Argentina

Macri aplica todo o pacote neoliberal que escondeu na campanha eleitoral

07/04/2016

Em apenas quatro meses à frente da Argentina, Mauricio Macri desvalorizou em 40% a moeda nacional, triplicou as tarifas de serviços básicos e fez um acordo com os fundos abutres para pagar uma dívida que custará aos argentinos 12 bilhões de dólares.

Não foi o que Macri prometeu quando se vendeu na campanha presidencial como o homem que empreenderia a “revolução da alegria” na qual seria possível construir “uma Argentina com pobreza zero, onde todos possamos aspirar a ter casa própria, a terem orgulho pela educação pública. Vamos fazer um sistema de tarifas justo para todo o país”, dizia.

Para Macri, “a herança recebida” de sua antecessora Cristina Fernández de Kirchner (2007-2015) é o argumento perfeito para justificar um pacote neoliberal no melhor estilo da Espanha, país que até novembro de 2015 tinha 4,1 milhões de pessoas sem emprego e um crescente movimento cidadão contrário ao neoliberalismo como via para superar conjunturas econômicas.

Macri prometeu durante a campanha manter a relação entre o peso e o dólar para evitar uma alta dos preços dos produtos. “Não creio que a desvalorização seja a solução. A solução é baixar a inflação”, comentou, em uma de suas alocuções, citada pelo jornal La Nación. Contudo, apenas seis dias depois de sua posse, ordenou a desvalorização de 40% da moeda local, trazendo consigo o aumento imediato da cesta básica argentina.

O atual presidente também assegurou a seus seguidores que garantiria o direito à liberdade de expressão no país, mas em apenas um mês dentro da Casa Rosada, seus funcionários tiraram do ar o programa de crítica social 6-7-8, a emissora Nacional Rock, demitiu o jornalista Víctor Hugo Morales da emissora Rádio Continental e ordenou o a invasão da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual (Afsca), assim como a modificação da Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual (LSCA), tudo isto para obter o controle do espectro comunicacional.

Inclusive, recentemente, pediu para retirar a Argentina da rede Telesur, medida que impede que mais de 80% da população tenha acesso na TV aberta a realidades excluídas ou ocultas pelos grandes conglomerados de comunicação.

O presidente argentino também se comprometeu a reduzir a pobreza no país, porém de acordo com um informe apresentado pela Universidade Católica Argentina (UCA), o índice de pobreza no território nacional é de 34,5%, a cifra mais alta registrada nos últimos sete anos.

A essas medidas neoliberais se soma a onda arbitrária de demissões efetuada pelo Executivo nacional que deixou mais de 100 mil trabalhadores dos setores público e privado na Argentina sem emprego até agora no ano de 2016.

Ademais, o chefe de Estado embora tenha levantado a bandeira da justiça e da verdade durante sua campanha, desde que assumiu a presidência, instruiu a dissolução de várias instituições que investigaram os crimes ocorridos durante a mais sangrenta ditadura militar do país (1976-1983), como Subgerência de Direitos Humanos do Banco Central da República Argentina (BCRA), encarregada de levar alguns casos de delitos de lesa-humanidade daquele regime.

Génesis Cedeño, para a Agência Venezuelana de Notícias

 

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