Opinião

O julgamento de Dilma e as tentativas de enfraquecer os Brics

14/05/2016

A hipótese de um plano para debilitar os países do Brics (Brasil, Rússia, India, China e África do Sul) ganha força após a notícia de que, finalmente, a presidente Dilma Rousseff será submetida a um julgamento político.

Por Deisy Francis Mexidor

Durante sua recente visita de trabalho à África do Sul, o vice-presidente executivo da República Bolivariana da Venezuela, Aristóbulo Istúriz, alertou sobre isso, porque o objetivo é “desmantelar o Brics”.

Argumentou que esta associação das economias emergentes é uma esperança que fortalece o cenário multipolar. “Os membros do Brics são líderes em regiões importantes do mundo”, disse Istúriz.

Portanto, não devem ser casuais os ataques nos últimos tempos também “contra a Rússia, contra o presidente Vladimir Putin e iguais na África do Sul”, acrescentou o líder venezuelano, que completou uma agenda intensa de dois dias, em Pretória.

Recentemente, o presidente do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), Sihle Zikalala, partido no governo, demosntrou, na província de KwaZulu-Natal (leste), que concorda com este ponto de vista, quando disse que há uma conspiração dos países ocidentais para derrubar tanto Rousseff quanto Jacob Zuma, da África do Sul.

As potências ocidentais veem o grupo Brics como uma ameaça ao seu controle geoeconômico. Não é apenas um mero julgamento político (a Dilma), mas é parte de um plano mais amplo na agenda mundial, enfatizou Zikalala durante uma palestra em Khululekani Mhlongo, Universidade de Zululand.

No mapa global, o Brics representa mais de três bilhões de pessoas, ou 42 por cento da população mundial e gera cerca de 20 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do mundo.

E, se bem analisada, a formação do Brics “foi um divisor de águas” por parte destas grandes economias emergentes em meio à teia de instituições financeiras internacionais.

Para alguns analistas, o potencial de nações como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China é tal que poderiam vir a ser as quatro economias dominantes, até 2050.

Ao mesmo tempo, observadores acreditam que agora os parlamentos ocupam o lugar das armas para instrumentalizar golpes de Estado e derrubar presidentes democraticamente eleitos.

É o que está sendo feito contra Dilma, porém se trata de uma fórmula que já foi usada, como no caso de Manuel Zelaya em Honduras, afirmam os cientistas políticos.

Talvez essa sejana resposta que explique as investidas sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, Dilma ou o ex-presidente Lula, e também contra Rafael Correa, no Equador; Evo Morales, na Bolívia, inclusive contra a ex-presidenta argentina Cristina Fernández.

O vice-presidente Istúriz foi ainda mais longe, dizendo que o objetivo é, também, acabar com os movimentos de emancipação na América Latina e no Caribe, que ganharam impulso com a nova liderança.

Prensa Latina; tradução de Maria Helena de Eugenio para Resistência.

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