Geopolítica

Exercícios militares conjuntos mostram criação de nova aliança entre Rússia e China, diz analista

12/09/2018

Na terça-feira (11), a Rússia e a China iniciaram exercícios militares conjuntos. Simultaneamente, os presidentes de ambos os países se reuniram à margem do Fórum Econômico Oriental para discutir a cooperação militar e comercial. Segundo o analista Mark Sleboda, forma-se uma nova aliança no Oriente.

Mais de 300.000 militares, 36.000 tanques, 1.000 aviões e 80 navios de guerra e navios de apoio participam das manobras Vostok 2018, que transcorrem em cinco campos de treinamento militar e nas águas do mar do Japão (também conhecido como mar do Leste). Aproximadamente 3.200 efetivos do Exército de Libertação do Povo da China (ELP) se unirão aos exercícios, segundo a agência Al-Jazeera.

O início dos exercícios coincidiu com o encontro em Vladivostok entre o presidente chinês, Xi Jinping, e o presidente russo, Vladimir Putin, realizado em meio às crescentes tensões em torno da guerra comercial entre os EUA e a China e as sanções impostas à Rússia.

O analista de relações internacionais e segurança Mark Sleboda disse à Sputnik Internacional que os exercícios militares Vostok 2018 são os maiores já realizados pela Rússia, desde os tempos da União Soviética, e sublinhou que as relações entre os dois países estão cada vez mais estreitas.

“Isso se refere às relações militares, políticas, econômicas e até culturais, e, na verdade, [os exercícios Vostok 2018] não são apenas os maiores exercícios militares desde o colapso da URSS. São os maiores exercícios militares que a Rússia (incluindo a época soviética) já realizou”, disse ele.

“A Rússia e a China mostram mais uma vez que essa parceria estratégica militar, política e econômica torna-se uma aliança”, enfatizou o analista, acrescentando que as ações hostis dos EUA contra ambos os países estão contribuindo para o desenvolvimento das relações sino-russas.

“Os EUA estão empurrando a China economicamente, militarmente e politicamente, através de uma guerra comercial, tarifas, sanções e faz o mesmo com a Rússia”, explicou Sleboda. “[Washington] está fazendo todo o possível para realizar o pior pesadelo geopolítico”.

O cientista político russo Fyodor Lukyanov, diretor da revista ‘Rússia na Política Global’, disse à Al-Jazeera que a aproximação entre a China e a Rússia é uma resposta direta às ações dos EUA.

“Claramente, podemos ver uma aproximação crescente entre Rússia e China por causa da posição dura dos EUA em relação a ambos os países. Nesse sentido, podemos dizer que [o presidente dos EUA] Donald Trump é o principal patrono das relações mais estreitas russo-chinesas”, afirmou.

Após as conversações com Xi Jinping, Putin disse aos jornalistas que a Rússia e a China continuarão defendendo o uso das moedas nacionais nas transações bilaterais, afirmando que tal medida iria ajudar a “aumentar a estabilidade dos serviços bancários na exportação e importação, em meio aos riscos contínuos nos mercados globais”.

Os treinamentos Vostok 2018 vão coincidir com as manobras Rapid Trident 2018 da OTAN na Ucrânia, que devem terminar em 15 de Setembro.

Resistência, com Sputnik

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