Brics

Oitava reunião de cúpula do Brics encara os desafios da economia e da conjuntura política internacional

17/10/2016

A oitava cúpula do Brics, realizada em Goa, Índia, terminou neste domingo (16) com um forte impulso à cooperação entre seus cinco membros, chamados a trabalhar pela recuperação econômica mundial.

Tal como se esperava, a situação econômica foi o principal tema do evento, em meio aos problemas que enfrentam vários integrantes do grupo, formado pela Índia, Rússia, Brasil, China e África do Sul.

Nossos países enfrentam novos desafios em seu desenvolvimento devido a fatores internos e externos, advertiu o presidente da China, Xi Jinping, que chamou a aplicar ações concretas para fortalecer a confiança mútua.

Apesar das dificuldades, o potencial e a força dos países do Brics em termos de recursos, mercado e força de trabalho se mantêm inalterados, sublinhou.

Por sua vez, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, instou a estudar a criação de uma agência de energia do foro e impulsonar a cooperação no âmbito do comércio eletrônico. Já o presidente do Brasil, Michel Temer, pediu que se incremente o comércio externo.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, considerou que os debates foram produtivos, depois de reconhecer que a recuperação econômica foi um dos temas mais abordados.

Adotamos a Declaração de Goa, que estabelece uma visão integral para nossa cooperação dentro do Brics e sobre questões internacionais, sublinhou.

O texto demanda uma ordem internacional mais justa, democrática e multipolar, ao tempo em que reclama uma reforma integral das Nações Unidas, que inclua seu Conselho de Segurança.

Também clama pela solução dos conflitos através de meios políticos e diplomáticos, e defende ‘a igualdade soberana dos Estados e a não intervenção nos assuntos internos’ dos países, ao tempo em que critica a imposição de medidas coercitivas unilaterai que contrariam o direito internacional.

Condenamos as intervenções militares unilaterais e as sanções econômicas, expressa o documento.

A oitava cúpula do Brics é um passo a mais na criação de uma rede de mercados emergentes, considerou um editorial do jornal The EconomicTimes.

Para além das declarações políticas, há progressos concretos em áreas específicas onde estes cinco grandes mercados emergentes podem fazer uma diferença mediante o trabalho conjunto e a coordenação de suas políticas entre si, destacou.

Entre essas propostas sobressai a criação de uma agência própria de classificação diante das críticas às agências ocidentais como Moody’s, Standard & Poor’s, e Fitch por suas posturas tendenciosas.

Os presidentes dos países do Brics respaldam o plano, mas não pudemos assinar o acordo porque os especialistas ainda têm que abordar o tema, comentou o secretário de Relações Econômicas da chancelarfia indiana, Amar Sinha.

A cúpula serviu de plataforma para numerosos encontros bilaterais que ajudam a impulsionar as relações entre seus membros.

Como parte desses contatos, Modi e Putin participaram no sábado na cerimônia de assinatura de 16 acordos em matéria de defesa, energia, investimentos, educação, exploração espacial e transporte.

Como parte dos compromissos alcançados, a Índia adquirirá cinco baterias do inovador sistema de mísseis russo S-400, no valor de cinco bilhões de dólares, e quatro fragatas com tecnologia furtiva ao custo total de quatro bilhões de dólares.

Ademais, decidiu-se a fabricação conjunta de 200 helicópteros Kamov 226-T, a maioria dos quais na própria Índia, e foram assinados acordos para construir cidades inteligentes e para a cooperação entre as agências espaciais de ambas as nações.

Os presidentes da Rússia e China, Putin e Xi abordaram em um encontro bilateral vários aspectos de cooperação mútua e a situação na Síria, diante dos intentos do Ocidente e de várias potências regionais de derrocar o presidente Bashar al Assad com o apoio a grupos extremistas.

Com um Produto Interno Bruto superior a 16,6 trilhões de dólares, o Brics representa 3,5 bilhões de pessoas, 53 por cento da população mundial.

Segundo fontes da Índia, o comércio entre seus membros foi de 250 bilhões de dólares no ano passado, e a proposta é duplicar a cifra até o ano 2020.
Prensa Latina

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