Geopolítica

Estados Unidos e ao menos mais 19 países expulsam diplomatas russos; Moscou diz que irá reagir

26/03/2018
Embaixada da Rússia em Berlim; países expulsaram mais de 100 diplomatas russos pelo mundo

Os Estados Unidos e ao menos mais 19 países, incluindo alguns da União Europeia, anunciaram de maneira coordenada nesta segunda-feira (26) a expulsão de diplomatas russos de seus territórios como uma retaliação contra o envenenamento do ex-espião Sergei Skripal no Reino Unido. No total, foram mais de 100 expulsões.

Washington expulsou 60 russos, entre diplomatas e funcionários do governo, e fechou o consulado do país em Seattle. Segundo a imprensa local, os funcionários terão sete dias para deixar o país. A identidade dos diplomatas não foi revelada.

Além dos Estados Unidos – e do Reino Unido, que já havia expulsado diplomatas russos na semana passada -, Canadá, Ucrânia, Alemanha, França, Polônia, República Tcheca, Lituânia, Espanha, Holanda, Dinamarca, Itália, Albânia, Hungria, Suécia, Croácia, Romênia, Finlândia, Estônia e Letônia também mandaram embora representantes de Moscou. Fora da lista, a Islândia afirmou que fará um “boicote diplomático” à Copa do Mundo, que será na Rússia neste ano.

Moscou, por sua vez, divulgou uma dura nota (veja íntegra abaixo) em “decidido protesto” contra a expulsão dos diplomatas. “Consideramos este passo como não amigável, que não serve à tarefa e ao interesse de estabelecer as causas e encontrar os autores do incidente do dia 4 de março em Salisbury”, afirmou o Ministério de Relações Exteriores russo. “Naturalmente, este passo inamistoso deste grupo de países não passará despercebido e iremos reagir.”

Na última semana, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, já havia anunciado a expulsão de 23 diplomatas russos do país. Além disso, ela suspendeu as relações bilaterais com o governo do presidente Vladimir Putin.

“Como resultado do que foi decidido no conselho da UE na semana passada, em resposta ao ataque em Salisbury, hoje, 14 Estados-Membros decidiram expulsar diplomatas russos”, explicou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmando que nos próximos dias ainda podem ocorrer mais expulsões.

A medida ocorre dias após o envenenamento do ex-espião russo na Inglaterra que, segundo o Reino Unido, foi organizado por Moscou. No entanto, o governo de Putin nega envolvimento no caso. Skripal, de 66 anos, e sua filha Yulia, de 33 anos, foram envenenados com um agente nervoso em um complexo comercial de Salisbury, no dia 4 de março. Os dois foram encontrados inconscientes em um banco do local e estão hospitalizados em estado grave.

A polêmica se deu porque Skripal é um ex-espião que traiu dezenas de agentes russos ao fazer revelações para a inteligência britânica antes de ser preso, em Moscou, em 2004, mas em 2010 foi exilado no Reino Unido.

Leia na íntegra a nota emitida pelo Ministério de Relações Exteriores da Rússia:

“Expressamos o nosso forte protesto a respeito da decisão tomada por alguns países membros da UE e da OTAN de expulsar diplomatas russos.

Consideramos este passo como não amigável, que não serve à tarefa e ao interesse de estabelecer as causas e encontrar os autores do incidente do dia 4 de março em Salisbury. O gesto provocador de solidariedade a Londres no chamado ‘caso Skripal’ dado por estes países, que seguem cegamente as autoridades britânicas e que nunca chegaram a resolver as circunstâncias do incidente, é uma continuação da política de confronto para intensificar a situação.

Apresentando acusações infundadas contra a Rússia, sem dar explicações sobre o que aconteceu e recusando-se a participar de uma interação significativa, as autoridades britânicas adotaram uma posição pré-concebida, tendenciosa e hipócrita.

Este é um atentado contra a vida dos cidadãos russos no território da Grã-Bretanha. Apesar de reiterados pedidos de informação dirigidos a Londres, a Rússia não recebeu qualquer informação a este respeito. Os aliados britânicos não têm dados objetivos e seguem cegamente o princípio da unidade euro-atlântica em detrimento do senso comum, das regras do diálogo civilizado entre Estados e dos princípios do direito internacional. O passo não amigável deste grupo de países não passará despercebido e nós responderemos a ele.”

Fonte: Opera Mundi

 

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