Sionismo

Cebrapaz repudia perseguição sionista e manifesta solidariedade a Thomas de Toledo

29/06/2016

O Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) vem se manifestar a respeito do artigo publicado em 30 de maio de 2016 pelo professor Thomas de Toledo, que também é o secretário-geral do Cebrapaz, e da situação que se desenvolveu a seguir. O texto, intitulado “Os dedos de Israel e dos Estados Unidos no golpe”, é um artigo de opinião e, embora tenha incorrido em equívocos que o professor já esclareceu, com um mal-entendido pelo qual já se retratou em nota pública, deriva do seu direito à crítica política.

O direito à expressão nunca pode incorrer em manifestações racistas ou preconceituosas, nem contra os judeus, contra israelenses, ou contra qualquer outro grupo étnico, religioso, nacional, social, etc. Esta nunca foi a intenção de Thomas de Toledo, como ele mesmo esclareceu em sua nota pública. Seu ativismo baseia-se em nossa convicção de que a solidariedade entre os povos é essencial para a construção de uma paz justa e libertadora. Buscamos manter as portas do diálogo abertas, mas nunca abrimos mão do nosso direito à denúncia, sempre que fundamentadas, contra políticas de opressão, colonização, ocupação e ingerência nos assuntos internos de outras nações.

É sabido que toda e qualquer crítica à política israelense (que é conduzida por um punhado de pessoas que se arrogam a representação de todo um grupo étnico, religioso e nacional) é atacada e distorcida enquanto antissemita em todo o mundo, na tentativa de desqualificá-la, deslegitimá-la e transformá-la numa perseguição racista alheia à natureza da crítica. Nós rechaçamos o antissemitismo e quaisquer outras formas de perseguição e preconceito, enfaticamente.

Por isso, denunciamos a tática cínica e agressiva que tenta sufocar críticas às políticas de um Estado que ocupa os territórios de outros povos e que se intromete nos assuntos de outras nações.

Os ataques contra Thomas e contra a esquerda em geral, acusados de antissemitas, têm se pautado numa perseguição a um grupo político diverso na oposição à opressão, à dominação e à ingerência, guiado pela solidariedade internacionalista. Os ataques baseiam-se em inverdades e distorções, com o intuito de nos desqualificar. São injustos, generalizantes e só agravam a situação.

Além disso, a tergiversada equivalência entre o grupo político sionista (promotor de uma política colonialista) e o grupo étnico judeu é denunciada inclusive por judeus em todo o mundo, que não se sentem representados por esta política e, como nós, também são atacados enquanto antissemitas, por incrível que pareça. Com eles, lutamos lado a lado, como com todo grupo de pessoas que denunciam a opressão.

Por isso, manifestamos nossa solidariedade ao Thomas em repúdio à perseguição que se desencadeou após a publicação do seu artigo, mesmo depois de sua nota de esclarecimento. O cerceamento político é uma arma antidemocrática conhecida e fantasiada de ultraje, neste caso, contra o antissemitismo que nós também rechaçamos. O cinismo desta tática é por nós denunciado, assim como por incontáveis outros movimentos sociais, intelectuais, ativistas, professores, estudantes e até organizações internacionais acusadas de antissemitismo mundo afora, perseguidos devido ao seu engajamento contra as políticas de Israel.

Seguimos empenhados na luta pela paz, contra a opressão, as guerras e o colonialismo que a liderança cada vez mais virulenta de Israel promove há décadas, em solidariedade aos ativistas que, sejam palestinos, israelenses ou estrangeiros, têm sido perseguidos em sua crítica à política criminosa da ocupação da Palestina ou de territórios sírios e libaneses e à ingerência promovida em nome do sionismo.

Socorro Gomes,
Presidenta do Cebrapaz

Fonte: Cebrapaz

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