Argentina

Economia argentina continua dando sinais de recessão

06/07/2016

Antes de entrar no segundo semestre, a economia argentina continua dando sinais de recessão, com queda nas vendas, encarecimento da cesta básica, perdas na produção industrial e no comércio com seu grande sócio, o Brasil.

Um estudo da associação Consumidores Livres indica que a cesta básica de alimentos, bebidas e artigos de higiene pessoal subiu em média 23% no primeiro semestre.

A análise contempla 38 artigos de consumo em massa, que ficaram 3,16% mais caros em junho, um dos valores mais altos para um mês este ano, atrás de maio, quando a inflação disparou devido ao aumento de tarifas.

O estudo que Consumidores Livres realiza há 15 anos foi levado a cabo nos supermercados Coto e Plaza Vea, e em centros de abastecimento dos bairros Boca, Caballito, Liniers e Pompeya na Cidade de Buenos Aires. Este encarecimento é mais que o dobro que o registrado no mesmo período de 2015.

Segundo o último dado da Direção de Estatística e Censos da capital, a cesta básica necessária para uma família típica portenha aumentou 5,6% em maio em relação a abril, portanto, uma família precisou de 15.604 pesos (1.040 dólares) para não ser considerada pobre.

Este encarecimento drástico, combinado com uma contração do mercado trabalhista fez crescer em 38% a indigência da população urbana da Grande Buenos Aires em apenas seis meses, advertiram o Centro de Economia Política Argentina e o Instituto de Economia Popular.

Nesse período, devido às políticas de ajuste econômico do governo da aliança Cambiemos, caíram na pobreza de uma vez 1,4 milhão de argentinos, segundo alertou a Universidade Católica.

Outro índice que gera inquietude é a queda fulminante de 23,9% nas exportações ao Brasil, o que fez cair 10,6% o intercâmbio comercial da Argentina com seu principal parceiro comercial, apenas entre janeiro e junho.

Uma análise da consultora Abeceb indica que “a forte retração nesse comércio bilateral confirma uma tendência descendente, uma queda de 16,7%.”

A inflação provocou também que em junho a venda de motos caísse 23% com respeito ao mesmo mês de 2015, o que significa o pior registro mensal em 12 anos, informou a Associação de Concessionárias de Automóveis.

Enquanto isso, o aumento dos preços dos serviços continua gerando reações. Em Córdoba, a Justiça Federal freou durante três meses a implementação do tarifaço no gás em resposta a uma demanda com mais de dois mil moradores em toda a província.

Por sua vez, no distrito de San Martín, em Buenos Aires, uma juíza federal também dispôs uma medida cautelar para conter o aumento na eletricidade.

A comentarista Laura Vales escreveu para o jornal Página 12 que “o primeiro semestre do ano trouxe não só demissões e queda nos salários”.

Perante a multiplicação dos conflitos trabalhistas que esta situação provoca – afirmou – o governo apelou ao aumento da repressão, com a dispersão violenta das marchas, detenções dos manifestantes – que em muitos casos foram judicializados – e cortes ao direito a greve.

E nas empresas, por sua vez, estamos vendo demissões de ativistas, advertiu a analista.

Fonte: Prensa Latina

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