Opinião

No mundo em chamas, o imperativo da paz 

15/12/2023

É urgente que as forças progressistas do mundo façam esforços pela paz e a cooperação internacional, o que demanda firmeza e amplitude na luta anti-imperialista, escreve o dirigente comunista José Reinaldo Carvalho  

Por José Reinaldo Carvalho (*) –  Vivemos tempos turbulentos, um cenário global marcado por conflitos persistentes, como a guerra na Ucrânia e o genocído perpetrado pelo estado sionista israelense contra o povo palestino com o beneplácito do imperialismo estadunidense. As crises políticas, a instabilidade econômica, as insanáveis contradições sociais e as ameaças de mais guerras lançam sombras escuras sobre o futuro da humanidade, cuja sobrevivência se encontra ameaçada. Diante dessa realidade, torna-se imperativo refletir sobre soluções políticas eficazes e justas, unindo esforços em prol da paz e do desenvolvimento. 

Há uma semana, em 10 de dezembro, realizou-se a 6ª Assembleia Nacional do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz), entidade empenhada na luta pelos mais elevados ideais da humanidade, na solidariedade com os povos ameaçados e agredidos por potências dominadoras, e engajada na luta anti-imperialista. Ao tomar a palavra no evento, quando fui honrado com a designação para a presidência da entidade, compartilhei com o coletivo ali reunido, uma reflexão sobre  a crise multidimensional do sistema imperialista, cuja expressão maior é o declínio dos Estados Unidos como poder hegemônico, em sua fase moribunda, fase em que se manifestam de maneira aguda as piores características do sistema capitalista: o ataque aos direitos dos trabalhadores, dos povos, das nações que lutam por afirmar sua independência, os golpes, as intervenções, o militarismo e as guerras. 

É um mundo em que ocorrem inauditas mudanças, algumas nefastas, outras alvissareiras. Entre as nefastas, se inclui a ameaça de destruição da humanidade, pois é a isto que conduz a política belicista do imperialismo em sua fase moribunda. 

Entre as alvissareiras vislumbramos o despertar dos povos e o surgimento de novos fenômenos, sendo o mais destacado a emergência do mundo multipolar, no qual os Estados Unidos, além de uma profunda crise econômica, social, política, moral e geopolítica, amarga sucessivas derrotas nas guerras que desencadeou no últimos anos. 

Paralelamente ao fracasso norte-americano, a China emerge como potência socialista, renasce o poderio nacional da Rússia, afirma-se a luta do Sul Global, e reforçam-se novos agrupamentos de nações, que se transformam em polos relevantes na luta por um novo equilíbrio do mundo, como o Brics ampliado e a Organização para a Cooperação de Xangai, para citar apenas dois exemplos. 

Por óbvio, a multipolaridade não tem o condão mágico de trazer a paz. Objetivamente, pode engendrar novas contradições das quais surgirão novos conflitos e se apresentarão  novos desafios. 

A operação militar especial da Rússia na Ucrânia e as heroicas ações da Resistência Palestina a partir de 7 de outubro em Gaza fazem parte dessas mudanças e da luta anti-imperialista. Condená-las é pôr-se ao lado dos piores inimigos dos povos. Não é casual que os que as condenam como ações contrárias ao direito internacional ou como terrorismo são os mesmos que negam a existência da multipolaridade e inflam a condição de líder dos EUA. 

A luta palestina desempenha o papel de catalisador das mudanças no Oriente Médio, porquanto põe em xeque as posições estratégicas do imperialismo estadunidense e do sionismo israelense na região, ao passo que a Operação Militar Especial russa na Ucrânia desafia o militarismo dos EUA/Otan. São, destarte, ações que contribuem para a multipolaridade e o surgimento de uma nova correlação de forças no mundo. 

No epicentro da busca pela paz e um novo equilíbrio no mundo, encontra-se a visão inspiradora de Xi Jinping: a construção de uma Comunidade de Futuro Compartilhado para a Humanidade.

Enquanto as chamas da guerra incendeiam diferentes regiões, é crucial reconhecer que a resposta não pode ser encontrada na perpetuação dos conflitos, mas no empenho de forças progressistas dedicadas à paz, à cooperação internacional e à luta anti-imperialista com firmeza, abrangência e amplitude, exercitando uma política de convergência de forças progressistas e partidárias da paz. O papel desempenhado por líderes destacados torna-se evidente, e a proposta de Xi Jinping para uma comunidade de futuro compartilhado é um raio de esperança em meio às adversidades.

A ideia de uma comunidade de futuro compartilhado destaca a interconexão inerente da humanidade, sublinhando a importância de uma abordagem colaborativa para resolver desafios globais. Diante da guerra e do sofrimento, a visão de Xi Jinping apresenta a urgência de abandonar mentalidades hegemônicas em favor de um compromisso coletivo com a paz.

O empenho por uma comunidade de futuro compartilhado não é uma abstração nem uma utopia, mas um apelo à ação concreta. A promoção da paz e do desenvolvimento exige esforços coordenados e mudanças de fundo na ordem mundial injusta em vigor. 

A Comunidade de Futuro Compartilhado é a contribuição dos comunistas chineses, sob a liderança do Partido Comunista e do seu Secretário-Geral Xi Jinping, à civilização e ao progresso da humanidade. Esta proposta oferece uma visão de um futuro onde as nações possam prosperar em conjunto. 

O Cebrapaz se sente partícipe dessa grande corrente internacional de partidários da paz, do desenvolvimento, da prosperidade comum, do encontro de civilizações, da segurança coletiva, que têm por síntese a Comunidade de Futuro Compartilhado. 

O Cebrapaz representa o internacionalismo dos povos, o internacionalismo de massas, é uma entidade ampla, inclusiva, unitária, promotora da convergência entre todas as forças que lutam pela paz, o desenvolvimento, a cooperação e a solidariedade internacional.

O Cebrapaz respalda a política externa das forças revolucionárias, anti-imperialistas e progressistas do Brasil e do mundo e se coloca a serviço da boa relação do Brasil com os movimentos internacionalistas de paz, integração e solidariedade. 

O Cebrapaz defende firmemente a cooperação internacional, o multilateralismo genuíno e se regozija com o fato de que mercê das lutas dos povos e das modificações objetivas na situação internacional, o mundo hoje é multipolar.

O Cebrapaz é um formulador de política internacional, tem em seus quadros figuras destacadas do pensamento internacionalista. As intervenções apresentadas nas reuniões das instâncias diretivas e nos congressos do Conselho Mundial da Paz por sua ex-presidente, a camarada Socorro Gomes, textos de dirigentes do Cebrapaz publicados no sítio da entidade na internet, no sítio Resistência, nas redes sociais e reproduzidos em sítios de organizações internacionais fazem parte do seu acervo de formulações. O Cebrapaz se tornou interlocutor qualificado de forças políticas e instituições acadêmicas nacionais e internacionais, inclusive as que exercem o poder em países socialistas. 

O Cebrapaz entra no seu 20º ano de profícua atividade com plenas condições de se desenvolver ainda mais como uma organização social em linha com o espírito de nossa época, que é o anti-imperialismo e a convicção renovada de que o imperialismo não é invencível, será derrotado.

(*) Membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB e presidente do Cebrapaz – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz

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