América Latina

Ofensiva conservadora na América Latina: Reflexões sobre os traços gerais e lições a extrair

10/06/2016

A crise do socialismo na URSS e países do Leste Europeu e a tendência à unipolaridade, no final dos anos 1980, mudaram radicalmente as condições de luta política, em desfavor do campo popular. A doutrina neoliberal foi a expressão de um “ajuste de contas”, entre a burguesia vitoriosa e o proletariado momentaneamente derrotado.

Por Wevergton Brito Lima, para a Revista Princípios*

Em termos geopolíticos, o papel de “xerife” do mundo foi colocado a serviço de consolidar o poder hegemônico do imperialismo americano. A América Latina não foi exceção.

A Revolução Sandinista, atacada, cercada e chantageada, não resistiu. A Revolução Cubana viveu dias dificílimos, com a intensificação do bloqueio econômico, financeiro e comercial.

Governos servis pululavam na região. No início dos anos 1990 existia apenas um governo de esquerda na América Latina e no Caribe: Cuba. Do México à Argentina, o neoliberalismo triunfava.

E de repente, os ventos do Norte já não moviam os moinhos

No entanto, o projeto neoliberal provocava explosões de descontentamento popular. São exemplos o “Caracazo”, em 27 de fevereiro de 1989, na Venezuela, a revolta zapatista no México em 1994, contra o Nafta (acordo de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá), o movimento piqueteiro de 2001 na Argentina, que derrubou o Presidente Fernando de la Rúa (a Argentina teve cinco presidentes em 12 dias de revolta).

A esquerda consequente, passado o primeiro baque do fim do campo socialista e apesar das mais diversas leituras sobre as causas e significados da debacle, entendeu a necessidade de encontrar formas amplas de atuação, mostrando capacidade de luta e de articulação.

Em 1998, Hugo Chávez vence as eleições presidenciais na Venezuela. Sucessivamente, forças progressistas vencem as eleições no Brasil, no Uruguai, na Argentina, no Chile, na Bolívia, na Nicarágua, no Equador, no Paraguai, em Honduras, em El Salvador.

A integração soberana da América Latina e do Caribe ganha impulso inédito, com a criação ou o fortalecimento de mecanismos como o Mercosul, a Unasul, a Celac e a Alba.

Os EUA, pela primeira vez em quase 100 anos, desde que no início do século 20 consolidaram uma hegemonia continental, não podiam mais tratar a região como o quintal de sempre e tiveram que assistir o continente em peso se aproximar da China e da Rússia, buscando fugir a sua influência esmagadora.

Ao mesmo tempo, políticas de inclusão social promovidas pelos governos progressistas permitiram tirar da fome e do analfabetismo dezenas de milhões de latino-americanos.

Sob fogo cerrado

Mas a experiência destes governos foi constantemente bombardeada. Existiram tempos de mais estabilidade, mas nunca de trégua.

Em 2002, na Venezuela, Chávez é sequestrado e um governo golpista chega a ser empossado. A massa se mobiliza e o golpe é derrotado.

Na Bolívia, em 2008, grupos opositores, liderados por prefeitos da região da Media Luna, promoveram bloqueios de estradas, ocupação de prédios estatais e a sabotagem de um dos principais gasodutos do país, além de organizarem referendos para aprovar uma espécie de declaração de independência da região. A mídia apoiou ruidosamente estas ações, que incluíram o assassinato de camponeses.

Logo depois, em 2009, o presidente hondurenho Manuel Zelaya, que no ano anterior havia levado Honduras a aderir à Aliança Bolivariana para a Nossa América (Alba), tem o palácio presidencial invadido por militares a mando do Supremo Tribunal, que acusava o presidente de traição e corrupção. Zelaya é sequestrado e levado de avião até a Costa Rica. O presidente do Congresso, Roberto Micheletti, faz um grande acordo e consegue colocar a si mesmo na presidência. Tudo isso com irrestrito apoio midiático.

No Equador, em 2010, o presidente Rafael Correa vai até um quartel negociar com policiais em greve. Os policiais realizam um ataque à comitiva presidencial e Correa, ferido, é levado ao Hospital Militar, que foi cercado pelos policiais que chegaram a abrir fogo. O Exército entrou em cena e o presidente consegue sair do hospital com vida. No confronto morreram dois membros da Guarda Presidencial, dois policiais grevistas e um estudante a favor do governo.

No Paraguai, em 2012, o Senado afasta o presidente eleito, Fernando Lugo, em um processo que durou apenas 24 horas. Assumiu a presidência o então vice-presidente Federico Franco, do centrista Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), que apoiou Lugo em 2008 e depois tramou o golpe.

Em março de 2013 o líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez Frias, morre de câncer e muitos analistas apontam este ano como o início da ofensiva geral da direita na região que em 2015 atinge um ponto culminante, tendo inclusive expressão eleitoral, como foi o caso da contundente derrota dos bolivarianos nas eleições legislativas da Venezuela, da vitória oposicionista no referendo que permitiria a Evo Morales concorrer à reeleição e da vitória da direita neoliberal nas eleições presidenciais argentinas.

A direita renovada: Traços gerais da ofensiva conservadora

Embora preservando muitos pontos de contato com formas de ação já antigas e conhecidas, o fato é que os setores conservadores buscaram renovar seus métodos e sua linguagem. Segundo o chanceler do Equador, Guillaume Long, “a direita se reinventou, está muito mais juvenil, com muito mais frescor e multicolorida, procura mostrar uma face sem ideologia (…) mais centrista, para não assustar o povo”. Os traços gerais da ofensiva continental da direita em nosso continente podem ser assim delineados:

1)      Papel ativo da mídia empresarial em um articulado trabalho de desconstrução das imagens dos governos e governantes do campo popular, inclusive coordenando e em alguns casos liderando as iniciativas políticas da oposição.

2)      Judicialização da política em estreita aliança com setores do aparato policial, visando:

a)       Dar suporte à golpes parlamentares;

No Paraguai e em Honduras os golpes foram bem-sucedidos, no Brasil está em fase muito avançada de sua execução.

b)      Criminalizar lideranças e organizações de esquerda.

Comumente isto é feito recorrendo-se às constantes denúncias de corrupção ou de transgressão à normas da administração pública. A mídia se encarrega de transformar a denúncia em fato consumado e promove a condenação antecipada no “tribunal da opinião pública”. Denúncias contra direitistas também são noticiadas, para aparentar uma pretensa “imparcialidade”, mas nem de longe recebem o destaque e a espetacularização de uma denúncia contra um elemento da esquerda. A perseguição midiática-judicial contra a ex-presidenta Cristina Kirchner na Argentina e contra o ex-presidente Lula no Brasil impressionam pela similitude dos métodos, que se repetem com poucas variações por todo o continente.

3)      Instrumentalização da crise econômica mundial.

A crise sistêmica do capitalismo, que explodiu em 2008, repercutiu fortemente na América Latina, o que foi potencializado pela queda das commodities em geral, e do petróleo em particular, em meados de 2011, e pela diminuição no ritmo de crescimento da economia chinesa. Além de eventuais erros de gestão que certamente foram cometidos pelos governos progressistas, esta crise é manipulada e mesmo impulsionada através da sabotagem econômica com fins políticos, aumentando a inflação, o desemprego e refletindo-se fortemente no ânimo do povo, o que é incessantemente usado pela mídia e pela direita.

4)      Forte trabalho profissional nas redes sociais.

Na Bolívia, em fevereiro, depois da derrota no referendo, Evo Morales citou a “guerra suja” nas redes sociais como um dos fatores da derrota. A existência de um filho fora do casamento foi tema usado abundantemente nas redes sociais. No Brasil, grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL), Revoltados Online, Mídia sem Máscara, promovem incansável campanha midiática, usando as redes sociais como principal trunfo para espalhar mensagens de conteúdo conservador e anticomunista, no que contam com evidente profissionalização: robôs e perfis falsos. A Secretaria Nacional de Comunicação do Partido dos Trabalhadores (PT), através de um trabalho de monitoramento nas redes, descobriu que apenas 10% das mensagens raivosas no Facebook contra o partido e o governo tinham origem em perfis reais.

5)      Aliança com forças neofacistas.

A aliança da direita “oficial” com grupos neofascistas ou fascistas não é nova nem na América Latina nem no mundo. Ao mesmo tempo em que se utilizam desses aliados para todo tipo de serviço sujo, publicamente tentam manter distância das atitudes mais reveladoras da matriz fascista, enquanto na prática blindam e dão apoio aos aliados, na convicção de que, no frigir dos ovos, irão isolar os elementos mais perigosos e manter a hegemonia do pós-golpe. No dia 12 de fevereiro de 2014 José Gullén Araque, capitão da Guarda Nacional Venezuelana, deu de presente ao presidente Nicolás Maduro um livro sobre a ascensão do nazismo, declarando na ocasião: “o fascismo tem que ser derrotado antes que seja tarde demais”. Pouco mais de um mês depois Araque foi assassinado com um tiro na cabeça por grupos fascistas venezuelanos liderados por Leopoldo López, cujas ações resultaram na morte de 43 pessoas. Porém, Aécio Neves foi visitar o criminoso na cadeia. A mídia empresarial, da Venezuela e do Brasil, se refere a ele como “preso político” e a atual maioria conservadora da Assembleia Nacional Venezuelana quer impor uma anistia que o beneficie. No Brasil, sedes do PT, do PCdoB e da UNE são vítimas de ataques. Desde as primeiras manifestações pró-impeachment os pedidos de intervenção militar são recorrentes e, embora minoritários, os grupos que defendem a volta da ditadura são bem acolhidos nas manifestações da direita, inclusive tomando parte na direção dos eventos.

6)      Instrumentalização do discurso religioso de viés conservador, principalmente através da corrente evangélica/neopentecostal.

Usando a “defesa da família” como mote, destaca-se na atual ofensiva conservadora da América Latina o papel de pastores e fiéis de igrejas evangélicas. No artigo “Velhas e novas direitas religiosas na América Latina: os evangélicos como fator político”, o sociólogo boliviano Julio Córdova Villazón constata que “para o desenvolvimento de uma posição abertamente conservadora os grupos ‘pró-vida’ e ‘pró-família’ se articulam hoje com redes globais de organizações nas quais circulam discursos religiosos, legais e bioéticos que legitimam suas posturas (…) Essas elites locais evangélicas mantêm uma estreita relação com organizações e líderes da direita cristã dos EUA”.

7)      Milionário financiamento estrangeiro a grupos de direita na América Latina.

Em 2008 o Instituto estadunidense Cato premiou um estudante antichavista, Yon Goicoechea, com o Prêmio Milton Friedman “Avançando para a Liberdade”. Junto com a comenda Yon recebeu um cheque de US$ 500 mil. O Instituto Cato é um “Think Tank” estrangeiro. Think Tanks se apresentam como institutos de pesquisa independentes que buscam influenciar na elaboração de políticas públicas. Na verdade, são instrumentos que movimentam recursos milionários para fazer propaganda – com pretenso embasamento acadêmico – de pautas conservadoras ao mesmo tempo em que financiam movimentos de direita que repercutem suas diretrizes. Um caso de Think Tank nativo é o Instituto Millenium, que reúne os barões da mídia em torno de formulações que sirvam a seus interesses.

A cientista política brasileira Camila Rocha aponta (no artigo “Direitas em rede: think tanks de direita na América Latina”), que atuam na América Latina nada menos do que 674 Think Tanks, locais ou exógenos. Os três países da região com mais instituições deste tipo são: Argentina, com 137; Brasil, com 82 e México com 60.

Think Tanks estrangeiros enviaram para a Venezuela nos últimos anos US$ 45 milhões de dólares destinados a movimentos oposicionistas. Boa parte deste dinheiro foi recebido pelo braço venezuelano da organização Students for Liberty, criado em 2010, a JAVU (Juventud Activa Venezuela Unida).

No Brasil, o braço da Students for Liberty é a organização Estudantes Pela Liberdade (EPL). Juliano Torres, diretor executivo do EPL, em entrevista concedida à Agência Pública (http://apublica.org/2015/06/a-nova-roupa-da-direita/) em 2015, revelou que o Movimento Brasil Livre foi uma “marca” criada pelo EPL. Na entrevista, Juliano confessa que a marca surgiu pela necessidade de lavar o dinheiro recebido de fora para financiar a atividade política: “a gente recebe recursos de organizações como a Atlas e a Students for Liberty, por uma questão de imposto de renda lá, eles não podem desenvolver atividades políticas”. Juliano, na mesma entrevista, declarou que “Kim (Kataguiri) é membro da EPL, então ele foi treinado pela EPL também. E boa parte dos organizadores locais (do MBL) são membros do EPL. Eles atuam como integrantes do Movimento Brasil Livre, mas foram treinados pela gente, em cursos de liderança”. A entidade Atlas, mencionada por Juliano, é a Atlas Network (nome fantasia da Atlas Economic Research Foundation) presidida há 25 anos por Mr. Chafuen, ligado à Opus Dei. Segundo declaração da própria Atlas ao Imposto de Renda dos EUA, em 2013 sua receita foi de US$ 11,459 milhões. Juliano revelou ainda que tem duas reuniões online por semana com a sede americana.

O necessário debate sobre as insuficiências do campo popular

Período tão rico como foram estes últimos 20 anos para os povos da “Pátria Grande” não revela apenas os métodos e o poderio do imperialismo e da burguesia na defesa de seus interesses de classe.  Manifestam-se também os limites e insuficiências na atuação de partidos e governos do campo progressista. Estes limites e insuficiências devem ser minuciosamente estudados e desse estudo devem ser extraídas lições para o futuro. Acompanhando o debate que já está em curso em espaços como o Foro de São Paulo, ou como o 20º Seminário Internacional “Os Partidos e a Nova Sociedade”, organizado pelo Partido do Trabalho do México, em março de 2016, na Cidade do México (participaram 315 delegados internacionais, representando 130 partidos, organizações e movimentos políticos e sociais de 41 países), podemos sistematizar algumas das mais constantes autocríticas feitas nesses fóruns:

– Conhecimento insuficiente do desenvolvimento das leis econômicas. Não se reduziu a dependência das exportações de produtos primários que ao contrário do que se esperava há dez anos acabou intensificando-se durante os governos de esquerda, em alguns casos provocando certo grau de desindustrialização. Rodrigo Cabezas, ex-ministro de Finanças da Venezuela e atual Secretário de Relações Internacionais do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV) chega a dizer que no caso do seu país: “assumimos o rentismo petroleiro como modelo”.

– Avançou-se pouco em reformas estruturais visando diminuir a hegemonia econômica, política e cultural do grande capital no aparelho estatal e na sociedade. Um bom exemplo disso é a questão da comunicação. Mesmo naqueles países que conquistaram avanços em relação à democratização da mídia, é a direita que continua controlando a imensa maioria do fluxo de informação e repercutindo suas pautas.

– Ilusão quanto ao caráter de classe da sociedade burguesa, acreditando que articulações “por cima” poderiam mitigar as contradições e o enfrentamento.

– Valores tradicionais da esquerda não foram devidamente preservados e fortalecidos, abrindo caminho para casos de leniência em relação à corrupção.

– Cedência em relação ao pragmatismo eleitoral exacerbado. Em nome do desempenho eleitoral foram admitidas em partidos do campo popular pessoas notoriamente oportunistas, carreiristas e sem compromisso real com a luta. Um personagem deste tipo, além de não contribuir com o debate ideológico, com raras e honrosas exceções, apresenta os seguintes comportamentos: quando no parlamento surgem polêmicas com a direita, é muito suscetível à pressão midiática, redobrando as exigências cartoriais e carreiristas para manter a “fidelidade”; quando seu projeto pessoal tem melhor expectativa de ser atendido em outro campo, mesmo que seja o campo oposto ao qual está filiado, não hesita em mudar de lado, levando consigo todo o cabedal político-eleitoral que acumulou à custa do campo popular, deseducando a população em relação à diferença das práticas entre a esquerda e a direita, contribuindo para o desencanto e a despolitização; quando surgem crises de grande monta e o campo popular é atacado, é o primeiro a abandonar a batalha e, em muitos casos, torna-se instrumento valioso nas mãos do inimigo. Segundo Juan Carlos Aldas, coordenador de Ação Política do Movimento Pátria Altiva e Soberana (Movimento País), que governa o Equador desde 2007, “é necessário escolher melhor os deputados lançados pelo partido, para que não aconteça como na última legislatura equatoriana, quando membros da sigla passaram para a oposição. A revolução é como um submarino: conforme se aprofunda, os parafusos frouxos são os primeiros a saltar fora por causa da pressão”.

Essas reflexões, embora presentes em muitas análises, estão longe de representar sequer o rascunho de um diagnóstico acabado, o que só será possível após um estudo aprofundado, mas sem dúvida elas servem para ajudar no debate que se inicia.

A ofensiva da direita não dá sinais visíveis de arrefecimento. Contudo, por mais audaciosa que seja esta investida, ela não será capaz de fazer retroceder a América Latina e o Caribe ao tempo em que o neoliberalismo era o todo poderoso senhor do continente. O mundo do início dos anos de 1990, que tendia à unipolaridade, não é o mesmo que hoje tende claramente à multipolaridade, o que se por um lado aumenta a agressividade do imperialismo na defesa de suas posições, permite também maior margem de manobra às nações que se empenham em preservar suas soberanias. A luta dos povos galgou posições importantes e as conquistas sociais que foram alcançadas têm alto valor pedagógico para as massas. Não esqueçamos que no Chile, em janeiro de 2010, aconteceu o impensável: partidos fundados por apoiadores da ditadura de Augusto Pinochet fizeram uma coalizão que elegeu o bilionário Sebastián Piñera presidente.  Nas eleições seguintes, realizadas em dezembro de 2013, a candidata da esquerda Michelle Bachelet venceu com 62,16% dos votos. Na Argentina, a vitória da direita foi por apenas 2,7% e o povo está enchendo as ruas com seus protestos, o que acontece em maior ou menor grau em todos os países de nossa região.

Extrair lições da crise e definir possíveis correções de rumo pode ajudar a fortalecer convicções em torno de bandeiras elevadas e ousadas que visem aprofundar cada vez mais a democracia, os direitos sociais e a soberania nacional.

Frente à ofensiva conservadora, mais do que nunca a unidade e o internacionalismo são necessidades vitais para os trabalhadores, na América Latina e no mundo.

* Jornalista, membro da Comissão de Política e Relações Internacionais do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

Fonte: Revista Princípios número 141

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