Síria

Síria e Hezbolá denunciam apoiadores do terrorismo; ONU busca cessar-fogo

03/05/2016

Está claro para o mundo que o terrorismo contra a Síria é apoiado hoje por regimes árabes e ocidentais, reiterou em Damasco nesta terça-feira (3) o ministro da Informação, Omran al Zoabi.

Nesta guerra imposta defendemos não só nosso país, mas o mundo inteiro porque o terrorismo não conhece fronteiras, disse Zoabi em um encontro com uma delegação da Frente Europeia de Solidariedade com a Síria.

O ministro indicou que o chamado projeto “caos criativo” promovido pelos Estados Unidos não será alcançado sem a divisão e a desintegração da Síria, algo no qual a Arábia Saudita e a Turquia desempenham papel crucial.

O maior respaldo à nossa nação por parte daqueles que nos visitam é transmitir a realidade do que ocorre aqui e informar-se da perigosa atuação dos terroristas e seus promotores, indicou.

Igualmente, reafirmou que o governo está disposto a cooperar e contatar qualquer delegação estrangeira e nesse sentido explicou que em 2015 mais de 800 missões desse tipo chegaram ao país.

Massacre em Alepo

Por seu turno, o Movimento de Resistência Libanês Hezbolá responsabilizou a Arábia Saudita de agravar o conflito na Síria e de ajudar terroristas que causam matanças de civis na cidade de Alepo.

Uma nota de imprensa do Hezbolá difundida em Beirute sublinhou a acusação de que Riad atiça conflitos armados e disputas políticas e entre seitas religiosas no Iêmen, Iraque e na Síria, “enquanto Israel senta-se confortavelmente”.

O comunicado citou declarações do segundo chefe do movimento, o xeique Nabil Qaouq, que afirmou que Riad continua sendo o principal financiador e promotor dos grupos takfiristas (terroristas islámicos sunitas) vinculados à rede Al-Qaeda, em alusão à Frente Al-Nusra e ao chamado Estado Islâmico (EI).

“O regime saudita é o principal responsável pelas atuais matanças sangrentas que ocorrem em Alepo”, enfatizou Qaouq ao asseverar que essa monarquia financiou e armou todos os ramos da Al-Qaeda e outros grupos fundamentalistas sunitas.

Segundo o dirigente, “a Arábia Saudita não deseja a paz na Síria, mas manter-se atiçando disputas” como parte de um projeto no qual o Hezbolá inclui os Estados Unidos e o regime sionista de Israel para alterar a realidade política e confessional do Oriente Médio.

“Não é segredo que o ramo da Al-Qaeda na Síria, a organização Al Nusra, é armada com arsenal saudita que não foi parar no exército libanês, mas chegou às mãos dos takrifistas”, insistiu em referência a um pacote de ajuda militar cancelado meses atrás por Riad.

A monarquia Al-Saud anunciou em fevereiro a suspensão de um acordo mediante o qual forneceria armamento e equipamentos de fabricação francesa ao exército e às forças de segurança libanesas pelo valor de três bilhões de dólares, em protesto pela posição de Beirute favorável ao Irã.

A monarquia saudita alegou que o governo do Líbano estava subordinado à vontade do Hezbolá depois que o chanceler Gebran Bassil se absteve de condenar o Irã em foros árabes e islâmicos pelos incidentes com as missões diplomáticas sauditas na nação persa, no início do ano.

Como outro argumento para cancelar a ajuda, também citou as posturas críticas do Hezbolá à intervenção saudita nos conflitos do Iêmen, da Síria e outros conflitos regionais, o que levou Riad e seus sócios do Conselho de Cooperação do Golfo a catalogar o Hezbolá como terrorista.

Qaouq acrescentou que Israel teme o Hezbolá, mas não a Frente Al-Nusra ou o EI, que estão nas suas fronteiras nas Colinas de Golã, usurpadas da Síria, enquanto a Arábia Saudita não mostra preocupação com as armas israelenses nem por sua ocupação e agressão, mas “teme a derrota dos takfiristas na Síria”.

“Nunca chegará o dia em que o Líbano estará atado às intenções da Arábia Saudita, tampouco a Síria cairá nas mãos dos bandos takfiristas. Continuaremos perseguindo esses grupos porque é assim que serviremos à nossa nação”, destacou o dirigente do Hezbolá.

O clérigo e líder político advertiu que a queda da Síria em mãos dos extremistas “implicará um risco para a segurança nacional do Líbano, e as políticas regionais da Arábia Saudita são um perigo para a segurança libanesa, árabe e islâmica”.

ONU

O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, buscará o apoio do Kremlin com vistas a impulsionar o fim das hostilidades na Síria, durante a visita que começa hoje na Rússia.

Citado pela agência de notícias Novosti, o diplomata declarou na segunda-feira (2) depois de uma reunião com o secretário norte-americano de Estado, John Kerry, que as negociações avançarão quando entre em vigor o cessar-fogo.

O representante da ONU acrescentou que dirá o mesmo em Moscou.

Ele fez votos para que se escute seu chamamento a tomar medidas em favor do armistício, e que nos próximos dias se observe um progresso na reunião do Grupo Internacional de Apoio à Síria em Genebra.

Segundo o enviado da ONU, o número de cerca de 400 mil mortos em decorrência da guerra na Síria “não está longe da verdade”.

Em 29 de abril último em Moscou o assessor de Staffan de Mistura, Jan Egland, declarou que a Rússia e os Estados Unidos trabalham em favor do acordo de regime de silêncio na Síria, o que é altamente valorizado pela ONU.

Segundo Egland, a paz é justamente o que se trorna necesário para garantir a passagem das colunas de meios de transporte com ajuda humanitária para os necessitados no país árabe.

O diplomata também desejou que Moscou e Washington reúnam os atores internacionais e enviem claros sinais aos grupos armados sobre a necessidade de acatar o cessar-fogo.

Acrescentou que seu chamado às duas potências mundiais é também no sentido de que devem reunir todos os atores internacionais e enviar um sinal comum aos grupos armados acerca da necessidad de respeitar o denominado regime de silêncio.

Moscou e Washington negociaram um novo cessar-fogo em Latakia e Damasco, que cobrou vigência no último sábado com ambas as partes como garantidores de seu cumprimento por todos os bandos, e devia manter-se até a meia-noite desta terça-feira.

Um primeiro armistício foi acordado em 27 de fevereiro último depois de uma conversação telefônica entre os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Barack Obama, dos Estados Unidos, o que exclui os grupos declarados terroristas como o Estado Islâmico e a Frente Al Nusra.

Prensa Latina; tradução da redação de Resistência

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