Opinião

Ofensiva imperialista, solidariedade aos povos e luta pela paz

30/12/2017

O ano de 2017 foi subsequente ao do golpe de Estado no Brasil. Em tão pouco tempo se iniciou o desmonte do Estado nacional e a demolição de toda a legislação de proteção dos direitos dos trabalhadores e dos direitos humanos em geral, levando o país a uma profunda crise econômica e política, na medida em que os pilares da nossa tenra democracia ainda continuam a ser demolidos, colocando o país na incerteza sobre o que se passará no próximo ano de 2018.

Por Antônio Barreto*

Foi em 2017 também que tomou posse um protofascista nos Estados Unidos, Donald Trump, que à frente da maior potência militar do planeta tem ameaçado os povos com guerras, inclusive brandindo seu imenso arsenal atômico.

Em novembro de 2016, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) realizou, no Maranhão, sua 4ª Assembleia Nacional, quando me foi confiado o desafio de presidir esta entidade. Com apenas quatro anos de existência, fundado em 2004, o Cebrapaz já tinha a sua presidenta, a companheira Socorro Gomes, sendo eleita também presidenta do Conselho Mundial da Paz (CMP), na Assembleia de Caracas, em 2008, reeleita em 2012 em Catmandu, Nepal e mais uma vez reeleita em 2016, na Assembleia realizada em São Luís, Maranhão — naquele momento transformada em Capital Mundial da Paz.

Na ocasião, já tínhamos a compreensão de que estava em curso uma nova escalada da militarização no mundo. Os Estados Unidos fortaleceram os vínculos belicistas com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e seus aliados no Oriente Médio e iniciaram também o deslocamento de armas e tropas para as fronteiras da Rússia. Puseram ainda em prática um intenso processo de militarização na Ásia, deslocando armamento estratégico para a Coreia do Sul e Japão, sob o falso pretexto de ameaça da Coreia do Norte, mas cujo objetivo é dispor de um poderio militar sem precedentes na região, com vistas a um conflito futuro com a China. O sistema imperialista – cujas economias principais enfrentam grandes dificuldades desde 2008 – parece buscar na guerra uma solução para manter o seu poder hegemônico. A vida vem confirmando este prognóstico, e as atitudes belicosas do presidente Donald Trump revelam claramente a extensão do perigo que ameaça a paz mundial.

O Cebrapaz vem cumprindo o seu papel e, apesar das dificuldades estruturais, tem participado ativamente das principais lutas pela paz mundial e de solidariedade com os povos agredidos e ameaçados pelo imperialismo e seus aliados em todos os continentes.

No nosso país, o Cebrapaz foi uma das organizações fundadoras da Frente Brasil Popular (FBP), que reúne centenas de entidades do movimento sindical e social brasileiro, participamos do coletivo nacional e dos coletivos estaduais da FBP, instrumento unitário de luta contra o governo golpista e pela restauração da democracia no nosso país.

O golpe de Estado no Brasil levou os setores conservadores a uma reaproximação submissa com os Estados Unidos visando ao desmonte da nossa economia, entrega de nossas reservas petrolíferas, da Base de Alcântara, e a desarticulação e enfraquecimento dos instrumentos de integração soberana da América Latina e do Caribe, com foco imediato na derrocada do governo da República Bolivariana da Venezuela, que com a organização e luta do seu povo e a solidariedade internacional, vem se recuperando da ofensiva imperialista.

Durante todo o ano de 2017, o ano que se iniciou sem a presença física do Comandante Fidel Castro, eterno líder da causa da paz, da justiça e da solidariedade entre os povos, o Cebrapaz foi uma das entidades fundadoras do Comitê Brasileiro Pela Paz na Venezuela, que vem impulsionando desde então as ações de solidariedade ao povo venezuelano, realizou dezenas de atividades em todos os estados, em solidariedade aos povos em luta contra o imperialismo e desenvolveu uma campanha permanente pela paz mundial, contra as guerras e intervenções imperialistas em todo o mundo.

Assim, foi a luta contra o bloqueio a Cuba e pela devolução do território de Guantánamo ocupado ilegalmente pelos Estados Unidos, a denúncia da intervenção na Síria, a campanha pelo fim das bases militares estrangeiras e pelo fim da Otan, com participação no V Seminário Pelo Fim das Bases Militares e devolução de Guantánamo à Cuba, na cidade de Guantánamo, e o ato internacional em Bruxelas pelo fim da Otan, a solidariedade ao povo palestino pelo direito ao seu Estado soberano e independente, ao povo saarauí pelo fim da ocupação do Marrocos sobre seu território — tendo o Cebrapaz ido até os campos de refugiados do Saara Ocidental –, aos acordos de paz entre as Farc e o governo colombiano, o acompanhamento permanente das provocações do imperialismo estadunidense contra a República Popular Democrática da Coreia e a denúncia das ameaças de guerra contra o povo coreano.

Nos dias 23 a 25 de novembro deste ano, o Cebrapaz participou, com três membros, da reunião do Comitê Executivo do Conselho Mundial da Paz (CMP), em Hanói, capital do Vietnã. Foram três dias de intenso trabalho, que culminou com a aprovação de uma contundente resolução de denúncia do imperialismo e de seus aliados e um chamamento à humanidade pela paz e a solidariedade aos que se encontram sob o tacão imperialista, lutando por independência, soberania e desenvolvimento.

No mês de março próximo, de 13 a 17, acontecerá o Fórum Social Mundial, em Salvador – Bahia, evento que o Cebrapaz também ajuda a organizar, compondo o coletivo nacional do FSM e já está se preparando para desenvolver intensa atividade pela paz mundial e de solidariedade aos povos, com quatro grandes atividades já agendadas, além de distribuição da Revista da entidade e outros materiais sobre a temática da paz e da solidariedade.

2018 será um ano de grandes desafios para nós brasileiros. O Cebrapaz continuará na luta em defesa da democracia e da garantia das eleições gerais no país e envidará esforços para a criação de novos núcleos da entidade nos estados onde ainda não estamos estruturados, para reforçar a nossa bandeira em defesa da paz mundial e continuar organizando atividades e participando de todos os eventos no Brasil e no exterior, contra o imperialismo e suas ameaças aos povos, em solidariedade aos povos da Palestina, Cuba, Saara Ocidental, Iêmen, Venezuela, República Árabe da Síria, República Popular Democrática da Coreia. Também fará parte da nossa atividade militante a exigência do cumprimento integral, pelo governo colombiano, do acordo de paz firmado com as Farc e a denúncia da espoliação dos povos africanos pelo imperialismo e seus aliados na Europa.

*Antônio Barreto é presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz).

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