Cuba

Raúl Castro diz em Congresso do Partido Comunista que a política externa cubana se manterá fiel aos princípios

17/04/2016

O primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba, o general de exército Raúl Castro Ruz, ratificou neste sábado (16), durante o 7º Congresso do Partido que a política externa cubana se manterá fiel aos princípios que a Revolução tem defendido historicamente.

Sobre as relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos, disse que devem desenvolver-se sobre a base da igualdade soberana, a não ingerência nos assuntos internos e o respeito absoluto à independência de Cuba.

Desde o dia 17 de dezembro de 2014, foram constatados resultados no diálogo e na cooperação, contudo o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto há mais de meio século continua vigente, disse Raúl Castro, que ao mesmo tempo reconheceu a posição de Obama e outras autoridades do governo estadunidense contrária ao bloqueio e os chamados ao Congresso para que o levante.

Para avançar, é necessário eliminar essa política que provoca privações à população e constitui o principal obstáculo ao desenvolvimento econômico do país, devolver o território da base naval de Guantânamo, assim como eliminar os programas que pretendem subverter o sistema político cubano.

Temos a intenção de construir uma nova relação com os Estados Unidos, como nunca existiu antes, o que pode resultar em benefícios mútuos.

É preciso reiterar que não se deve pretender que para obtê-los Cuba renuncie aos princípios da Revolução nem realize concessões quanto à sua soberania e independência, ceda na defesa de seus ideais nem tampouco no exercício de sua política externa, comprometida com as causas justas, a defesa da autodeterminação dos povos e o apoio aos países irmãos.

Raúl Castro defendeu que nesse caminho é necessário concentrar-se no que aproxima ambos os países e não no que os separa, promovendo o benefício de ambos.

Analisando o conjunto da situação na região da América Latina e Caribe, o dirigente cubano disse que se encontra sob os efeitos de uma forte contraofensiva imperialista e oligárquica que atinge os governos revolucionários e progressistas. E considerou que esta política se volta principalmente contra a Venezuela e se intensificou nos últimos meses na Bolívia, no Equador, no Brasil, na Nicarágua e em El Salvador.

Diante da contraofensiva oligárquica que a América Latina enfrenta, reafirmou o apoio decisivo aos governos revolucionários e programas encabeçados por líderes prestigiosos, e ratificou à Revolução bolivariana e chavista, ao presidente Maduro e seu governo e à união cívico-militar a solidariedade e o compromisso, assim como a rejeição às pretensões de isolar a Venezuela.

O dirigente do Partido Comunista acrescentou que Cuba continuará estimulando o processo de paz na Colômbia, assim como confirma seu tradicional apoio à Argentina na recuperação da soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul. Reafirmou a solidariedade do país antilhano para com a independência de Porto Rico, e sua defesa, atualmente desde a presidência da Associação dos Estados do Caribe, pela plena integração regional.

Em outro momento de seu pronunciamento, Raúl Castro criticou a expansão da Otan rumo à fronteira com a Rússia, que provocou graves perigos à estabilidade da paz e que se agrava com as sanções unilaterais emitidas contra esse país.

Raúl Castro referiu-se à confiança de Cuba na capacidade do governo e do povo sírios para resolver o conflito ali criado.

Quanto às migrações para a Europa, Raúl Castro disse que os que migram escapam de guerras, da violência e de outros flagelos.

Cuba condena também a ocupação por Israel de territórios palestinos e outros países árabes, e se preocupa com a complexa situação internacional agravada pela crise sistêmica e a tendência recessiva das principais economias, que evidencia a necessidade de construir uma nova arquitetura financeira. Enquanto isso não ocorre, Cuba se comprometerá com o alcance dos objetivos aprovados pela ONU na nova Agenda de Desenvolvimento Sustentável.

O dirigente expressou também a solidariedade do povo cubano à república Árabe Saarauí Democrática.

Um dos temas realçados foi a próxima assinatura do Acordo de Diálogo Político entre Cuba e a União Europeia, o qual contribuirá para gerar um clima propício para uma relação mutuamente vantajosa. A isso se unem os acordos com o Grupo ad hoc do Clube de Paris.

O primeiro secretário do Partido Comunista Cubano também destacou acontecimentos transcendentais na política externa da Ilha acontecidos durante os últimos anos, como as visitas do Papa Francisco e seu encontro com o Patriarca Cirilo, entre outros.

Por outro lado, Raúl Castro assinalou que a cooperação cubana com o mundo continuará baseada no princípio não de dar o que sobra, mas de compartilhar o que tem.

Prova disso foi a luta dos médicos cubanos contra o Ebola, que mereceu reconhecimento mundial, acrescentou.

As complexidades do mundo em que vivemos; as ações para introduzir uma plataforma de pensamento neoliberal apoiada por estratégias de subversão que atentam contra a própria essência da Revolução, a história e valores nelas forjada; a inegável existência de problemas acumulados na sociedade, ao que se soma o próprio processo de implementação e dos novos cenários de restabelecimento de relações entre Cuba e os Estados Unidos, são fatos que impõem elevados desafios ao trabalho ideológico.

Esses programas se voltam para os setores que o inimigo identifica como os mais vulneráveis e envolve jovens, intelectuais, trabalhadores associados às formas não estatais de gestão, e as comunidades com maiores dificuldades materiais e econômicas, pelo que se deve salvaguardar no povo a memória histórica da nação e aperfeiçoar o trabalho ideológico diferenciado com ênfase para a juventude e a infância, acrescentou.

O melhor antídoto contra as políticas de subversão é trabalhar integralmente e sem improvisação, melhorar a qualidade dos serviços à população, reformar o conhecimento da história, a defesa da identidade e da cultura nacional, enaltecer o orgulho de ser cubano e propiciar um ambiente de legalidade, disse.

“Temos diante de nós intensas jornadas de trabalho neste Congresso, convencidos de que será um evento intenso e frutífero, do qual emanem as principais diretivas para a construção de uma nação soberana, independente, socialista, próspera e sustentável”, concluiu.

Fonte: Granma e Prensa Latina

 

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