Transmissões a Cuba (OCB), ao qual a Rádio e a TV Martí estão subordinadas. Promoveu a criação de uma rede de “amigos”, oferecendo-lhes a possibilidade de uma pessoa enviar aos membros de sua “pirâmide” um SMS em massa pelo valor de uma única mensagem. O objetivo final era ter uma plataforma de subversão.

– Conmoção: foi uma ferramenta desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia Aberta (OTI), da New America Foundation, com sede em Washington, originalmente para uso militar, que consiste na criação de redes sem fio independentes. Embora a sua entrada em operação em Cuba não seja conhecida, fontes do governo dos Estados Unidos asseguraram ao New York Times que milhões de dólares foram dedicados a esse fim.

– Operação Surf: revelada pelo agente Raúl, da Segurança do Estado, Dalexi González Madruga. Este programa consistiu na entrada de equipamentos e softwares para a instalação de antenas ilegais para acesso ilegal à Internet.

Fonte: Granma

 

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