Perseguição a comunistas ucranianos é ataque ao direito democrático

15/01/2016

Recebendo apoio dos EUA, da União Europeia e da Otan, o atual presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, além de guerrear contra a sua própria população na região de Donbass, também tem perseguido o Partido Comunista da Ucrânia (PCU).

Ele utiliza-se de diversas medidas, inclusive algumas contrárias as leis ucranianas e outras contra as leis internacionais, para cercear e impedir que os comunistas consigam realizar uma oposição ativa.

Segundo o Secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB, José Reinaldo Carvalho, o esforço de Poroshenko em ilegalizar o partido no país ocorre porque o PCU se tornou uma das vozes mais ativas contra o nazi-fascismo surgido em terras ucranianas e contra as medidas do atual governo, consideradas antinacionais.

Vermelho: Qual a situação dos comunistas ucranianos e que tipo de problemas eles têm enfrentado com o governo de Petro Poroshenko?

José Reinaldo:
A Secretaria de Política e Relações Internacionais do Partido lançou uma nota durante esta semana, publicada em primeira mão pelo Blog da Resistência, condenando o banimento do Partido Comunista da Ucrânia e manifestando total solidariedade aos camaradas ucranianos no enfrentamento a essa medida arbitrária do governo e na luta para manter a organização comunista e o combate em defesa dos direitos do povo.

A ilegalização e o banimento do partido aconteceram no apagar das luzes de 2015. Representam um ataque aos direitos democráticos e um golpe voltado contra uma força consequente que luta pela democracia, as causas patrióticas e os direitos dos trabalhadores e das massas populares.

Vermelho: Em que contexto isto ocorre?

José Reinaldo: A origem disso é o golpe de Estado que ocorreu na Ucrânia em fevereiro de 2014, resultante de uma conjugação de forças que envolveu os golpistas e grupos fascistas, contando com o apoio político, midiático e financeiro da União Europeia e dos EUA. A movimentação política que redundou no golpe começou em outubro de 2013, num processo que se enquadra no que se tornou conhecido como operações de “Regime Change’’ (mudança de regime), que ocorreram em vários países do entorno da ex-União Soviética e do Leste Europeu, as chamadas revoluções coloridas. Agora os círculos imperialistas estão tentando aplicar a mesma “tecnologia” golpista de “regime change” na América Latina, como é o caso da Venezuela e, com peculiaridades, do Brasil.

Na questão ucraniana estão envolvidos também aspectos geopolíticos. A Ucrânia é parte de uma disputa geopolítica entre o imperialismo estadunidense, seu braço armado, a Otan, e a União Europeia, por um lado, e a Rússia, por outro, comportando riscos de militarização crescente e de conflito bélico em pleno Leste da Europa.

Esta rivalidade cresceu na medida em que a Rússia não só atuou como força opositora aos golpistas ucranianos, como se tornou um freio às pretensões intervencionistas na Síria.

Vermelho: A popularidade do Poroshenko está em baixa, isto pode ser um dos fatores que levaram o presidente ucraniano a intensificar a perseguição aos comunistas?

José Reinaldo: É possível, acredito que sim, mas o fator mais importante é que o Partido Comunista da Ucrânia tem sido a força decisiva na luta do povo ucraniano contra as medidas antipopulares e antinacionais do governo Poroshenko, a principal voz na oposição ao governo golpista. Este, por sua vez, ao banir o partido, tem por objetivo intimidar e calar os comunistas. Mas, confio em que não vai conseguir. Apesar das condições difíceis, os comunistas continuarão desempenhando seu papel.

Esta medida que está sendo tomada na Ucrânia contra os comunistas não está desligada da ascensão do nazi-fascismo, dos grupos de extrema direita em vários países do entorno e mesmo na Europa Ocidental. Essa é uma tendência forte que vai surgindo. Corresponde à gravidade da crise do sistema capitalista. Em um ambiente assim surgem forças de extrema direita. Então, não podemos achar que se trata de um fato isolado.

Vermelho: E a tentativa do governo ucraniano de comparar o nazismo e o comunismo?

José Reinaldo: Esta foi uma fórmula que encontraram para conseguir demagogicamente algum respaldo da opinião pública ou algum respaldo legal. Na prática, os grupos nazifascistas são tolerados, têm protagonismo. Além do que, igualar o comunismo ao nazismo é uma falsificação da história. Temos que ressaltar que essa analogia que se pretende fazer entre nazismo e comunismo é uma expressão grosseira do anticomunismo. Os reacionários não têm argumentos objetivos contra os comunistas. Os comunistas são progressistas, são democratas, são patriotas, estão à frente da luta pelos direitos do povo. As forças reacionárias, então, recorrem à falsificação da história. Por isso, consideramos nosso dever – do Partido Comunista do Brasil e de seu veículo de comunicação na internet que é o Portal Vermelho – esclarecer as novas gerações, fazer a narrativa correta da história, mostrar o papel que os comunistas desempenharam na luta contra o nazi-fascismo e o que desempenham hoje em defesa das causas progressistas e emancipadoras.

Fonte: Portal Vermelho

Compartilhe:

Leia também