Solidariedade

Comunistas franceses condenam o golpe de Estado institucional no Brasil

19/04/2016

O jornal comunista francês L´Humanité publicou nesta terça-feira (19) ampla reportagem sobre o golpe de Estado em curso no Brasil. Na quarta-feira (13) da semana passada, o jornal publicou um comunicado do Partido Comunista Francês (PCF), sobre a votação na comissão especial do relatório apresentado pelo deputado Jovair Arantes. Na nota, o PCF manifesta solidariedade com a esquerda brasileira. Leia a íntegra.

Com a decisão tomada por uma comissão parlamentar dominada pela direita, foi lançado o procedimento em favor da destituição da presidenta Dilma Rousseff foi. Trata-se de uma nova etapa na ofensiva desencadeada pela direita com o apoio das grandes organizações patronais do agronegócio e da indústria, desde o primeiro momento após a reeleição da presidenta brasileira.

Desta vez, Dilma Rousseff está ameaçada de destituição sob o pretexto de ter manipulado as contas do orçamento. Na realidade, ela nada vez senão assegurar a continuidade dos programas sociais que beneficiam milhões de pessoas com ajudas financeiras e o acesso à saúde e à educação.

Dilma Rousseff é acusada por aqueles que sempre se opuseram a essas políticas de combate à pobreza, de “pôr em risco o equilíbrio das contas públicas e a saúde financeira do país”.

Aqueles que agem em favor da destituição da presidenta brasileira são os mesmos que se opuseram às medidas propostas pela esquerda para reformar o sistema político e pôr fim ao financiamento dos partidos e das campanhas eleitorais pelas empresas privadas.

A direita, que foi derrotada nas eleições presidenciais de 2014, saiu fortalecida nas eleições legislativas. Ela conseguiu votar medidas que reforçam a terceirização e a precarização. Impôs limites à política de combate ao trabalho forçado desenvolvida pela esquerda. A direita atacou os direitos das mulheres e tomou iniciativas homofóbicas. É esta mesma direita que tenta de tudo para derrubar Dilma Rousseff que representa um grande obstáculo a seus projetos de restauração conservadora.

O PCF denuncia o caráter político do processo iniciado contra a presidenta Dilma Rousseff por uma oposição que não tem legitimidade para acusá-la de corrupção. O presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, que demandou a destituição da presidenta, é ele próprio acusado de ter feito desvio de dinheiro para cinco contas na Suíça e seu nome é invocado nos negócios dos “Panamá papers”. Mais da metade dos membros da comissão especial que votou a favor do procedimento de destituição é também suspeita ou investigada por casos de corrupção, assim como dezenas de deputados que pretendem julgar a presidenta brasileira.

A atitude da mídia, que faz desses fatos um espetáculo deplorável, também é condenável, como é também o comportamento de boa parte do aparato judiciário que tem por alvo de maneira seletiva os militantes da esquerda.

O PCF, solidário com os militantes do Partido dos Trabalhadores e do conjunto da esquerda brasileira, condena a tentativa em curso de realizar um verdadeiro golpe de Estado, que não se assume como tal.

Hoje a direita utiliza no Brasil os mesmos procedimentos que levaram aos golpes de Estado institucionais contra o presidente Fernando Lugo no Paraguai em 2012, e contra José Manuel Zelaya em Honduras em 2009.

L´Humanité; tradução da redação de Resistência

 

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