Palestina

Crise da saúde em Gaza é consequência da agressão israelense

07/07/2016

A Faixa de Gaza e seus 1,8 milhão de habitantes enfrentam uma severa crise de saúde, resultado da hostilidade israelense e dos 51 dias de bombardeios no verão de 2014.

A infraestrutura devastada do território palestino de 360 quilômetros quadrados, um dos de maior densidade populacional do planeta, a falta de profissionais, abastecimento e material médicos e as más condições de saúde geram um duro panorama para homens, mulheres, crianças e idosos.

De acordo com um relatório divulgado esta semana pelo Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários de Nações Unidas (Ocha), a agressão de dois anos atrás e o bloqueio imposto por Israel a Gaza há uma década tem forte impacto sobre a saúde.

Em julho de 2014, os ocupantes ativaram a Operação Margem Protetora, seguida de 51 dias de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza, matando mais de 2.140 palestinos, entre eles cerca de 540 crianças, e deixando 11.500 feridos, além de meio milhão de deslocados.

As bombas israelenses destruíram totalmente o hospital Al-Wafa e três das principais clínicas (Atta Habeeb, Johr al Deek e Khuzaa), enquanto outras 78 instalações tiveram prejuízos de diferentes magnitudes.

Segundo o Escritório, salvo o hospital al-Wafa, os outros centros de assistência já foram consertados ou estão em processo, em um cenário marcado pela falta de fundos para lidar com o aumento no número de pacientes e a necessidade de equipamentos e novas instalações.

Mais de 900 das pessoas feridas durante a Operação Margem Protetora ficaram permanentemente lesadas, o que implica que precisam de um acompanhamento muito difícil de garantir nas atuais circunstâncias.

“Vários pacientes ainda arcam com o impacto das lesões, alguns com necessidade de próteses que têm que ser atendidos fora da Faixa de Gaza”, lamentou o doutor Mahmoud Matar, citado pela Ocha em seu relatório.

Outra prova da crise é o fato de que o hospital de Shifa conta com um registro de quase quatro mil pessoas em espera de operações, seis em cada 10 delas classificadas como cirurgias maiores, não poucas dessas intervenções estão planificadas para 2018.

A ONU reconhece a frustração, a dor desnecessária e os perigos em matéria de saúde relacionados à demora na assistência e à falta de remédios, médicos, anestesistas, enfermeiras e técnicos.

Nesse sentido, lembra as restrições que o bloqueio israelense representa, além de impedir também as oportunidades de capacitação e treinamento.

Os ocupantes incluem em sua lista de artigos de “duplo uso” alguns materiais necessários no setor.

Não menos preocupante é a impossibilidade de tratar os seres humanos com problemas psicológicos, que de acordo com a Organização Mundial da Saúde atingem 20% da população, cerca de 360 mil habitantes de Gaza.

A guerra desatada por Israel provocou desordens mentais que exigem tratamento especializado.

As carências de eletricidade e os prejuízos na infraestrutura do setor de saúde geram severas ameaças para a saúde e o meio ambiente na Faixa de Gaza.

Um dos dados refletidos no relatório da Ocha sobre a situação em Gaza não pode mais que gerar calafrios: diariamente são lançados ao mar 90 milhões de litros de dejetos não tratados.

Também as limitações impostas por Israel impactam a área de saúde, com até 23 artigos qualificados de “duplo uso”, entre elas bombas mecânicas, furadeiras e desinfetantes, controlados sob o argumento de que podem ser destinados ao terrorismo.

A entidade da ONU encarregada dos assuntos humanitários enfatizou o perigo para a saúde que pode representar o uso das praias no verão e o consumo de produtos marinhos, sem esquecer a questão da agricultura.

Gaza depende de quatro plantas para o tratamento de dejetos, que operam muito além de sua capacidade ou foram construídas com caráter temporário.

Perante este panorama tão complexo, cobra força a convocação das Nações Unidas a conseguir de uma vez por todas a solução dos dois Estados, de maneira que Israel satisfaça seus interesses de segurança e os palestinos conquistem o fim da ocupação, que começou em 1967, e possam contar com um Estado soberano.

Fonte: Prensa Latina

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