Opinião

G77+China: Solidariedade pelo desenvolvimento compartilhado

05/09/2023

Cúpula de Havana é uma oportunidade para fortalecer a unidade entre os países membros e decidir ações coletivas para enfrentar os desafios contemporâneos, escreve o dirigente comunista José Reinaldo Carvalho 

Por José Reinaldo Carvalho (*) – O Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, na qualidade de Presidente Pro Tempore do Grupo do G77 + China, anunciou a convocação de uma importante Cúpula de Chefes de Estado e de Governo. Sob o tema “Desafios Atuais do Desenvolvimento: Papel da Ciência, Tecnologia e Inovação”, o evento está agendado para os dias 15 e 16 de setembro de 2023, na capital cubana, Havana e contará com a participação do Presidente Lula, entre outros chefes de Estado e Governo.

Díaz-Canel destacou a importância da Cúpula como uma oportunidade para fortalecer a unidade entre os países membros e decidir ações coletivas eficazes para enfrentar os desafios contemporâneos. Ele enfatizou a urgência dessas ações, afirmando que “cada minuto conta na busca por soluções para os problemas prementes de nossos povos”.

O evento terá a presença de líderes de todo o Grupo do G77 + China, reunindo nações que representam coletivamente mais de 80% da população mundial e mais de dois terços dos membros das Nações Unidas. O Presidente Díaz-Canel sublinhou que, embora a ciência, a tecnologia e a inovação tenham desempenhado um papel crucial na resposta à pandemia de covid-19, seus benefícios muitas vezes escapam aos mais necessitados. Ele apontou para o injusto ordenamento econômico internacional como uma das causas dessa disparidade e defendeu a necessidade de construir uma ordem mais justa e inclusiva que priorize a solidariedade e a cooperação internacional.

Cuba assumiu a presidência pro tempore do Grupo do G77 + China em janeiro deste ano, marcando a primeira vez que um país caribenho lidera esse bloco de nações em desenvolvimento. Durante o seu mandato, Cuba sediou eventos cruciais relacionados ao G77 + China, incluindo reuniões de ministros da Educação, Cultura e Turismo do grupo.

Este evento promete desempenhar um papel fundamental na busca por soluções globais para os desafios contemporâneos de desenvolvimento, reforçando a importância da ciência, tecnologia e inovação como catalisadores do progresso sustentável.

O G77 foi fundado em 1964 durante a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD). Inicialmente, era composto por 77 países em desenvolvimento, mas o número cresceu desde então. A China não fazia parte do G77 original, mas mais tarde se juntou a ele. O G77 é agora uma coalizão de mais de 134 países em desenvolvimento das Nações Unidas, além da China. O grupo é a maior organização intergovernamental de países em desenvolvimento dentro do organismo mundial, com o objetivo de promover interesses econômicos coletivos e ganhar influência na comunidade internacional. A presidência, que ocupa o topo da estrutura organizacional do G77+ China é rotativa regionalmente entre países da África, Ásia-Pacífico, América Latina e Caribe, sendo exercida por apenas um ano.

O G77 + China é uma coalizão informal e flexível de países que trabalham juntos em questões específicas. A adesão ao grupo não implica adesão a uma ideologia política particular. Seu principal objetivo é promover a cooperação econômica e o desenvolvimento sustentável entre os países membros. Eles frequentemente se unem em questões relacionadas ao comércio internacional, financiamento para o desenvolvimento e mudanças climáticas.

O G77 + China está chamado a promover o estabelecimento de uma nova era de relações internacionais, com a cooperação vantajosa para todos no centro da iniciativa. Há uma vitoriosa tradição de solidariedade e cooperação entre os países membros, impulsionando ainda mais a cooperação e o desenvolvimento comum dos países em desenvolvimento

Entre os temas em destaque na agenda permanente do G77 + China estão a preservação da paz mundial, a promoção do desenvolvimento comum e o estabelecimento de uma nova era de relações internacionais.

As cúpulas do G77 + China oferecem uma plataforma para discutir questões cruciais relacionadas ao desenvolvimento, como comércio, financiamento para o desenvolvimento, acesso a recursos e tecnologia, entre outros. Essas cúpulas são oportunidades para os países em desenvolvimento demonstrarem solidariedade e unidade em suas posições sobre questões globais. Isso pode fortalecer sua influência nas negociações internacionais e aumentar sua capacidade de defender seus interesses. Essas reuniões também proporcionam um espaço para o diálogo com países desenvolvidos sobre questões críticas, como comércio justo, ajuda ao desenvolvimento e mudanças climáticas.

Os países membros do G77 + China têm uma série de interesses em comum, mas também enfrentam desafios comuns. Essas cúpulas permitem que eles discutam estratégias para enfrentar esses desafios, incluindo a promoção do desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza.

As cúpulas do G77 + China muitas vezes atraem atenção internacional para as questões enfrentadas pelos países em desenvolvimento. Isso pode ajudar a sensibilizar a comunidade global para as necessidades e desafios desses países.

A Cúpula de Havana poderá desempenhar um papel importante na promoção dos interesses e preocupações dos países membros, bem como na promoção da cooperação global para o desenvolvimento sustentável.

Em um mundo marcado por desigualdades econômicas e desafios globais cada vez mais complexos, o G77 + China emerge como um ator chave na luta dos países em desenvolvimento por uma nova ordem econômica mundial mais justa e equitativa. Com sua crescente influência e unidade, este grupo desempenha um papel crucial na promoção dos interesses e aspirações de nações em busca de um lugar mais justo no cenário global.

A força do G77 + China reside em sua capacidade de negociar coletivamente em fóruns internacionais, como as Nações Unidas. Eles defendem posições unificadas em questões como comércio internacional, financiamento para o desenvolvimento e proteção ambiental. Essa coesão fortalece sua posição nas negociações, tornando mais provável que suas preocupações sejam ouvidas e suas propostas consideradas.

Uma das principais razões pelas quais o G77 + China é tão crucial para a luta dos países em desenvolvimento é sua busca por uma nova ordem econômica mundial. Eles defendem um sistema mais justo, onde os interesses dos países em desenvolvimento sejam tratados com a mesma importância que os dos países desenvolvidos. Isso inclui reformas nas instituições financeiras internacionais e a promoção de um comércio global mais equilibrado.

Outro aspecto importante do G77 + China é sua ênfase na inclusão e na solidariedade. Eles trabalham para garantir que todos os países em desenvolvimento tenham voz nas negociações globais e que ninguém seja deixado para trás. Isso reflete o compromisso do grupo em promover uma ordem econômica mundial que beneficie a todos, independentemente do estágio de desenvolvimento.

(*) José Reinaldo Carvalho é jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB e secretário-geral do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz. Este artigo orienta a atividade do setor de Solidariedade e Paz do PCdoB, em que o autor é coordenador

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