Argentina

Lá como cá: Juiz e mídia da Argentina unidos contra Cristina Kirchner

11/04/2016
Movimentos sociais convocam ato em defesa de Cristina Kirchner

Na próxima quarta-feira (13) a ex-presidenta Cristina Kirchner foi convocada a prestar declarações sobre uma acusação feita por um juiz, Claudio Bonadio, conhecido como juiz “AntiK”. Claudio Bonadio abriu nove casos contra a família de Kirchner e ex-funcionários do governo argentino. Não está descartada inclusive a possibilidade de se decretar a prisão preventiva da ex-presidenta.

Por Wevergton Brito Lima*

Cristina Kirchener é acusada de “defraudar a administração pública”, por conta da política cambial adotada pelo seu governo. A acusação foi feita com base na “denúncia” apresentada pela “Aliança Cambiemos”, do atual presidente Mauricio Macri e foi aceita integralmente pelo juiz “AntiK”.

A mídia hegemônica argentina, Clarin à frente, faz um grande barulho em torno do fato, já criando um clima de condenação antecipada, enquanto relega a um lugar secundário e irrelevante o fato de que os “Panamá Papers” revelam que Macri é ligado a nada menos do que três empresas sediadas em paraísos fiscais usadas para sonegar impostos e/ou lavar dinheiro sujo.

Os movimentos sociais convocaram para o mesmo dia 13, quando Cristina prestará o depoimento, uma grande concentração em defesa da ex-presidenta.

Héctor Recalde, líder da Frente pela Vitória (que reúne a esquerda e o campo democrático na Argentina) disse que o processo contra Cristina foi feito com “acusações frágeis e evidências que não existem, é uma perseguição (…) há um clima semelhante ao revanchismo do golpe de 1955, que derrubou o presidente constitucional Juan Domingo Perón”.

Uma parcela do judiciário que atua como ativista político conta com o respaldo da mídia empresarial reacionária e golpista e, unidos, tentam criminalizar uma liderança popular.

A semelhança do método, que se repete com pequenas variações no Brasil, na Bolívia, no Equador, etc, é evidente e mostra como é coordenada a ofensiva da direita em nosso continente, o que exige também uma cada vez maior articulação da resistência popular e democrática.

* Jornalista, membro da Comissão de Política e Relações Internacionais do PCdoB

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