América Latina

Os movimentos populares têm pela frente uma batalha desigual

09/03/2017
Foto: Marcelino VÁZQUEZ HERNÁNDEZ

A direita conta com 80% da audiência televisiva e radiofônica mundial, e a imprensa está nas mãos de seis grandes conglomerados multimidiáticos, é uma batalha tremendamente desigual para os movimentos populares, afirmou o intelectual argentino Atilio Borón.

Por Miguel Fernández Martínez, para Prensa Latina

A Prensa Latina manteve uma conversação exclusiva com Borón, durante uma das sessões do recém concluído XV Encontro da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade, realizado em Caracas nos dias 6 e 7 de março,  com a participação de mais de 50 representantes dos movimentos sociais e organizações populares da América Latina.

Para o cientista político latino-americano, a desvantagem que os movimentos populares de esquerda têm agora, “de alguma maneira foi  facilitada pelo fato de que, até agora, não conseguimos desenvolver a consciência da importância de travar essa luta”.

Teremos de verificar – comentou Borón à Prensa Latina – como implementar algumas táticas. Primeiro, uma estratégia defensiva, e depois passar para uma estratégia contraofensiva, mas antes temos de defender nossas posições, e estamos atrasados nisso, não fizemos o suficiente.

Por essa razão, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, convocou este encontro e por isso estamos aqui, algo que nos permitiu trabalhar juntos, traçar diagnósticos comuns e creio que, a partir de agora, haverá uma diretriz muito mais eficiente para a ação neste grande embate, frisou.

Explicou ainda que, como resultado desta XV Encontro da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade, “teremos um plano de ação e, se vamos colocá-lo em prática, não digo que vamos vencer o poder da mídia, mas, sim, teremos condições ao menos de nos defender e, eventualmente, começar a contra-atacar.”

Ao referir-se aos paradigmas dos movimentos sociais hoje na América Latina, citou as figuras do revolucionário cubano Fidel Castro, falecido em 25 de novembro último, e do líder venezuelano, Hugo Chávez, cujo quarto aniversário de falecimento foi relembrado aqui.

“Após a morte de Fidel, sempre digo, que ele deixou uma herança tão fenomenal que o sinto presente, conosco, aqui em cada deliberação, assim como Chávez. São pessoas que deixaram uma marca tão profunda no nosso tempo e na nossa história, que o fato de estarem mortos, não significa que estejam ausentes. Isso é tremendamente significativo”.

“É quase uma ironia”, enfatizou Borón, “Fidel morto, demonstrou ter uma enorme capacidade de mobilizar … porque esse é o milagre de Fidel, ele está vivo, porque ainda hoje a sua memória, seus ensinamentos e especialmente seu legado são tão poderosos que continuam a impulsionar esses projetos”.

“Fidel não se foi, Chávez não nos deixou, estão aqui, e vamos seguir lutando e refletindo-nos em seus grandes exemplos “, concluiu o sociólogo argentino.

Fonte: Prensa Latina

Tradução: Maria Helena D’Eugênio, para o Resistência

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