América Latina

ALBA: o sonho de dois Quixotes

07/03/2017
Foto: Estudio Revolución

“A construção da unidade é a tarefa mais importante que enfrenta toda revolução verdadeira”, afirmou o general-de-exército Raúl Castro Ruz, Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, ao discursar, neste domingo, 5 de março, na 14ª Cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América-Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP), realizada em Caracas, Venezuela.

A unidade regional, o legado de Fidel e Chávez neste sentido e quanto falta ainda por avançar no caminho da integração, foram temas retomados uma e outra vez durante as intervenções.

“Fidel ensinou-nos a recorrer sempre à história, a sermos audaciosos e, ao mesmo tempo, realistas, e que o que parece impossível pode ser atingido se nos propomos alcançar isso com firmeza e agimos de maneira consequente”, refletiu o general-de-exército.

Alertou que “estamos em uma etapa crucial de nossa história” e “um recuo em escala regional teria impactos muito negativos para nossos povos”. Diante de tal realidade — assegurou — “os países membros consideramos a integração solidária como uma condição imprescindível para avançar rumo ao desenvolvimento”.

“Não estão sozinhos”, reiterou Raúl ao povo bolivariano e ratificou o compromisso assumido de acompanhar a defesa da Venezuela, bem como a posição digna, valente e construtiva do presidente Nicolás Maduro Moros.

“Para Cuba, nenhuma causa justa da Pátria Grande é alheia e essa é a vontade de nosso país”, expressou Raúl mais uma vez e ainda, reiterou a solidariedade com Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Fernández de Kirchner, reconhecidos líderes da Nossa América

Uma aliança de Paz

“Temos vindo a esta Cúpula para reafirmar, em homenagem a Fidel e Chávez, que o caminho de nossos povos é a cooperação, a complementaridade e a solidariedade humana, cristã, latino-americana e caribenha; esse é o nosso caminho”, expressou o presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, em suas palavras durante a inauguração da Cúpula.

“A ALBA nasceu de um parto histórico, nos começos do século XXI e viu a luz para defender as ideias de nossos povos”, evocou o presidente venezuelano. E sublinhou que esta aliança tem demonstrado que um mundo melhor é possível, pondo o ser humano no centro de todos seus projetos.

“Nesta primeira etapa, a ALBA é o projeto que de melhor forma tem tornado realidade os sonhos, as esperanças e a visão geopolítica dos libertadores”, valorizou Maduro. “A região — disse — viu nascer diferentes mecanismos de integração, úteis, pertinentes; porém a partir deste espaço temos construído uma identidade e a visão de elevar a cooperação até um patamar superior”.

“Com Fidel e Chávez vamos continuar transitando o século XXI”, afirmou o presidente anfitrião da histórica reunião. O desafio continua sendo “converter a ALBA, em todas suas dimensões, em uma aliança para ajudarmo-nos, para construirmos uma nova região, uma aliança de paz, de solidariedade, de futuro”; e dessa forma continuar consolidando aquilo que foi assinado em Havana, em janeiro de 2014, após a proclamação de Nossa América como Zona de Paz.

Após ter sido inaugurada a Cúpula, os participantes tiveram, às portas fechadas, durante aproximadamente quatro horas, “uma frutífera reunião” que atualizou a visão de seus governos sobre a situação atual, segundo informou o presidente Maduro ao reiniciar a sessão pública.

Ao concluírem os discursos dos chefes de delegações, a ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, leu a Declaração da 14ª Cúpula da ALBA-TCP “Defendamos a união, a dignidade e a soberania”.

Deste documento, Nicolás Maduro fez questão de destacar três decisões fundamentais: reativar um fundo financeiro para o apoio legal e assessoria aos migrantes de Nossa América nos Estados Unidos; acolher com força a convocatória feita por Evo Morales, para realizar a Conferência Mundial dos Povos Por um mundo sem muros rumo à cidadania universal; e nomear como secretário-geral da ALBA David Choquehuanca, ex-ministro das Relações Exteriores da República da Bolívia.

Outro pronunciamento desta Cúpula foi o respaldo dos países da ALBA-TCP ao justo e histórico reclamo do Estado Plurinacional da Bolívia, sobre seu direito a uma saída ao mar com soberania. Ao mesmo tempo, reafirmaram o apelo feito, em fevereiro de 2013 aos governantes e povos do Chile e da Bolívia, para que de forma pacífica e mediante o diálogo e a negociação, encontrem uma solução satisfatória a este problema.

A celebração da 14ª Cúpula, neste dia 5 de março, coincidiu com o quarto aniversário da desaparição física do comandante Hugo Chávez. Que o palco escolhido fosse precisamente a Venezuela, constituiu também um apoio dos membros desta Aliança à Revolução Bolivariana.

Cuba na Venezuela

“A presença aqui de Raúl Castro é a de um irmão, de um pai, de um bom amigo da Venezuela”, disse o vice-presidente executivo do governo bolivariano, Tareck El Aissami, em declarações à imprensa cubana, pouco antes de receber o presidente dos Conselhos de Estados e de Ministros da Ilha, no domingo, 5 de março, no aeroporto internacional Simón Bolívar.

Igualmente, agradeceu o acompanhamento de Cuba, não somente agora, mas a partir do momento em que a Revolução ocupou o poder político na Venezuela. «Cuba sempre tem estado como um povo irmão e nos tem ajudado a avançar neste caminho difícil que é a causa revolucionária”, manifestou.

“Fidel é para nós o que Chávez é para Cuba. Dois gigantes nos converteram em irmãos e nos conduziram por um mesmo destino: o de construir a Pátria grande. Cuba e a Venezuela são dois povos inseparáveis agora e para sempre”, por isso a presença aqui de Raúl e do povo cubano é a reafirmação do amor de ambas as nações, valorizou o vice-presidente.

Temos um “agradecimento infinito a Cuba, à Cuba de Fidel, à Cuba revolucionária, à Cuba digna que não se ajoelhou nem se ajoelhará diante das pretensões imperiais; por isso é que seguimos seu exemplo. São duas revoluções e um destino: a vitória”, concluiu.

Fonte: Granma

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