Mercosul

Partido Comunista Uruguaio condena decisão de afastar Venezuela da presidência do Mercosul e critica postura do seu país

14/09/2016

Nesta terça-feira (13), foi divulgada uma resolução informando que a Presidência do Mercosul não será exercida pela Venezuela e que os quatro países fundadores da organização irão exercer em conjunto sua liderança até o fim do ano. A resolução foi aprovada por Brasil, Paraguai e Argentina, enquanto o Uruguai se absteve da decisão.

Diante disso, o Partido Comunista do Uruguai (PCU) – integrante da Frente Ampla, coalização que governa o Uruguai – emitiu, nesta quarta-feira (14) uma nota política assinada por sua Comissão Executiva Nacional, atacando duramente esta decisão e criticando a posição do governo do seu país: “o PCU rejeita a resolução aprovada e discorda da decisão do nosso governo de abster-se. Esta nova manifestação da grave crise institucional e política do Mercosul, não é um fato isolado, nem pode ser analisado como tal. É parte da contraofensiva do imperialismo e das direitas para assegurar o alinhamento do continente com o ajuste global em marcha. Uma das manifestações concretas dessa contraofensiva é a decisão de desmontar os instrumentos de integração e unidade continental construídos na última década, espaços inéditos de autonomia política e econômica”.

Para os comunistas uruguaios, a ofensiva contra a Venezuela, desencadeada por Argentina, Brasil e Paraguai, tem o duplo objetivo “de isolar a Venezuela e aprofundar a crise política neste país e ao mesmo tempo fazer retroceder o Mercosul a uma concepção de um espaço meramente comercial, conveniente a uma inserção internacional subordinada aos EUA”.

O PCU lembra que liderando o ataque à Venezuela estão “o governo da oligarquia argentina, representado por Maurício Macri, o governo golpista da oligarquia brasileira, carente de todo o respaldo popular, envolvido em uma crise política e econômica enorme, e o governo, também surgido a partir de um golpe de Estado, da oligarquia paraguaia”.

O documento denuncia que “o processo de adoção desta última decisão violentou toda a institucionalidade do Mercosul, fazendo atuar um inexistente ‘Grupo de fundadores’, à margem de todas as instâncias formais e violando todos os procedimentos previstos no bloco”. E concluí:

“Nosso governo não avalizou a intenção de expulsar a Venezuela, nem de impedir que assumisse a presidência, nem se prestou às manobras mais grosseiras de provocação, encabeçadas pelo Paraguai e o governo golpista brasileiro. Isso é certo e temos apoiado publicamente esta atitude”.

“Mas esta linha de conduta fica em questão ao se decidir, nesta oportunidade, abster-se. É claro que isso não é o mesmo que votar a favor, e em questões de Estado e relações entre Estados os matizes não são irrelevantes, e tampouco o são para nós, mas em termos práticos essa decisão implica contribuir para que uma forma de proceder que viola todas as instâncias do Mercosul, com consequências graves, se consolide”.

“O programa da Frente Ampla é meridianamente claro em torno da defesa da integração regional como uma necessidade do presente, e também, da perspectiva estratégica. Somos conscientes que é necessária uma tática política e diplomática de alta complexidade nesta situação mundial e nesta nova correlação de forças regional. Mas estamos convencidos, como mostra dramaticamente o Brasil, que não é cedendo às pressões e chantagens, que existem e são muito fortes, que defenderemos as conquistas alcançadas e uma perspectiva histórica de democracia e justiça social para nossos povos. Por tudo isso, fazemos pública nossa postura e impulsionaremos em todos os âmbitos, Governo, Frente Ampla e organizações populares, iniciativas políticas para reverter esta situação”.

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