Opinião

Patricio Montesinos: Celac deve confirmar Nossa América como Zona de Paz

28/04/2017
A 2ª Cúpula da Celac, em Cuba, aprovou em 2014 a Declaração da AL como Zona de Paz

Quando no próximo dia 2 de maio os chanceleres da  Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) se reunirem em El Salvador, por solicitação da Venezuela, deverão ratificar a Declaração que assinaram na 2ª Cúpula de Havana, de que Nossa América é e deve continuar sendo, como condição indispensável para seu destino, uma Zona de Paz.

Por Patricio Montesinos* em Cubadebate

Somente a distensão, através do diálogo e da concertação, poderá silenciar os tambores de violência que a direita faz soar na Venezuela, assim como no  mundo aqueles que apostam em uma perigosa guerra devastadora para a humanidade.

Os 33 países latino-americanos e caribenhos membros da Celac, todos subscritores em 2014 da Declaração da Pátria Grande como Zona de Paz, têm a responsabilidade de frear no encontro extraordinário de El Salvador a escalada terrorista que se impõe atualmente à Revolução Bolivariana liderada pelo presidente Nicolás Maduro, eleito democraticamente por seu povo.

O uso da força e a violação das regras democráticas  por parte de setores ultraconservadores podem pôr em perigo a estabilidade alcançada na região, e de fato podem ser criados cenários de conflitos entre as nações desde o sul do Rio Bravo até a Patagônia.

Estimular as confrontações, como as que temos presenciado em vários países, figura no plano dos Estados Unidos, empenhados em fraturar novamente Nossa América com o propósito de fazer prevalecer seu velho preceito de dividir para vencer.

Washington não esconde sua intenção de recuperar o  terreno perdido e voltar a fazer da Pátria Grande o seu quintal, desde que deixou de ser com o ascenso ao poder por meio das urnas de vários governos progressistas e anti-imperialistas nesta parte do planeta terra.

Interromper esses processos democráticos e populares de qualquer maneira, inclusive com golpes de Estado, e instaurar regimes neoliberais, como ocorreu no Brasil, na Argentina, no Paraguai e em Honduras, são “tarefas de choque” para a Casa Branca e o Pentágono.

Washington quer fazer o mesmo na Venezuela, no  Equador, na Bolívia, Nicarágua e em El Salvador, e para isso financia as direitas nacionais violentas, além de utilizar a moribunda e ingerencista Organização dos Estados Americanos (OEA) como instrumento de pressão sobre essas nações.

A OEA e seu secretário geral, o uruguaio Luís Almagro, são os principais peões com que contam os Estados Unidos para materializar sua pretensão de  derrocar a Revolução Bolivariana, a pedra que consideram essencial derrubar em sua estratégia de criar um efeito dominó conservador, e assim reapropiar-se dos significativos recursos petroleiros venezuelanos.

Essa organização continental, bem batizada por Cuba como “o ministério ianque das colônias”, sempre dividiu e confrontou a Pátria Grande em benefício dos interesses imperiais de Washington, que a financia e domina desde sua fundação.

Pelo contrário, a Celac é um mecanismo de concertação política regional que defende preservar a unidade em meio à diversidade, em favor da paz, da solidariedade e da cooperação.

Cabe então aos representantes da Celac que participarão da reunião em El Salvador contribuir com todos os seus esforços, e através do diálogo, para que a Venezuela viva em paz, como deve ocorrer em toda a Nossa América, para que cessem as ingerências em seus assuntos internos e se respeite assim sua soberania e independência.

*Jornalista espanhol residente em La Paz, Bolívia. É correspondente de Cubadebate. Tradução da redação de Resistência

Compartilhe: