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Massivas manifestações na França contra a reforma trabalhista

10/03/2016

Milhares de pessoas manifestaram-se nesta quarta-feira (9) na França, contra um projeto de reforma trabalhista impulsionado pelo governo e criticado pelos sindicatos e organizações juvenis.

A polícia municipal calculou a presença de 224 mil pessoas na mobilização, enquanto que os organizadores afirmaram contar com 500 mil manifestantes.

Em Paris, as autoridades informaram que foram mobilizados 30 mil indivíduos, e os sindicatos computam cem mil.

Segundo a informação divulgada, o plano prevê uma maior flexibilidade no código e no mercado de trabalho. Por exemplo, a organização das horas trabalhadas ou remuneração de horas extras, até agora enquadradas por lei, seriam decididas em acordos feitos empresa a empresa.

O novo projeto também facilita as dispensas por motivos financeiros e limita o pagamento de indenizações concedidas pelos tribunais do trabalho.

Por sua parte, a ministra do trabalho, Myriam El Khomri, em uma entrevista concedida ao jornal Les Echos, disse que com esta iniciativa o governo pretende avançar o país, por meio do diálogo social, garantir ainda mais os direitos reais, tornar as empresas mais competitivas, além de desenvolver e preservar o emprego.

Nesta quarta-feira, os manifestantes clamaram pela eliminação do projeto, considerando que não atende as necessidades do mercado de trabalho francês que conta com uma taxa de desemprego de cerca de 10 por cento.

Alguns entrevistados pela Prensa Latina foram unânimes na demanda pelo “fim da precarização do trabalho, sob o pretexto de lutar contra o desemprego”.

Cabe agora ao governo, consciente da rejeição do seu projeto, extrair as consequências. O Sindicato Força Operária [1] declarou, em um comunicado, que o respaldo recebido da população à manifestação foi um apoio bem sucedido dos cidadãos e afirmou que pretende manter a pressão a este respeito.

A Confederação Geral do Trabalho denominou o protesto como uma resposta forte e unida do mundo do trabalho.

Segundo a entidade, se adotado, esse plano será um retrocesso histórico dos direitos dos trabalhadores, salientando que oferece total liberdade para o empresariado, levando em conta os interesses financeiros das empresas e seus acionistas, e não a proteção dos trabalhadores.

O documento será apresentado em 24 de março, ao Conselho de Ministros. Posteriormente, deverá ser examinado no Parlamento num contexto de persistentes dificuldades no setor do trabalho.

As manifestações desta quarta-feira coincidiram com as greves, por aumento de salários e aposentadorias, na empresa ferroviária estatal (SNCF [2]) e na dos transportes metropolitanos (RATP [3]).

Essas paralisações provocaram complicações no transporte de toda a França, com cerca de 300 km de engarrafamento, apenas nas estradas do entorno parisiense.

[1] CGT-FO – Central Geral dos Trabalhadores – Força Operária (França) (N.T.)

[2] Société Nationale des Chemins de fer Français (Sociedade Nacional das Estradas de Ferro Francesas) (N.T.)

[3] Régie Autonome des Transports Parisiens ( Administração Autônoma dos Transportes Parisienses) (N.T.) 

Fonte: Prensa Latina

Tradução: Maria Helena D’Eugênio, para o Resistência

 

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