Chile

Comunistas chilenos vão redobrar esforços por mais reformas no país

04/04/2016
O presidente do PCCh, Guillermo Teillier

O 25º Congresso Nacional do Partido Comunista do Chile (PCCh) terminou neste domingo (3), em Santiago, com a decisão geral de redobrar esforços rumo à consolidação do processo de reformas no país.

O congresso reelegeu Guillermo Teillier como presidente, e Lautaro Carmona, como secretário-geral. Os delegados enfatizaram a necessidade de impulsionar o debate com a sociedade rumo à elaboração de uma nova Constituição da República.

A ideia é deixar para trás a Carta Magna elaborada pela ditadura de Augusto Pinochet. Por essa razão, Teillier fez um chamamento para expressar a firme vontade comunista de contribuir para que o Chile tenha uma Constituição conteúdo e formas democráticas.

O líder do PCCh declarou à Prensa Latina que na coalizão da Nova Maioria, que está no governo, apesar das diferenças, “tem prevalecido a vontade de impulsionar mudanças e trabalhar unidos com este objetivo”.

“Em dois anos do governo de Michelle Bachelet, foram encaminhadas reformas relevantes (educação, saúde, tributária, trabalhista), embora ainda seja necessário aperfeiçoá-las, mas são resultados concretos”, explicou o dirigente, que também é deputado.

Por sua parte, Lautaro Carmona declarou que o resultado mais positivo do congresso é que depois de quatro meses de deliberações em todos os níveis, “há uma identificação geral com as políticas do partido”.

Igualmente, destacnu, existe um sentimento de convicção em torno da importância de ser parte da Nova Maioria, de um governo, depois de 40 anos, e da responsabilidade histórica do PCCh de enfrentar bem esses desafios.

Por seu turno, Karol Cariola, secretária-geral da  Juventude Comunista do Chile e também deputada, opinou que as novas gerações apresentam ao partido a sua visão “a respeito do país que estamos vivendo”.

A parlamentar detalhou à Prensa Latina que os jovens se encontram imersos não só no Chile, mas em toda a América Latina, em uma batalha dentro de um contexto complexo no qual as correntes neoliberais pretendem dominar a política. “Nascemos em um ambiente de antivalores neoliberais que apontam para o egoísmo, o individualismo e o consumismo, e frente a isso devemos concentrar nossa luta por uma sociedade melhor”.

O Partido Comunista do Brasil esteve representado no 25º Congresso do Partido Comunista do Chile pelo vice-presidente Walter Sorrentino. Leia, abaixo, a mensagem enviada pela direção do PCdoB aos camaradas chilenos.

Prensa Latina e Secretaria de Política e RI do PCdoB

São Paulo, 24 de março de 2016

Querido camarada Guillermo Teillier,
Queridos camaradas dirigentes e militantes do Partido Comunista do Chile.

Recebam em nome do Partido Comunista do Brasil, as mais entusiásticas saudações pela realização do  25º Congresso do Partido Comunista do Chile, que, temos absoluta certeza, será coroado com pleno êxito.

A vossa organização revolucionária, que em 2017 completará 105 anos de história, tem uma trajetória admirável.

Partido pioneiro no mister de levar às massas, em nosso continente latino-americano, o aporte da teoria marxista-leninista, a luta pelo socialismo, o Partido Comunista do Chile foi o desbravador da senda revolucionária que, empolgando gerações, formou lutadores e lutadoras cujos nomes são até hoje lembrados como exemplos para vossa pátria, para a América Latina e o mundo.

Os comunistas chilenos há muito têm como marca de sua atuação a amplitude no empenho para unir o povo em torno das bandeiras da democracia e dos direitos sociais, método de atuação política mais do que nunca necessário.

Camaradas, permitam-me umas breves palavras sobre a situação do meu país que atravessa um delicado momento.

O mundo vive atualmente uma situação grave e perigosa. Está em jogo uma nova divisão planetária e o imperialismo reage com o aumento do intervencionismo, aberto ou camuflado, para impor sua hegemonia a qualquer custo.

No Brasil, estamos enfrentando um duro combate, que não está desligado do contexto mundial e latino-americano, marcado por uma forte ofensiva reacionária.

Está em pleno desenvolvimento um golpe institucional, midiático e judicial contra o governo da coalizão progressista liderado pela presidenta Dilma Rousseff. No campo golpista encontram-se a oposição de direita, neoliberal e conservadora, a mídia monopolista privada e aparatos policiais e do poder judiciário.

Os comunistas e as forças consequentes de esquerda resistem e lutam contra o golpe e estão convictas da necessidade de seguir combatendo pela ampliação e pelo aprofundamento da democracia, da soberania nacional e do progresso social. Caso se consume o golpe no Brasil, o comprometimento do país com o processo de integração solidária da América Latina e do Caribe estaria seriamente ameaçado, bem como os direitos trabalhistas, a democracia e a soberania nacional, com inevitáveis repercussões continentais.

Os comunistas, as forças de esquerda e os democratas brasileiros seguem buscando esclarecer o povo sobre a manipulação política, que através de um verdadeiro massacre midiático, contaminou vastas parcelas das camadas médias e mesmo das massas populares. Contamos nesta luta com a solidariedade internacional, principalmente dos nossos irmãos latino-americanos.

O Partido Comunista do Chile sempre foi generoso em suas propostas e destemido nos combates. Enfrentou e derrotou as ditaduras que tinham como questão de honra exterminar a organização de vanguarda dos trabalhadores chilenos. A última delas, chefiada pelo facínora Augusto Pinochet, também perseguiu o PC Chileno implacavelmente, com o intento de através da tortura e da morte, pôr fim à atividade revolucionária.

Mas a vida mostrou que este objetivo é uma ilusão. Seria como tentar apagar a luz do sol ou o alvorecer do dia, pois o Partido Comunista do Chile nasce do povo e dele extraí sua força.

Falo do Partido de Galo González, Carlos Contreras, Elías Laferte, Ricardo Fonseca, Luis Corvalán, Victor Jara, Violeta Parra, Pablo Neruda, Volodia Teitelboim e Gladys Marin.

O mesmo Partido que, mais uma vez com rara clarividência, apoiou Salvador Allende e apostou na formação de uma frente popular e democrática como forma de aglutinar o melhor do pensamento e da ação progressistas.

Este partido, ao realizar seu 25º Congresso, certamente não só vai aprimorar sua atuação em prol do povo chileno, mas ajudará a reforçar a luta da América Latina pela integração e verdadeira independência.

O Partido Comunista do Chile continua a ser em seu país o principal fiador da amplitude em defesa da democracia e dos trabalhadores, sem jamais perder de vista o objetivo estratégico que sempre foi o combustível de sua gesta heroica: o socialismo, rumo ao comunismo.

Viva o 25º Congresso!
Viva o Internacionalismo Proletário!
Viva o Socialismo!

Pelo Comitê Central do Partido Comunista do Brasil,
Luciana Santos, presidenta nacional

 

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