Opinião

Em 1º de Outubro a revolução que libertou a China completa 74 anos

30/09/2023

A Revolução Popular Chinesa em 1º de outubro de 1949 foi o ponto de partida para uma jornada de transformação e modernização que moldou a China contemporânea, escreve José Reinaldo Carvalho, dirigente do PCdoB 

Mao Tsetung, Deng Xiaoping e Xi Jinping
Mao Tsetung, Deng Xiaoping e Xi Jinping (Foto: XINHUA)

Por José Reinaldo Carvalho (*) – No dia 1º de outubro de 1949, a República Popular da China foi proclamada, marcando o triunfo da Revolução Popular dirigida pelo Partido Comunista da China (PCCh) e seu destacado líder, Mao Tsetung. Esse evento histórico foi o resultado de anos de luta, sacrifícios e determinação do povo chinês e do Exército Popular de Libertação (EPL), que buscavam a libertação da opressão e a transformação do país.

O Exército Popular de Libertação, com sua estratégia ousada e o apoio das massas populares, desempenhou um papel fundamental nesse triunfo, consolidando as bases para a criação de uma nova ordem política e social na China. Sob a liderança lúcida de Mao Tsetung, o PCCh unificou as forças revolucionárias e mobilizou a população para uma causa comum: a libertação nacional do domínio estrangeiro e a construção de uma sociedade progressista e justa.

Mao Tsetung, líder do Partido Comunista da China (PCC), é conhecido não apenas por sua liderança carismática, mas também por sua filosofia revolucionária e estratégias que desempenharam um papel fundamental na Revolução Chinesa. Dois conceitos-chave associados a Mao são a “Linha de Massas” e a teoria da “Nova Democracia”, ambas centrais para a sua abordagem política e social, fruto do domínio pleno do marxismo-leninismo e sua adaptação à peculiaridade nacional.

A “Linha de Massas” proposta por Mao Tsetung enfatiza a participação ativa e a mobilização das massas populares. Mao acreditava que a força de uma revolução não emanava apenas de um pequeno grupo de líderes, mas do apoio e envolvimento maciço do povo. Ele acreditava na sabedoria coletiva das massas e defendia a consulta popular e a participação direta nas decisões políticas, econômicas e sociais.

A “Nova Democracia” foi uma teoria revolucionária apresentada por Mao como uma estratégia para a Revolução Chinesa. Mao argumentava que, em países com características semifeudais e semicoloniais, como era a China na época, era necessário passar por duas etapas para alcançar a plena realização do socialismo. A primeira etapa, chamada de “Nova Democracia”, envolveria a unificação das forças progressistas, incluindo a burguesia nacional, para erradicar o feudalismo e o imperialismo. A segunda etapa seria a transição para o socialismo.

Durante a etapa da “Nova Democracia”, a ideia era formar uma coalizão ampla e progressista, envolvendo as massas populares, a burguesia nacional e outros grupos sociais, para realizar reformas profundas, eliminar o domínio imperialista e redistribuir a terra e os recursos de maneira mais equitativa. Essa etapa visava estabelecer uma base sólida para a posterior transição ao socialismo.

A “Nova Democracia” foi implementada durante os estágios iniciais da Revolução Chinesa, onde o PCCh buscou alianças estratégicas e mobilizou diversas camadas da sociedade para derrubar o domínio feudal e imperialista. Posteriormente, com a consolidação do poder do PCCh e a proclamação da República Popular da China, a nação começou a transição para a segunda etapa da revolução, a construção do socialismo.

Esses conceitos desenvolvidos por Mao Tsetung foram fundamentais para a estratégia revolucionária do PCCh, destacando a importância da participação das massas, a unidade de forças progressistas e a abordagem tática flexível para alcançar os objetivos revolucionários de transformar a sociedade e estabelecer um poder socialista na China.

A Revolução Chinesa, que culminou na proclamação da República Popular da China em 1º de outubro de 1949, foi precedida por uma fase crucial e complexa marcada pela resistência à invasão japonesa e pela cooperação entre o Partido Comunista da China (PCCh) e o Kuomintang (KMT), uma aliança temporária que representava a frente antijaponesa.

Os líderes chineses perceberam a necessidade de união para combater o invasor. O PCCh e o KMT, liderado por Chiang Kai-shek, estabeleceram uma aliança temporária para enfrentar essa grave ameaça externa.

Essa cooperação, embora complexa devido às divergências ideológicas e políticas entre os dois grupos, foi vital para organizar uma resistência unificada contra o Japão. Durante esse período, as forças do PCCh e do KMT lutaram lado a lado em batalhas cruciais, buscando defender a soberania chinesa e preservar a integridade do país.

No entanto, após a Segunda Guerra Mundial e a derrota do Japão, as divergências políticas e ideológicas entre o PCCh e o KMT tornaram-se evidentes e resultaram no reinício da guerra civil chinesa. O conflito durou até 1949, quando o PCCh conquistou a vitória e proclamou a República Popular da China, estabelecendo o socialismo como base da nova ordem política e econômica.

Essa fase da história chinesa ilustra a capacidade de cooperação e mobilização do povo chinês em momentos de crise e a compreensão da importância da unidade nacional diante de desafios comuns. Embora as alianças possam ser temporárias, a experiência da frente antijaponesa desempenhou um papel crucial na Revolução Chinesa, mostrando que, mesmo em circunstâncias difíceis, é possível encontrar pontos de convergência em prol de um objetivo maior: a defesa da nação.

Após a proclamação da República Popular da China em 1º de outubro de 1949, a nação deu os primeiros passos em direção a uma jornada transformadora, buscando estabelecer os fundamentos do socialismo e promover reformas estruturais que impactariam profundamente a economia e a sociedade chinesas.

O Partido Comunista da China, liderado por Mao Tsetung, logo empreendeu uma série de mudanças cruciais para consolidar o novo regime. O primeiro grande passo foi a implementação de reformas agrárias, visando redistribuir a terra entre os camponeses e acabar com o sistema feudal. Essa medida foi essencial para promover a equidade social e a participação do povo nas transformações sociais.

Além disso, foram iniciadas reformas industriais para estatizar setores-chave da economia, permitindo um controle estatal sobre os recursos e estabelecendo um modelo econômico socialista.

O pensamento de Mao Tsetung foi um guia fundamental nessa jornada socialista, enfatizando a importância da participação popular, da revolução contínua e da crítica construtiva.

Posteriormente, foi a partir das reformas e abertura, iniciadas por Deng Xiaoping em dezembro de 1978, que o país começou uma transformação mais profunda. Deng Xiaoping implementou políticas que buscaram modernizar a economia chinesa, abrindo o país para o comércio internacional e introduzindo mudanças significativas no sistema econômico, impulsionando o desenvolvimento e o crescimento sustentado.

Essas reformas foram essenciais para promover o desenvolvimento econômico acelerado e a melhoria das condições de vida da população, estabelecendo a base para a China se tornar uma potência global nas décadas seguintes.

As reformas de Deng Xiaoping resultaram em uma China mais aberta ao mundo, atraindo investimentos estrangeiros e promovendo um rápido crescimento econômico. O país se tornou um dos principais atores globais nos setores de manufatura, tecnologia e comércio. Além disso, a melhoria das condições de vida e a redução da pobreza demonstraram o impacto positivo dessas reformas nas vidas dos cidadãos chineses.

Atualmente, sob a liderança do Presidente Xi Jinping, a China continua a sua trajetória de desenvolvimento e modernização. Xi Jinping promove uma visão de “Socialismo com Características Chinesas para uma Nova Era”, enfatizando a busca pela revitalização nacional, inovação tecnológica, desenvolvimento sustentável e uma maior presença global.

A China tem alcançado avanços notáveis em diversas áreas, como inteligência artificial, energia renovável, infraestrutura e saúde. Além disso, a implementação de políticas voltadas para o bem-estar social e a redução das desigualdades refletem o compromisso do governo chinês em melhorar a qualidade de vida de sua população.

Em suma, a Revolução Popular Chinesa em 1º de outubro de 1949 foi o ponto de partida para uma jornada de transformação e modernização que moldou a China contemporânea. As lideranças de Mao Tsetung, Deng Xiaoping e Xi Jinping desempenharam papéis cruciais nesse processo, impulsionando a China em direção a um futuro promissor, marcado por inovação, desenvolvimento sustentável e um papel significativo no cenário internacional. Em síntese, desde a Revolução Popular de 1949, a China tem construído os alicerces de um socialismo que se adapta ao contexto contemporâneo, valorizando a participação popular e buscando a excelência econômica para elevar o padrão de vida de sua população.

(*) Jornalista, editor do Resistência, editor internacional do Brasil 247, secretário-geral do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz. Coordena a atividade de solidariedade internacional do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB. Este artigo orienta e assessora os dirigentes e membros do partido nas ações de solidariedade internacional

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