Oriente Médio

Esquerda Árabe: Sionismo é ponta de lança do imperialismo para desmembrar a nação árabe

12/04/2017

De 24 a 26 de março de 2017, foi realizado em Túnis, capital da Tunísia, o congresso do 8º Encontro da Esquerda Árabe. O Partido dos Patriotas Democráticos Unificado (Watad) foi o anfitrião da reunião, que teve como tema “Palestina – 100 anos de resistência”, e contou com a participação de membros do Fórum da Esquerda Árabe, vários partidos, organizações e associações do mundo árabe, Ásia, África, Europa e América Latina, além de organizações amigas e solidárias com o povo palestino.

free_palestineForam 7 sessões, onde se discutiram as consequências das atuais políticas do imperialismo internacional e seu braço colonialista, cujo objetivo é liquidar a causa palestina, o “projeto de um novo Oriente Médio” e o novo Sykes Picot ([1]), com a finalidade de desmembrar o que já está desmembrado; uma base religiosa, sectária e étnica. O encontro também abordou a situação do processo revolucionário no mundo árabe e as influências das guerras e conflitos terroristas, sectários e reacionários sobre a luta do povo palestino. O encontro também se dedicou à discussão sobre a situação dos prisioneiros palestinos nas prisões do estado sionista, e as formas de unir o empenho das forças progressistas para sua liberdade.

O encontro terminou com um acordo entre os componentes do Fórum da Esquerda Árabe e as delegações internacionais participantes do Congresso sobre um conjunto de tarefas de luta e planos de trabalho de solidariedade para com o povo palestino e a sua causa nacional legítima, destacando-se:

Enfrentar as tentativas de normalização das relações com o Estado sionista, por parte de alguns governos e forças políticas reacionárias árabes.

Lutar contra os projetos que têm como objetivo a aniquilação da causa Palestina por parte do imperialismo internacional, sob a liderança dos EUA com a cumplicidade dos governos árabes.

Chamar a atenção sobre o perigo dos acordos que podem pôr fim à causa palestina, às reivindicações nacionais legítimas, causando consequências negativas sobre a resistência palestina e o seu processo de luta.

Condenar a ofensiva das alianças imperialistas internacionais, regionais e do terrorismo, cúmplices na destruição da unidade dos territórios e dos países árabes na Síria, Líbia, Iêmen, Iraque e Bahrein, e para consolidar o Estado sionista como uma potência regional que controla política, econômica e militarmente a região.

Comprometimento com as lutas das massas populares árabes para a libertação nacional, a mudança democrática, e o progresso social. Condenar todas as formas de repressão e violação cometidas contra os partidos e as organizações patrióticas e democráticas, por uma parte das ditaduras reacionárias árabes. Nesse sentido, o encontro manifesta sua solidariedade ao movimento progressista de Bahrein, contra as medidas repressivas que reprimem a liberdade de ação política e partidária e, sobretudo, denuncia a tentativa do regime de dissolver a associação progressista de Waad.

Os delegados ao encontro acordaram de tornar pública uma declaração política, sob o título “A Declaração da Tunísia de Solidariedade à Causa Palestina”. Leia abaixo.

Declaração da Tunísia de solidariedade à causa palestina

Os partidos do Fórum da Esquerda Árabe reuniram-se em Túnis, por ocasião do 8º Congresso, sob o tema “Palestina 100 anos de resistência”. Depois de debater a situação política em nível internacional e árabe, os resultados do movimento de libertação nacional árabe em geral e o futuro da causa palestina, em particular, o encontro se dirige ao conjunto das massas populares árabes, as forças da liberdade, do progresso social no mundo, com a seguinte declaração, que afirma:

Palestina1- Que a causa palestina foi e continuará sendo a causa central do movimento de libertação nacional árabe, o que demanda que todos os militantes se unam à luta do povo palestino e a suas forças patrióticas e democráticas, na resistência contra a ocupação, os assentamentos, para fazer frente aos projetos que ameaçam os diretos nacionais do povo palestino. Reiteramos o compromisso de luta por todos os métodos legítimos, inclusive a luta armada.

2- O projeto sionista é a ponta de lança dos planos imperialistas que visam a desmembrar a nação árabe, a divisão de suas sociedades através da fomentação de conflitos sectários, religiosos e étnicos, e da criação e suporte de organizações terroristas obscurantistas.

3 – A confrontação com esse projeto passa pela mobilização das forças populares, com base em um programa de luta nacional e social para impedir que regimes árabes oficiais sejam cúmplices na aniquilação da causa palestina.

4 – Apoiar as forças revolucionárias no mundo árabe em seu confronto com projetos contra-revolucionários, para continuar as revoluções árabes, no sentido de alcançar objetivos nacionais, classistas, sociais e democráticos.

5- A luta do movimento de libertação nacional árabe é parte da luta dos povos, em todo o mundo, contra as políticas do imperialismo internacional sob a liderança do imperialismo estadunidense. O encontro reafirma a sua vontade de desenvolver e consolidar as relações de luta com as forças da liberdade e do progresso no mundo, contra as políticas de exploração de classe e opressão nacional, contra o colonialismo, o racismo as guerras agressivas reacionárias.

6- O encontro da Esquerda Árabe saúda a memória dos mártires do movimento de libertação nacional árabe, dos dirigentes e ativistas que se sacrificaram pelo que é mais valioso para a libertação dos seus países e para o progresso de seus povos. Reiterou-se também a vontade de continuar a luta e saudou-se a todos os prisioneiras e prisioneiros palestinos e árabes, que se encontram nos cárceres da ocupação sionista. Saudamos também a luta, sob o comando do camarada preso Ahmed Saadat, secretário-geral da Frente Popular de Libertação da Palestina e de seus companheiros, expressando a nossa solidariedade e apoio incondicionais e apelando a todas as forças de liberdade e progresso no mundo. Para que demandem a libertação de todos os prisioneiros.

Os presentes no encontro acordaram publicar um programa de luta, com os seguintes tópicos:

Considerar 17 de abril como o dia do prisioneiro palestino, um dia de mobilização árabe e internacional para todas as formas de luta pela liberdade dos presos.

Publicar o informe realizado pela ESCWA ([2]) sobre a violação do Estado sionista, contra os direitos humanos na Palestina ocupada.

Desenvolver e generalizar o movimento de boicote político, econômico, cultural, esportivo e acadêmico, em todos os níveis ao Estado sionista. Chamando todas organizações e partidos progressistas no mundo a apoiá-lo.

Formar um comitê de juristas, como parte do Encontro da Esquerda Árabe, com o objetivo de dar apoio jurídico, de direito e político à causa palestina em foros, nas instituições e organizações do direito internacional.

Considerar 15 de maio (dia da Nakba [[3]]), o dia árabe de solidariedade com a causa palestina.

Promover ações coordenadas com as redes de esquerda no âmbito dos continentes, concretamente com o Foro de São Paulo e a rede da Esquerda Africana.

Participar do aniversário de 100 anos da gloriosa revolução de outubro, que joga um papel de destaque ao denunciar o acordo Sykes Picot, o que tem dado um impulso importante ao movimento de libertação nacional e internacional árabe.

Estabelecer a causa palestina como prioridade nas movimentações e obter o apoio sobre a base da solidariedade internacional contra o imperialismo e o sionismo.

Exigir da Autoridade Nacional Palestina o rompimento com todo o tipo de coordenação em assuntos de segurança e de política com o Estado sionista, e o apoio à luta dos palestinos em todos os territórios ocupados, inclusive os territórios de 1948, que estão submetidos ao plano de deportações contínuas.

Finalmente, o Encontro da Esquerda Árabe apela às forças progressistas palestinas para unificarem as fileiras das forças nacionais de libertação e da esquerda para alcançar os direitos legítimos dos palestinos ao retorno a todo o território de onde foram expulsos e pela libertação de sua terra e a implantação do seu estado independente, com a capital em Jerusalém.

A reunião teve como objetivo a estruturação formal do Encontro da Esquerda Árabe, para sua consolidação e desenvolvimento de uma forma que possa garantir a unificação do empenho de todas as forças de esquerda e revolucionárias, com base na luta contra o imperialismo, o sionismo e seus fantoches dos regimes reacionários árabes, de modo a alcançar a libertação nacional, a unidade árabe, a democracia e a justiça social.

Túnis, 26 de marzo 2017

Fonte: Portal Alba

Tradução de Maria Helena D’Eugenio para o Resistência

[1] Polêmico acordo, sobre os conflitos no Oriente Médio, que completou cem anos em 2016. (N.T)

[2] Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a Ásia Ocidental (N.T.)

[3] Em árabe no texto, em português significa Catástrofe (N.T.).

Compartilhe: