Internacionalismo

Socorro Gomes: Nosso compromisso é com a paz mundial e a solidariedade entre os povos

18/09/2016

A presidenta do Conselho Mundial da Paz, a brasileira Socorro Gomes, participou na 17ª Cúpula do Movimento dos Países Não Alinhados (MNOAL), convidada pelo presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro. A cúpula se realizou no último fim de semana, na Ilha Margarita, Venezuela. Uma demonstração do prestígio do CMP, fundado após a Segunda Guerra Mundial e de reconhecida atuação em favor do desarmamento, da paz mundial e da solidariedade entre os povos.

A presença do Conselho Mundial da Paz na 17ª Cúpula do Movimento dos Países Não Alinhados reforça ainda mais a importância da organização pacifista anti-imperialista, às vésperas da sua Assembleia Mundial, que se realizará em território brasileiro, na cidade de São Luís (MA), entre os dias 17 e 20 de novembro deste ano. Leia a íntegra do pronunciamento de Socorro Gomes na plenária de chefes de Estado e Governo da Cúpula do Movimento de Países Não Alinhados.

Excelentíssimos Chefes de Estado e de Governo,

Senhoras e senhores,

Recebam, em nome do Conselho Mundial da Paz, a mais calorosa saudação e a nossa mensagem de paz e solidariedade, nesta ocasião em que se realiza, no heroico país do Libertador Simón Bolívar e do inolvidável Comandante Hugo Chávez, a 17ª Cúpula do Movi­mento de Países Não Alinhados. Este é o segundo maior foro do mundo, com 120 Estados-membros, que representam quase dois terços dos integrantes da Organização das Nações Unidas e 55% da população mundial.

Nossa felicitação ao presidente Nicolás Maduro e ao povo venezuelano pela designação de seu país como Presidente do Movimento de Países Não Alinhados, um marco importante na diplomacia regional, que a um só tempo é um golpe nos intentos das forças conservadoras, pró-imperialistas e inimigas da paz para isolar a República Bolivariana. Esta Presidência é o terceiro mandato que a Venezuela assume, além do Mercosul e da Unasul. Como brasileira, não posso deixar de manifestar minha inconformidade com a atitude do governo do meu país, oriundo de um golpe de Estado institucional, que, em aliança com a Argentina e o Paraguai, violou as normas do Mercosul para impedir que a Venezuela assuma, como é de direito, a Presidência pro tempore do Organismo regional.

Desde a histórica Conferência de Bandung, em 1955, e a Primeira Conferência dos Chefes de Estado e de Governo Não Alinhados, em 1961, o mundo passou por grandes transformações. Em todo esse período histórico, foi de grande importância o papel desse Movimento, que segue sendo um ator de peso na atualidade, em defesa dos princípios das Nações Unidas, contra as guerras de agressão e intervenções estrangeiras, pela autodeterminação dos povos e nações, a independência nacional, o desenvolvimento econômico com justiça social e o equilíbrio ambiental. E sobretudo, na luta pela paz mundial, o desarmamento nuclear, a segurança internacional, os direitos dos povos, a democratização e a igualdade nas relações internacionais.

Os movimentos sociais e os defensores da paz em todo o mundo admiram o Movimento dos Países Não Alinhados como uma coletividade de Estados nacionais ampla e representativa comprometida com os princípios referidos e que nunca faltou com seu dever de solidariedade com os povos e nações em luta por seus direitos.

Valorizamos esta Cúpula de Chefes de Estado de Governo como um grande acontecimento político.

O Movimento dos Países Não Alinhados é uma organização política, cuja plataforma sempre foi a luta contra o colonialismo e o imperialismo, por uma nova ordem econômica e política internacional. Ecoam fortemente as vozes dos seus países-membros quando se pronunciam sobre temas candentes da política internacional, numa cabal demonstração da sua atualidade como articulação internacional.

Na opinião da nossa organização, o Conselho Mundial da Paz, vivemos um momento em que recrudescem as ameaças de guerra e as ações intervencionistas por parte de potências imperialistas e hegemonistas. Multiplicam-se as bases militares estrangeiras nos territórios de países soberanos, agiganta-se o militarismo, aumentam e se aperfeiçoam as armas nucleares e outros artefatos de destruição em massa. A Otan assume o papel de gendarme internacional. Preocupam-nos especialmente os intentos de militarização da África, com a existência do Africom, da América Latina, com a expansão das bases militares e a existência da Quarta Frota da Marinha de Guerra estadunidense, a estratégia militar dos Estados Unidos para a Ásia e a persistência dos conflitos no Oriente Médio, a guerra terrorista contra a Síria, o massacre do povo palestino. Numa conjuntura como esta, o Movimento dos Países Não Alinhados pode desempenhar importante papel a favor da resistência dos países e povos que lutam para defender a sua soberania e conjurar os perigos advindos da ação agressiva das grandes potências.

A realização da Cúpula dos Países Não Alinhados em território latino-americano atribui-lhe um significado especial, porquanto a região se encontra no alvo de uma brutal ofensiva por parte imperialismo estadunidense e das oligarquias locais para reverter as grandes conquistas alcançadas pelos países da América Latina e o Caribe no aprofundamento da democracia, fortalecimento de sua soberania, da integração solidária e na realização de políticas sociais que em muito contribuíram para erradicar a miséria.

Os exemplos mais eloquentes dessa ofensiva são o golpe de Estado que se consumou no Brasil contra o governo democrático da presidenta Dilma Rousseff, eleita com mais de 54 milhões de votos, e as tentativas de golpe e intervenção contra a Bolívia, o Equador e a Venezuela. Especialmente a República Bolivariana está no alvo da guerra econômica das oligarquias e permanentemente ameaçada de golpe e intervenção externa, que se agudizou a partir do momento em que o governo dos Estados Unidos emitiu um decreto considerando o país como uma ameaça a sua segurança nacional.

No contexto latino-americano e caribenho saudamos a assinatura do acordo de paz na Colômbia entre o governo nacional e a insurgência. Este acordo é resultado da luta heroica do povo colombiano por democracia, soberania, progresso e justiça social.

Congratulamo-nos com o povo e o governo da República de Cuba pelos êxitos da sua diplomacia e da heroica resistência em defesa de sua autodeterminação. O restabelecimento das relações com os Estados Unidos é uma vitória histórica da sua resistência, um passo importante na luta contra o iníquo bloqueio econômico. Esta Cúpula do Movimento dos Países Não Alinhados pode ser também um alento e uma manifestação de solidariedade para que resultem vitoriosos os esforços pelo fim do bloqueio e pela devolução à soberania do povo cubano do território de Guatânamo, usurpado pelos Estados Unidos.

Igualmente, esta reunião pode constituir um estímulo à luta contra os remanescentes do colonialismo, sobretudo pela independência de Porto Rico, pela devolução das Ilhas Malvinas à soberania do povo argentino e pela independência do Saara Ocidental.
Senhoras e senhores o êxito desta cúpula mostrará que são as forças da guerra, das intervenções externas, da violação de direitos, da dominação imperialista e da hegemonia que estão isoladas no cenário internacional. Os povos e países soberanos serão os beneficiários dos sucessos alcançados aqui. E com isso se fortalecerão os esforços que todos fazemos pela paz.

Muito obrigada,

Socorro Gomes, presidenta do Conselho Mundial da Paz

Ilha Margarita, Venezuela, 18 de setembro de 2016

 

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