Paraguai

Julgamento contra camponeses pelo massacre de Curuguaty termina no Paraguai

06/07/2016

O julgamento contra trabalhadores rurais sem-terra paraguaios que resistiram à reintegração de posse no acampamento Marina Kue, localizado no município de Curuguaty, terminou na última segunda-feira (4). A sentença será anunciada na próxima semana e varia de 5 a 40 anos de prisão.

No dia 15 de junho de 2012, 324 oficiais da Polícia Nacional fortemente armados entraram em confronto com cerca 60 camponeses – metade deles mulheres, crianças e idosos – o conflito resultou na morte de 11 camponeses e seis policiais e no afastamento do presidente Fernando Lugo.

O Ministério Público daquele país processou 11 pessoas pelas mortes dos policiais, porém não houve nenhuma investigação para apurar o óbito dos camponeses.

Os acusados ficaram quatro anos em prisão preventiva. Um deles, Rubén Villalba, o único que permanece preso e a quem a justiça pretende impor uma pena de 30 anos de cárcere exigiu que não o condenem por sua ideologia ou por pensar diferente.

A alegação contra os camponeses é que eles fizeram uma emboscada para os policiais. “Explicamos de maneira detalhada as circunstâncias, nos referimos com precisão aos fatos e com uma relação de provas apresentadas no processo” declarou Nelson Ruiz, membro do MP.

Por sua vez, Marcos Shirakawa, advogado de um dos trabalhadores rurais ratificou a inocência “rotunda e categórica” dos processados. “Na investigação, o Ministério Público se equivocou, cometeu erros e violações no processo e durante o julgamento não pode sustentar os fatos nem as acusações, não pode provar a atuação nem os presuntos delitos dos acusados”, denunciou.

Ele declarou ainda que os acusados suportaram “quatro anos de um processo injusto e viciado, que violenta seus direitos humanos” e agregou que eles têm “esperança em que o tribunal seja imparcial e objetivo” ao examinar as provas do processo e declarar a inocência dos camponeses

O massacre de Curuguaty serviu de base para a oposição, atual situação, impulsionar a destituição do então presidente Fernando Lugo num julgamento relâmpago. Uma das alegações para seu afastamento foi de que ele promoveu a revolta do campo ao debater a reforma agrária.

O golpe no Paraguai foi amplamente denunciado pelos movimentos sociais e instituições como a Unasul e o Mercosul, além da Federação Sindical Mundial (FSM) que acompanha e denuncia as violações contra os trabalhadores rurais sem-terra desde o ínicio.

Portal CTB com agências

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