América Latina

Três anos sem Chávez; liderança cubana reitera apoio incondicional à Revolução venezuelana

06/03/2016

Em discurso pronunciado no ato em homenagem ao inesquecível líder da Revolução Bolivariana no terceiro aniversário da sua morte, a 5 de março, o primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros da República de Cuba, companheiro Miguel Díaz-Canel Bermúdez, fez um sentido pronunciamento em que proclamou que a Revolução venezuelana vencerá e contará sempre com o incondicional apoio de Cuba. Leia a íntegra.

Querido Presidente, companheiro Nicolás Maduro;

Distintas convidadas e convidados;

Queridas irmãs e irmãos venezuelanos:

 

Com profunda emoção e sentimento revolucionário queremos compartilhar com vocês, como parte deste diálogo, algumas ideias que expressam o sentimento da Cuba revolucionária, da Cuba de Fidel e de Raúl com a irmã República Bolivariana da Venezuela, com seu povo, com seu legítimo governo e, em particular, com Chávez, porque para nós Chávez vive.

Como uma afronta à memória do eterno e invencível Comandante Presidente Hugo Rafael Chávez Frías e aos povos de Nossa América e do mundo, há poucas horas o presidente dos Estados Unidos da América decidiu prorrogar por mais um ano a injustificável, desproporcional e perigosa Ordem Executiva que declara “emergência nacional” por considerar que a República Bolivariana da Venezuela constitui “uma ameaça incomum e extraordinária para a segurança nacional e a política externa dos Estados Unidos”.

Uma vez mais, o império demonstra que não mudou sua essência agressiva e seu desprezo a nossos povos, reiterando suas ameaças contra uma nação irmã, pacífica e solidária, e ignorando a indignação e o repúdio unânimes que a promulgação desta infame Ordem suscitou há apenas um ano.

Quero reiterar, e além disso ratificar, o que expressou o General de Exército Raúl Castro Ruz na 7ª Cúpula das Américas, no Panamá, em 11 de abril de 2015, e cito: “A Venezuela não é nem pode ser uma ameaça à segurança nacional de uma superpotência como os Estados Unidos”. E acrescentou: “Devo reafirmar todo o nosso apoio, de maneira resoluta e leal, à irmã República Bolivariana da Venezuela, ao governo legítimo e à união cívico-militar que o Presidente Nicolás Maduro encabeça, ao povo bolivariano e chavista que luta por seguir seu próprio caminho e enfrenta intentos de desestabilização e sanções unilaterais que reclamamos sejam levantadas, que a Ordem Executiva seja derrogada!

O Presidente Hugo Chávez já não estava fisicamente presente e de maneira oportunista alguns pensavam e continuam pensando de forma errônea que os que o sucederiam não poderiam defender o seu legado e que havia chegado o momento de fechar a conta da Revolução Bolivariana. Não faltaram inclusive intentos de contrapor a Venezuela a Cuba, oferecendo o garrote a uma e a cenoura à outra.

Em uma de suas confissões mais íntimas, quando já estava plenamente consciente de seu destino histórico, Chávez evocou a célebre frase com que Fidel Castro terminou sua alegação de autodefesa, para apropriar-se dela, parafraseando-a no sentido que sua vida tinha tomado: “A história me absolverá”.

Assim, absorvido pelo torvelinho da revolução desencadeada a partir de sua chegada ao poder, Chávez se instalou para sempre no coração de seu povo e no de toda a América, pelo que estamos hoje aqui, em nome de Fidel, de Raúl e de todos os cubanos, para render-lhe homenagem por ocasião do terceiro aniversário de sua semeadura.

Em Chávez confluíram extraordinários dotes de profundo pensador e estrategista revolucionário com uma infinita sensibilidade, energia e capacidade de convencer e pôr em prática suas avançadas ideias.

Orador excepcional, apaixonado e otimista, acreditava na invencibilidade do espírito humano. Expressão e soma do mais autêntico da cultura popular venezuelana. Amante maior de sua pátria, de sua fé e de seu povo, líder político e militar nato, os adversários o subestimaram, incapazes de medir sua inteligência e visão. E foi, antes de tudo, um ser infinitamente solidário.

Nós, latino-americanos e caribenhos, nunca o esqueceremos, unindo vontades diversas, limando asperezas, para recuperar o sonho da integração regional. Os que viram em sua generosidade um desperdício das riquezas da Venezuela, foram os mesmos que durante anos defraudaram seu verdadeiro dono, negando-lhe essas riquezas.

Hoje, quando a crise econômica, a queda dos preços do petróleo e a sabotagem econômica estremecem o país, há quem pretenda esquecer ou deixe de recordar que graças à generosa e justa revolução que Chávez desencadeou, milhões de venezuelanos saíram da pobreza extrema e da  fome, acederam a serviços de saúde, educação e cultura e obtiveram empregos e habitação.

Hoje, o Presidente Nicolás Maduro e sua equipe se empenham em continuar e consolidar tudo aquilo que Chávez iniciou, com o apoio majoritário do povo, concentrados em pôr fim ao modelo rentista, em diversificar a produção, garantir os serviços básicos aos cidadãos e criar um melhor ambiente de segurança.

O que se teria conseguido mais com mais atitudes patrióticas e respeito à soberania venezuelana, e menos boicote interno e agressão e subversão externas.

Por experiência própria sabemos que o êxito depende de quatro fatores essenciais como: a fidelidade sem limites às ideias e a uma causa justa, que neste caso são as de Bolívar e Chávez; a unidade indestrutível de todos os revolucionários; o trabalho combinado e incansável de todos e uma infinita fé na vitória.

Irmãos venezuelanos:

Não falo apenas como representante do Estado, do Partido e do povo de Cuba. Faço-o também como um cubano que nasceu com sua Revolução e cresceu e viveu todo este tempo submetido a agressões e ao criminoso bloqueio econômico, comercial e financeiro, que escolheu o mesmo destino que a imensa maioria de seus compatriotas e que por isso teve o privilégio de viver este momento de reconhecimento à existência da Revolução Cubana e do Estado socialista em Cuba.

Longo e heroico foi o caminho percorrido por nosso povo para chegar até os anúncios realizados simultaneamente pelos presidentes de Cuba e dos Estados Unidos em 17 de dezembro de 2014. Sobre a base do respeito à igualdade soberana e sem menoscabo à independência nacional e à autodeterminação de nosso povo, estamos dispostos a tratar os mais diversos temas de forma recíproca e continuar dialogando, convencidos de que é possível conviver civilizadamente apesar de nossas profundas diferenças.

A normalização das relações bilaterais é um desafio, que passa necessariamente pelo levantamento do bloqueio e a devolução do território ilegalmente ocupado pela Base Naval Norte-americana na província cubana de Guantânamo.

Mas foi um desafio maior ter chegado até este ponto. Se a revolução é uma grande mudança na vida dos seres humanos, a revolução tem que ser movimento, resistência, rebeldia, riscos e vontade de enfrentá-los com poucos recursos e muita criatividade, solidariedade, moral e princípios.

Nós, revolucionários, nunca estamos sós. A Revolução cubana jamais esteve só e não está só nesta hora crucial a Revolução Bolivariana, que não é ameaça para ninguém, mas esperança e bastião de solidariedade. Não importa que o imperialismo e as oligarquias lancem ofensivas contra os processos revolucionários e progressistas. Não nos tiram o sonho. Não se preocupem com os anúncios de funerais: vocês já demonstraram que enquanto existir um chavista vivo e lutando, a revolução estará de pé. E vocês são milhões.

Quando em sua última campanha eleitoral, consciente de que o prazo vital estava sendo vencido, o Comandante convocava os venezuelanos e todos os latino-americanos a sentir-se Chávez. Com aquele chamado de “Somos todos Chávez!” ele nos entregava a última coisa que lhe restava, sua própria identidade, para torná-la nossa, para multiplicar-se em cada um de nós como fórmula de redenção e fé na vitória.

Esse é o homem a quem viemos homenagear hoje em Caracas. Ao melhor amigo de Cuba. A quem afirmou que não era um sacrifício tudo quanto fazia, enquanto se queixava do tempo, insuficiente para tudo o que tinha que fazer. “O povo”, assegurava Chávez, “espera muito de nós, e não devemos defraudá-lo. Há séculos ele está esperando”.

Inspirados nas ideias de grandes homens como Bolívar e Martí, o Che, Fidel e Chávez, todos nós sonhamos com um mundo melhor e possível e começamos a erguê-lo. Jamais vamos renunciar a isso.

Não queremos guerras. Não queremos bloqueios. Não queremos ingerência. Não queremos subversão. Não queremos sabotagem. Não queremos que se nos imponham modelos de acumulação egoísta de riquezas para uns poucos. Queremos paz. Queremos justiça social e igualdade. Queremos desenvolvimento sustentável. Queremos segurança e respeito a nossa soberania e independência. Queremos compartilhar o que temos. Queremos felicidade e prosperidade para todos. E queremos integração plena em Nossa América.

Por isso, demandamos energicamente a derrogação da Ordem Executiva contra a Venezuela, chamamos a comunidade internacional a somar-se a esta justa reclamação e reiteramos novamente, de maneira resoluta e leal, nosso apoio incondicional à Revolução Bolivariana, ao legítimo governo do Presidente Nicolás Maduro e ao povo venezuelano, que luta por manter a paz, a ordem constitucional, as conquistas de sua revolução e o legado do Comandante Presidente Hugo Chávez, frente aos intentos desestabilizadores da oposição interna, alentada pelos Estados Unidos e seus aliados.

Mais uma vez, condenamos as arbitrárias, prolongadas e cruéis campanhas de guerra econômica e psicológica contra o governo e o povo bolivariano. Não renunciaremos às ideias integradoras e emancipadoras que Fidel e Chávez nos inculcaram.

Hoje, enquanto recordamos Chávez, trago na memória meus compatriotas, vítimas há 56 anos da sabotagem ao barco La Coubre, no porto de Havana, e o chamado de Fidel naquela ocasião a resistir e vencer, com a histórica palavra de ordem “Pátria ou Morte! Venceremos!”.

Irmãos venezuelanos: A Revolução venezueana vencerá!

Chávez vive!

Fonte: Granma; tradução da redação do Portal Resistência


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