Opinião

Visita de presidente iraniano à América Latina fortalece luta anti-imperialista e construção de mundo multipolar

20/06/2023

Para o dirigente comunista José Reinaldo Carvalho, Raisi, Maduro, Ortega e Díaz-Canel contribuem para consolidar a tendência principal do mundo contemporâneo

Por José Reinaldo Carvalho (*)– O fenômeno mais saliente da situação internacional é a emergência da multipolaridade. É nessa direção que se movem os principais atores da vida política e econômica e que se desenvolvem os fatos mais relevantes, seja na Europa como um todo, na Ásia, no Oriente Médio, no Indo-Pacífico e na Ásia Central. A América Latina não ficaria de fora. Já assinalamos em outras ocasiões o significado da retomada da Celac e da ativação da unidade sul-americana e o fortalecimento da parceria com a China, incluindo a participação na inovadora iniciativa da Nova Rota da Seda.

A confirmar essas tendências e perspectivas, realizou-se durante esta semana a visita do presidente do Irã, Ebrahim Raisi, a países latino-americanos: Venezuela, Nicarágua e Cuba, todos sancionados pelo imperialismo estadunidense, como o próprio Irã. Uma viagem histórica e que vai gerar consequências a uma região em que os EUA, apesar de derrotas políticas que têm sofrido, continuam considerando o seu quintal. Não é casual que as palavras-chave pronunciadas durante as três visitas de Raisi, para além dos laços de cooperação entre o Irã e cada país em que esteve o líder persa – a viagem abriu uma nova janela nas relações já tradicionais entre o Irã e a América Latina e fortaleceu a cooperação de benefício mútuo nos campos da energia, ciência, tecnologia, saúde, medicina, agricultura entre outros – foram integração, construção do mundo multipolar, defesa das riquezas nacionais, luta contra o hegemonismo do imperialismo estadunidense, paz e desenvolvimento comum.

A visão multilateralista compartilhada do Irã, Venezuela, Nicarágua e Cuba se expressou no brado de luta contra sanções e bloqueios, ameaças de intervenção e quaisquer outros tipos de ação coercitiva. Falou alto o desejo de reforçar a luta pela autodeterminação e independência das nações oprimidas do mundo.

O fortalecimento das relações entre o Irã e Venezuela, Nicarágua e Cuba, em oposição aos desígnios imperialistas dos EUA, demonstra o valor da resistência e da luta dos povos, que não se dobram ante pressões e medidas criminosas. É revelador também da capacidade de exercer uma diplomacia multilateralista consoante o direito internacional por parte desses países. Destaca-se o desejo dos quatro países de desenvolver relações internacionais abrangentes e diversificadas e o empenho, consoante a capacidade de cada um, de fortalecer os organismos internacionais e livrá-los das tentativas de manipulação e instrumentalização por parte do Departamento de Estado dos EUA.

Vale notar que no tratamento elevado entre o líder persa e os líderes revolucionários latino-americanos está presente o espírito de luta da Revolução popular iraniana de 1979 e a luta anti-imperialista conduzida em nossa América por líderes como Fidel Castro, Hugo Chávez, Daniel Ortega, Salvador Allende, entre outros.

A visita do presidente Raisi à Venezuela, Cuba e Nicarágua é um avanço claro na consolidação e fortalecimento da cooperação em benefício comum dos governos e povos do Irã e da região latino-americana.

(*) Jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB e secretário-geral do Cebrapaz

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