Opinião

Em 2021 novas batalhas virão em defesa da identidade comunista do PCdoB

29/12/2020

O ano de 2021 começa com muitos desafios a enfrentar. Um deles é a defesa do caráter revolucionário e da identidade do Partido Comunista do Brasil, cujo centenário de fundação se aproxima – 25 de março de 2022. No mesmo ano, celebra-se o 50º aniversário da reorganização partidária após uma luta vitoriosa contra o oportunismo de direita e o liquidacionismo, empalmado pelos signatários da Declaração de Março de 1958.  

O camarada Maurício Grabois, que ao lado do camarada João Amazonas encabeçou aquela luta, escreveu durante os debates do 5º congresso, em 1960, que estavam em choque “duas concepções, duas orientações políticas”. Estava em jogo a própria existência de um partido comunista marxista-leninista e portador de uma linha política revolucionária.

A luta contra o oportunismo de direita entrelaçou-se com o combate contra a inentona para diluir o Partido e foi vitoriosa. Foi fruto da inteligência coletiva. O amadurecimento político, que nos levou a formular uma tática ampla, combativa e flexível, só foi possível porque teve como ponto de partida uma posição de princípios. 

Os comunistas defendem a unidade das forças democráticas, patrióticas, populares, progressistas e anti-imperialistas, convictos de que isto tem equivalência em outra vertente da sua atuação – o trabalho entre as massas populares. Para os revolucionários, a unidade sempre foi a bandeira da esperança. É um princípio, não um modismo, uma necessidade histórica, não uma manobra a favor de indivíduos, grupos de interesses, coletivos territoriais, por mais legítimos que sejam os interesses em cena. A unidade é um princípio da linha revolucionária do PCdoB, e se constrói por meio de uma estratégia e uma tática consentâneas com a realidade. 

A expressão deste amadurecimento político e ideológico no plano organizativo é a afirmação no terreno da luta de massas e nas batalhas eleitorais da identidade do Partido e não a sua negação, da ligação com as massas e não sua burocratização e ação de cúpula. Expressa-se e concretiza-se na composição de uma frente de forças, partidárias ou não, com caráter democrático, antifascista, progressista, patriótico, antineoliberal e anti-imperialista. Elucubrações, interpretações exóticas e tergiversações sobre a linha política e a política de organização conducentes à diluição do Partido são alheias à formulação científica da tática e da estratégia revolucionárias para a luta democrática e pelo socialismo.

Aparentemente, num quadro de derrotas históricas e conjunturais, a realidade emprestaria razão aos que, ignorando as leis objetivas do desenvolvimento da sociedade, tomam por anacrônica e distante da realidade brasileira a existência do partido comunista. 

Mas a defesa do caráter do partido comunista é uma necessidade histórica. A existência do partido comunista não se subordina ao voluntarismo nem a falsas teorizações sobre a “ressignificação do socialismo”, a “renovação” em abstrato, a superação da revolução política e social, a extinção da luta de classes e, por conseguinte, da missão histórica do proletariado e de uma força de vanguarda. Muito menos a interesses imediatistas da conjuntura eleitoral.

Um revés eleitoral é apenas conjuntural. Não é isto que decide sobre o lugar político do PCdoB. Este Partido tem uma missão histórica a cumprir, correspondente às aspirações dos trabalhadores e do povo.

José Reinaldo Carvalho, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

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