Geopolítica

EUA abandona diálogo sobre a Síria e Lavrov acusa: “Desde o início muitos na administração americana queriam quebrar os acordos”

04/10/2016
O secretário de Estado norte-americano (John Kerry, esquerda) informou a decisão ao seu homólogo russo (Sergei Lavrov, direita) durante a tarde de segunda-feira (3) / Foto: Kevin Lamarque

Os EUA anunciaram nesta segunda-feira (3) a suspensão unilateral do diálogo com a Rússia com vista a um novo acordo de cessar-fogo na Síria.

Num curto comunicado, o Departamento de Estado norte-americano anunciou a decisão unilateral. O porta-voz da Casa Branca afirmou que “não há nada para falar com a Rússia para tentar chegar a um acordo que reduza a violência na Síria”.

Em reação, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, lamentou existirem “muitos que queriam quebrar os acordos desde o início, inclusive dentro da administração norte-americana”. O responsável russo afirmou que a crise na Síria só pode ser ultrapassada “coletivamente – juntamente com os EUA, os países europeus e os principais países da região”.

Hostilidades sobem de intensidade após fim do cessar-fogo

Esta decisão vem dificultar os esforços para uma solução política para o conflito na Síria e deverá reforçar as movimentações militares no território. Desde o fim do cessar-fogo que esteve em vigor entre 12 e 20 de setembro, as hostilidades subiram de intensidade.

A 17 de setembro, um ataque norte-americano fez cerca de 90 vítimas mortais na província de Deir es-Zor. A 20 de setembro, um comboio com ajuda humanitária foi atingido por um ataque aéreo, perto de Alepo. Os EUA apressaram-se a acusar Damasco e Moscou como responsáveis pelo ataque, ao que as autoridades russas desmentiram e avançaram com informações de que um drone norte-americano terá sobrevoado a região, de acordo com a Sputniknews.

Ataques no terreno são acompanhados por retórica belicista

O intensificar das operações militares no terreno tem sido acompanhado por uma escalada retórica, alimentada por Washington. Em resposta às questões da RT, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, John Kirby, deixou ameaças veladas à Rússia.

Numa conferência de imprensa, a 29 de setembro, Kirby deixou o aviso: “Grupos extremistas irão continuar a aproveitar os vazios (de poder) que existem na Síria para expandir as suas operações, que incluem, sem dúvida ataques contra interesses russos. Talvez até cidades russas. E a Rússia vai continuar a enviar para casa soldados em bodybags (tradução literal: sacos para transportar cadáveres”.

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