Argentina

Governo argentino gera endividamento histórico, alerta analista

12/06/2016

O governo argentino do presidente Maurício Macri, os governos de diversas províncias e empresas privadas geraram em apenas três meses o maior endividamento nominal externo da história do país, da ordem de 33 bilhões e 199 milhões de dólares.

Essa dívida continuará aumentando durante o resto do ano, adverte o analista econômico Alfredo Zaiat que baseia sua afirmação em uma somatória de dados oficiais para um artigo publicado neste domingo (12), no jornal Página 12.

O novo ciclo de endividamento externo público e privado começou com 26 bilhões e 710 milhões de dólares em apenas três meses. Somam-se outros cinco bilhões de dólares recebidos pelo Banco Central em um empréstimo de curto prazo, com uma garantia de 10 bilhões em bônus públicos, ilustra Zaiat.

A isso se agregam outros 1,49 bilhão em Letras do Tesouro a curto prazo, o que faz com que o saldo em apenas um trimestre alcance os 33 bilhões e 199 milhões de dólares, totaliza o analista. Esse ciclo aumentará, assevera.

Além disso, o plano proposto de lavagem de capitais de pelo menos 20 bilhões de dólares, segundo estimaram funcionários da Fazenda e Finanças prevê que uma parte seja canalizada através da emissão de títulos públicos a prazos de três e cinco años.

Zaiat recorda que o país realizou um imenso esforço social para liquidar a dívida a partir de um pagamento ao FMI, em janeiro de 2006, processo que se estendeu até o final do governo anterior.

Isso deixou o terreno livre – acrescenta – para que um governo conservador pudesse fazer o que melhor sabe: endividamento gigantesco para maquiar o descalabro fiscal e para contornar a debilidade do setor externo devido ao déficit comercial e a constante fuga de capitais.

Assim ocorreu durante a ditadura militar (1976-1983), na década de 1990 com a convertibilidade e agora no governo de Macri, afirma o analista.

O Estado nacional, a maioria das províncias e grandes empresas emitiram títulos da dívida com frenesi desde 9 de março passado, quando Buenos Aires inaugurou o festival com 1,25 bilhão de dólares a uma taxa elevadísima de 9,125 por cento anual.

A nível de província, o território da governadora Maria Eugênia Vidal, também da coalizão eleitoral Cambiemos, liderada por Macri, fechou estes três meses com mais títulos da dívida por outros um bilhão de dólares, cita como exemplo.

O retorno da Argentina à mesa da dívida no cassino financeiro global é festejado pela banca internacional, diz Zaiat.

O conglomerado JP Morgan, que teve como executivo na Argentina o atual ministro da Economia e Finanças, Alfonso Prat-Gray, está definindo as colocações de papéis da dívida do governo nacional.

Prensa Latina

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