Geopolítica

Caso Skripal: “Não temos provas”, diz diretor de laboratório britânico

04/04/2018
Gary Aitkenhead é o diretor-executivo do laboratório de Porton Down, onde foi feita parte da investigação do agente nervoso VX, aparentado dos alegados "Novichok" / Foto: Andy Rain- EPA

Depois do Supremo Tribunal britânico, o diretor do próprio laboratório que testou a substância que envenenou Sergei Skripal e a filha admitiu que não tem provas de que seja de produção russa.

“Não determinamos a sua origem precisa”, afirmou Gary Aitkenhead, diretor-executivo do laboratório de Porton Down, numa entrevista à Sky News, sobre o agente químico que terá envenenado o espião britânico Sergei Skripal e a sua filha Yulia, no início do mês.

“Conseguimos determinar que é ‘Novichok’ e determinar que é um agente neurotóxico militar”, adiantou o responsável, que acrescentou que o laboratório de Porton Down entregou a informação científica ao governo britânico.

“É da nossa competência fornecer provas científicas de que agente neurotóxico se trata, especificamente. Identificamos que pertence a esta ‘família’ e que é de uso militar, mas não nos cabe dizer onde foi fabricado.”

A conclusão de que o produto tem origem russa é, portanto, da exclusiva responsabilidade do governo britânico, apesar de os seus próprios laboratórios serem incapazes de determinar quem foi o fabricante.

Recorde-se que o laboratório de Porton Down é certificado pela Organização para a Proibição de Armas Químicas e tem uma larga experiência, inclusivamente no desenvolvimento, fabrico e teste de armas químicas.

Skripal e a filha foram encontrados inconscientes no passado dia 4 em Salisbury (a cerca de 15 quilômetros de Porton Down), no sul de Inglaterra, onde o espião vive desde que foi envolvido numa troca de prisioneiros ligados a atividades de espionagem entre a Rússia e os Estados Unidos da América (EUA).

Sergei Skripal foi, durante anos, um agente duplo britânico nos serviços secretos da Federação Russa, até ser descoberto em 2004 e condenado a 15 anos de cadeia por alta traição em 2006. Em 2010 foi perdoado pelo presidente Dimitri Medvedev e mudou-se para a cidade inglesa.

Fonte: AbrilAbril

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