Síria

Síria ganha uma partida contra os apostadores da morte

24/12/2016

No ano que está por terminar, a Síria ganhou uma partida na simbólica cidade de Alepo contra os apostadores da morte que ainda promovem a destruição de um Estado que sobrevive a cinco anos de uma guerra imposta.

Por Pedro García Hernández

Desde finais de 2011 foram enviados para essa nação milhares de extremistas armados que incentivaram algumas das dissensões internas, aproveitaram-nas em benefício próprio e as transformaram em símbolo de morte e destruição.

Como nunca antes, e em uma conjuntura na qual o mundo árabe é mais débil do que nunca e se desvanece pela desunião e falta de concórdia, as antigas metrópoles, em aliança com os Estados Unidos e as monarquias regionais do tipo da Arábia Saudita ou o Catar, apostaram no desmembramento da nação.

Coube tembém um papel aos sonhos nostálgicos do antigo império Otomano, a Turquia, e ao regime sionista de Israel. Todos, como uma matilha faminta, caíram sobre uma presa com o emprego de métodos diversionistas, distorcionários e um implacável bloqueio político, econômico e social sem precedentes no Oriente Médio.

A ‘ofensiva’ contra o governo legítimo de Bashar al Assad abarcou desde o apoio a mais de 100 grupos extremistas, até um feroz bloqueio comercial e o corte quase total das vias de comunicação por satélite em uma vasta campanha que pretendeu isolar essa nação do Oriente Médio, como nunca havia acontecido na história da região. Os antecedentes do diabólico plano, elaborado desde os centros de inteligência das grandes capitais ocidentais, tinham como fatos o caos imposto no Afeganistão, a débil atividade do Iraque como Estado e a completa desarticulação da Líbia.

Na partida jogada contra a Síria se uniram com financiamento, armas e homens os integrantes de uma chamada coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos através das extensas fronteiras com a Turquia, o Iraque e a Jordânia.

Para citar somente uma fonte, insuspeita de ser parcial a favor do governo sírio, bastaria recorrer a uma análise do Centro de Estudos Alemán Ferrel, o qual estima que desde 2011, mais de 90 mil estrangeiros se integraram – pagos e treinados – às fileiras dos grupos terroristas e a uma ‘operação planificada’ cujo custo passa dos 40 bilhões de dólares procedentes de Washington, Paris, Londres ou Riad ou através de intermediários regionais.

A isto se uniu uma vasta campanha midiática de não menos que oito canais de televisão por satélites situados na Turquia, Catar, Dubai e foram bloqueados todos os sinais de comunicações da Síria por meio do satélite ArabSat, com servidores na Austrália e em uma manobra técnico-operativa dirigida por especialistas da Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês), dos Estados Unidos.

Desde o princípio, os objetivos militares se concentraram nas principais cidades sírias a partir de Damasco e em uma área geográfica que abarcava cerca de 186 mil quilômetros quadrados do território nacional, dois terços dos quais incluem as vastas zonas desérticas fronteriças com o Iraque e a Jordânia.

Damasco nunca caiu e os focos de combate ao terrorismo e à guerra imposta se mantiveram em Hama, Homs, Latakia, Deir Ezzor e Alepo, com resultados variáveis no terreno de combate, mas que impediram o desmembramento da nação e demonstraram que havia capacidade de resistência.

Ao mesmo tempo, e desde setembro de 2015, quando se concretizou legal e juridicamente o apoio da colaboração aérea da Rússia, as Forças Armadas sírias reiniciaram uma ofensiva generalizada a partir de 12 frentes de combate em um arco geográfico que abarca desde o sul, pelo leste e até o norte, as províncias fronteriças com a Turquia de Alepo e Idlib.

Desde então, o dramatismo da guerra alcança mais de 400 mil mortos, meio milhão de feridos e mutilados, cerca de 10 milhões de refugiados – destes seis milhões internamente – e uma destruição da infraestrutura do país que passa de 200 bilhões de dólares.

Contudo, melhoraram as condições internas para promover e intensificar uma política de reconciliação nacional que contempla, além das grandes cidades, mais de oito mil vilas e povoados. Essa política até agora conseguiu efetividade em uma cifra superior a 1.200 localidades e a não menos de 50 grupos armados.

Isto permite, no encerramento do ano de 2016, o incremento das possibilidades de negociação para alcançar a paz através de uma sensata diplomacia do governo sírio, da Rússia e do Irã sobre o princípio do irrestrito respeito à soberania, à integridade e à independência da nação.

A guerra imposta à Síria custou, além do terrível saldo em milhares de vidas, a destruição de meia centena de hospitais, não menos de cinco mil escolas e as afetações a cerca de 22 mil quilômetros de estradas e ferrovias, assim como a interrupção quase total das linhas aéreas que se comunicavam com o exterior.

Ainda em meio desse terrível panorama com cidades arrasadas em quase metade de sua estrutura urbanística como Homs, Deir Ezzor ou Alepo, a Síria resistiu e avança com a solidariedade efetiva russa e iraniana, e dos grupos da resistência libanesa, como o Hezbolá, e a palestina.

A mais recente partida que foi ganha contra os apostadores da morte foi em Alepo, símbolo da cultura e do desenvolvimento de uma nação que conserva, apesar de tudo, a tolerância e a convivência e na qual se unem milhares de anos de história.

Fonte: Prensa Latina; tradução da redação de Resistência

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