Cuba

Brasil e Cuba, amigos ou inimigos?

18/01/2020

Para o cônsul-geral de Cuba em São Paulo, Embaixador Pedro Monzón, situações passageiras não quebram laços estreitos como os existentes entre o Brasil e Cuba desde o restabelecimento de relações diplomáticas, em 1986

A amizade entre nações não se define a partir de incidentes conjunturais. Sua origem e seu desenvolvimento residem na comunidade de traços essenciais e nas relações mantidas com o tempo, que dão lugar a vínculos estreitos —e que não podem ser quebrados por situações passageiras. É este o caso das relações entre Cuba e Brasil.

Unem-nos atributos de nossa idiossincrasia, imaginários e tradições, que nos outorgam uma atitude e visão do mundo distintas. Compartilhamos o sincretismo religioso, fusão do africano e nativo com crenças europeias. Tudo exteriorizado em manifestações espontâneas de simpatia e sensualidade peculiares, e a geração de uma atitude e aptidão ante a cultura, a música e a dança que nos tornou universais. Como parte dessa miscigenação, compartilhamos delícias da culinária, que combina sabores africanos e europeus, moldados, como os demais, no caldeirão de nossas exuberantes naturezas.

Também nos esportes, a competência saudável se misturou com o carinho e a admiração mútuos. Essa magnífica comunicação humana não foi obstruída pelas ligeiras diferenças linguísticas.

Une-nos a dolorosa historia do colonialismo, a escravidão, lapsos de tiranias e um sentido profundo de justiça e independência. As rupturas políticas, como sucedeu a partir de 1964, durante a ditadura no Brasil, não alcançaram os sentimentos do povo e foram historicamente efêmeras e superficiais. De fato, Cuba, mesmo naquela época, se constituiu em um caloroso refúgio para perseguidos pela repressão, brasileiros que se sentem eternamente gratos.

O célebre programa Mais Médicos, que atraiu ao Brasil mais de 11 mil médicos e pessoal da área da saúde cubanos, permitiu estabelecer relações muito humanas entre nossos povos, nas quais a solidariedade, a bondade e o profissionalismo foram protagonistas fundamentais. Como resultado dessa colaboração, um grande número de estudantes brasileiros foram bem-vindos na Escola Latino-Americana de Medicina de Cuba e se formaram médicos capacitados com conhecimentos especializados e valores humanos.

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