Mundo

Os ataques terroristas em Bruxelas: entre a raiva e a resiliência

28/03/2016

Na terça-feira, 22 de março, o terror cego do Estado Islâmico chocou Bruxelas, e muito além. Dois atentados terroristas, um no Aeroporto de Bruxelas e outro na estação de metrô de Maelbeek, próximo aos edifícios da UE, causaram, ao menos, 31 mortos e 250 feridos, muitos deles gravemente. Manipuladores de bagagem no aeroporto, pessoal de treinamento do metrô, viajantes e passageiros, pessoas comuns de todas as esferas da vida, indivíduos de diferentes nacionalidades, convicções e origens estão entre as vítimas.

“Suas vidas foram levadas por fanáticos bárbaros”, disse Peter Mertens, Presidente do PTB – Partido do Trabalho da Bélgica, em uma primeira reação. “Não há justificativas de qualquer natureza para estes atos covardes de terror, destinados a destruir a vida da nossa comunidade. Os terroristas do Estado Islâmico querem impor sua visão de mundo de ódio mútuo, aumentando a divisão, a militarização e ensejando novas guerras. Mas, não terão sucesso, porque a solidariedade e a resistência estarão em seus caminhos. Como, no caso comovente de Alphonse Youla, negro, que trabalha com as bagagens no aeroporto de Bruxelas e ajudou seis ou sete pessoas a escaparem do pesadelo. Assim como as milhares de mensagens nas mídias sociais com a hashtag #Iwanttohelp: (desejo ajudar) as pessoas oferecendo um local para ficar fora de Bruxelas, um lugar para passar a noite ou a doação de sangue. No mesmo dia dos ataques, centenas de pessoas espontaneamente reuniram-se no Bolsão Central (Central Bourse Place) em Bruxelas, onde o grande cantor iraquiano Hossein cantou uma canção de esperança.”

Dirk De Block, o Presidente do PTB de Bruxelas e Youssef Handichi, membro do Parlamento do PTB, ex-motorista de ônibus e sindicalista, imediatamente publicou no twitter: “Não vamos deixar esses covardes destruírem o que construímos juntos”, expressando assim um sentimento amplamente difundido entre a população. Em Bruxelas e em muitas outras cidades em toda a Bélgica, estão sendo realizadas várias vigílias, passeatas e assembleias em solidariedade às vítimas e seus familiares, com a participação ativa do PTB.

Mas hoje temos também de fazer muitas perguntas e as respostas deverão ser fornecidas. Desde os ataques de Paris, em novembro passado, as pessoas em Bruxelas tiveram que conviver com militares fortemente armados nas ruas. Agora, chegaram à conclusão de que o policiamento certamente não ajudou a evitar os ataques terroristas. As autoridades culpam comunidades inteiras como focos de terrorismo, declarando que precisamos de uma profunda “limpeza”, colocando, assim, os direitos democráticos dos seus habitantes em risco, em vez de usar medidas específicas e seletivas que visem precisamente os terroristas e suas redes. Outras questões vêm à tona com ainda mais força do que antes dos ataques de Bruxelas. Como combater o racismo, a exclusão, a discriminação e a desigualdade, ao mesmo tempo estimular e reforçar a unidade e a resistência dos povos contra as medidas de austeridade dos governos? Como promover uma paz justa e duradoura no Oriente Médio e, em particular, na Síria, por meio do diálogo e das negociações com todos os atores locais e regionais envolvidos, em vez de decidir pela opção militar, com mais bombardeios e destruição? Como combater, de forma eficiente, a ideologia ultrarreacionária, se não assumindo o apoio financeiro e logístico que todos os aliados da Otan continuam a fornecer aos terroristas, via Arábia Saudita, os Estados do Golfo e a Turquia? Em médio prazo, somente atacando as causas profundas seremos capazes de efetivamente lutar contra o terror e a guerra, o ódio e a divisão, o racismo e a exclusão.

Fonte: Serviço de Imprensa do Partido do Trabalho da Bélgica

Tradução: Maria Helena D’Eugênio, para o Resistência

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