Opinião

Terrorismo internacional e extrema direita se aliam na divulgação de notícias falsas sobre Cuba

09/09/2023

O dirigente comunista José Reinaldo Carvalho adverte para uma trama cujo objetivo é prejudicar as relações e a imagem de Cuba no mundo

Por José Reinaldo Carvalho (*) – O terrorista cubano residente em Miami Orlando Gutiérrez Boronat viajou recentemente à Ucrânia. Ato contínuo, circularam intensos rumores com a falsa acusação de que militares cubanos estariam participando no conflito que envolve o país do Leste europeu. Ficou manifesta a intenção de quem os difundiu de comprometer Cuba em tramas internacionais que nada têm a ver com a índole internacionalista e pacífica da ilha socialista. A informação sobre a presença de Gutiérrez Boronat na Ucrânia foi amplamente difundida pelo cientista político Katu Arkonada por meio de uma postagem no “X”, antigo Twitter;

Gutiérrez Boronat, que vive nos Estados Unidos desde 1971, onde lidera o chamado Diretório Democrático Cubano, é uma figura conhecida por seu ativismo contra Cuba, a favor do odioso bloqueio imposto pelos Estados Unidos e de uma intervenção militar norte-americana na ilha. A difusão de falsidades sobre a participação de militares cubanos no conflito ucraniano visa a minar as relações diplomáticas entre Cuba e a Ucrânia, além de fortalecer laços com a extrema-direita europeia e danificar o acordo político e de cooperação entre Cuba e a União Europeia.

No momento em que Cuba se prepara para acolher a Cúpula do G77+China nos dias 15 e 16 de setembro e se aproxima a 78ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em que participará o presidente Miguel Díaz-Canel, a preocupação com as intenções por trás da viagem de Gutiérrez Boronat é ainda mais relevante. O site Razones de Cuba cogita que a viagem de Gutiérrez Boronat pode estar relacionada a uma possível ofensiva contra Cuba e a Rússia na ONU.

A viagem de Orlando Gutiérrez Boronat à Ucrânia serve como um lembrete de que a política internacional requer um compromisso constante com a honestidade, a transparência e o diálogo construtivo para alcançar soluções pacíficas e duradouras, valores muito distantes das práticas da Casa Branca, do Departamento de Estado dos Estados Unidos e sua vasta rede de espionagem, instituições que podem ter financiado a viagem de Boronat.

À medida que o mundo continua a enfrentar desafios complexos e interconectados, como a crise na Ucrânia e as relações entre Cuba, os Estados Unidos e a Rússia, é essencial manter um foco firme na verdade e na diplomacia construtiva.

Boronat não é desconhecido no Brasil. Ele foi um dos organizadores da viagem da blogueira contrarrevolucionária cubana ao nosso país em 2013, onde veio difundir mentiras e tentar arregimentar adeptos a uma campanha anticubana. E em finais de 2018, Boronat veio saudar pessoalmente Jair Bolsonaro por ter sido eleito presidente do Brasil.

Enquanto Boronat favorecia a difusão de acusações falsas sobre a participação de militares cubanos no conflito na Ucrânia, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba emitiu uma nota oficial sobre a existência de uma rede de tráfico humano envolvida no recrutamento de cidadãos cubanos para lutar na Ucrânia ao lado da Rússia. A denúncia contundente da Chancelaria destaca o compromisso do governo cubano em proteger seus cidadãos e combater uma prática criminosa que priva as pessoas de sua liberdade e dignidade.

A Chancelaria cubana enfatiza que o Ministério do Interior está empenhado em “neutralizar e desmantelar” a organização criminosa, que opera tanto dentro dos limites de Cuba quanto na Rússia. É uma demonstração clara de que Cuba está disposta a fazer o que for preciso para proteger seus cidadãos e preservar os valores fundamentais da justiça e dos direitos humanos.

A condenação veemente por parte da chancelaria cubana a essa prática criminosa é um testemunho do compromisso de Cuba em não apenas combater o tráfico humano dentro de suas fronteiras, mas também em contribuir para o combate global a essa chaga. O comunicado deixa claro que Cuba não faz parte do conflito na Ucrânia e que repudia qualquer envolvimento de seus cidadãos em atividades mercenárias.

Além disso, a nota destaca que Cuba tem uma posição histórica firme contra o mercenarismo e tem desempenhado um papel ativo nas Nações Unidas no repúdio a essa prática. Isso reflete o compromisso duradouro de Cuba com a defesa dos direitos humanos em âmbito internacional.

O exemplo de Cuba, ao expor e combater essa rede de tráfico humano, deve servir de inspiração para outros países e instituições a se unirem na luta contra essa violação hedionda dos direitos humanos.

Leia a íntegra da nota oficial da Chancelaria cubana

“O Ministério do Interior detectou e está a trabalhar na neutralização e desmantelamento de uma rede de tráfico de seres humanos que opera a partir da Rússia para incorporar cidadãos cubanos que aí vivem, e mesmo alguns de Cuba, nas forças militares que participam em operações de guerra na Ucrânia. Tentativas desta natureza foram neutralizadas e foram instaurados processos penais contra pessoas envolvidas nestas atividades.

Os inimigos de Cuba promovem informações distorcidas que procuram manchar a imagem do país e apresentá-lo como cúmplice destas ações, que rejeitamos categoricamente.

Cuba tem uma posição histórica firme e clara contra o mercenarismo e desempenha um papel ativo nas Nações Unidas no repúdio a esta prática, sendo autora de várias das iniciativas aprovadas naquele fórum.

Cuba não faz parte da guerra na Ucrânia. Atua e atuará com energia contra qualquer pessoa, do território nacional, que participe em qualquer forma de tráfico de pessoas para fins de recrutamento ou mercenarismo de cidadãos cubanos para uso de armas contra qualquer país.”

Havana, 4 de setembro de 2023

O Ministério das Relações Exteriores

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(*) José Reinaldo Carvalho é jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB e secretário-geral do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz. Este artigo orienta a atividade do setor de Solidariedade e Paz do PCdoB, em que o autor é coordenador

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