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Trégua na Síria é chave para a diplomacia russa

29/02/2016

A implementação do acordo para uma trégua na Síria foi um fator chave nos esforços diplomáticos e políticos desenvolvidos pela Rússia na semana passada, apesar da questionada variante estadunidense do chamado plano B, alternativo à paz.

Por Odalys Buscarón Ochoa

O regime de cessar-fogo negociado entre os presidentes Vladimir Putin e Barack Obama, na última segunda-feira (22), entrou em vigor na meia-noite deste sábado em território sírio, em um ambiente de incerteza pelo ativismo das organizações terroristas que não acataram as condições do armistício, e as arengas de boicote.

Junto com o governo do presidente Bashar Al Assad, mais de uma centena de agrupamentos opositores armados certificaram o desejo de acolher a trégua e de respeitar as condições estabelecidas, sobre a base do plano concertado pelo Grupo de Apoio à Síria, em Munique, semanas atrás.

Em conversação telefônica com Putin, o mandatário sírio expressou seu apoio à iniciativa russo-estadunidense e confirmou a disposição de Damasco para apoiar sua implementação, em condições difíceis, pelo perigo de ingerência por parte de alguns atores regionais interessados em uma divisão do território e de seus recursos.

As forças armadas sírias estão em total disposição para um cessar-fogo, afirmou na véspera o embaixador de Damasco em Moscou, Riad Haddad.

Ele indicou que o Exército coordena as ações com os representantes da Rússia e nesse sentido “só é necessário que se dê uma ordem para suspender as hostilidades”, agregou.

Segundo o diplomata, representantes de organizações armadas opositoras subscreveram os respectivos acordos de trégua em várias localidades das províncias de Latakia, Homs, Deraa e no entorno de Damasco.

Entre os primeiros passos, o comando militar russo estabeleceu um centro de controle do cessar-fogo na base aérea de Jmeimim com o objetivo de recolher as solicitações de um silêncio de armas ao menos durante duas semanas.

Paralelamente a isso, o presidente russo desenvolveu intensos contatos com líderes internacionais e regionais para expor a sequência de normas e procedimentos do plano de paz negociado entre Moscou e Washington.

Putin obteve o compromisso de apoiar a iniciativa pacificadora por parte das autoridades da Arábia Saudita, do Irã, Iraque, Catar e de Israel, unido às expressões de respaldo de líderes religiosos.

Ao intervir nesta sexta-feira (26) em uma reunião de alto nível dos órgãos de segurança da Rússia, o chefe de Estado manifestou a esperança em que o pacto pode ser cumprido com espírito concertado, apesar de reconhecer as complexidades objetivas no terreno pelo  prolongamento da guerra no país árabe durante quase cinco anos.

É necessário criar todas as condições para conseguir um cessar-fogo na Síria, afirmou Putin ao tempo em que sublinhou a necessidade de continuar a luta contra o chamado Estado Islâmico e organizações afins como a Frente al-Nusra, como premissa chave da paz na Síria.

Putin disse que esperava que os Estados Unidos compartilhassem essa posição decisiva no combate ao terrorismo internacional.

O vice-presidente da Duma (parlamento) estatal Ivan Melnikov destacou o compromisso de Moscou com esse acordo de paz, o qual, a seu juízo, reforçou a estratégia da Rússia na Síria.

Melnikov considerou que a Rússia carrega o peso da iniciativa e não deixará à mercê dos Estados Unidos uma resolução da situação no país árabe, ao recordar os obstáculos que Washington e seus aliados interpuseram durante todo o tempo às ações de Moscou para golpear as estruturas terroristas na Síria.

Por outro lado, não passam desapercebidos para especialistas russos as linhas de mensagens carregadas de ceticismo desde Washington quanto ao êxito da iniciativa de paz, inclusive com arengas belicistas, reforçadas com um prelúdio de acusações contra o Krêmlin, no caso de um fracasso.

 Fonte: Prensa Latina

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