Luta pela paz

Conselho Mundial da Paz divulga plano de ação e reforço da luta anti-imperialista e da solidariedade

08/01/2018

O Comitê Executivo do Conselho Mundial da Paz (CMP), reunido em Hanói, Vietnã, em novembro de 2017, discutiu as prioridades da ação da organização para 2018. Após a discussão com o Secretariado do CMP, o plano de ação para o ano é divulgado nesta segunda-feira (8), com ênfase para o reforço e a promoção de campanhas e atividades da luta anti-imperialista e da solidariedade com povos vítimas de agressão, da ocupação militar e do colonialismo. 

No documento, o CMP faz referência à continuidade de campanhas contra as armas nucleares e pela dissolução da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), notando a reprodução da exitosa ação levada a cabo na capital belga, Bruxelas, em 2017, em que o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) participou.  

O plano também contém propostas para o reforço das ações de solidariedade com os povos venezuelano, cubano, palestino, saarauí, sírio e iemenita, vítimas de agressões, guerras, colonialismo e ingerência. 

O chamado à participação e o respaldo ativo a conferências sobre a América Latina e o Caribe como zona de paz ou em apoio às vítimas dos ataques estadunidenses contra o Vietnã, com armas químicas, e Hiroshima e Nagasaki, com armas nucleares, também compõe as prioridades para este ano. 

Leia o documento a seguir e, abaixo, a reprodução da Declaração do Comitê Executivo do CMP emitida em sua reunião em Hanói, em novembro de 2017. 

Reunião do Comitê Executivo em Hanói | 23 – 25 de novembro de 2017 – Plano de Ação 

Junto com a Declaração do Comitê Executivo, as seguintes ações e iniciativas estão incluídas no plano de ação para o próximo período e devem ser coordenadas pelo Secretariado do CMP: 

  • Conferência Nacional contra as Bases Militares Estrangeiras dos EUA a ser realizada em Baltimore, EUA, de 12 a 14 de janeiro de 2018. O CMP endossa e apoia o chamado da conferência ao apoio e possível participação do CMP (http://noforeignbases.org). O CMP deve explorar a possibilidade de realizar uma conferência internacional pela abolição de todas as Bases Militares Estrangeiras. 
  • A Conferência Internacional pelo 60º Aniversário da Organização de Solidariedade entre os Povos da África e da Ásia (OSPAA), em 14 e 15 de janeiro de 2018, no Cairo. 
  • Continuar e desenvolver a campanha do CMP “Sim à Paz! Não à OTAN!”, inclusive as iniciativas contra a OTAN e sua cúpula anunciada para 11 e 12 de julho de 2018 em Bruxelas, Bélgica, com base na experiência de 2017. 
  • Promover uma campanha do CMP contra a militarização da União Europeia e a Cooperação Estrutural Permanente (PESCO), que foi assinada de forma unânime pelos governos da UE. 
  • Continuar a promover ações contra as armas nucleares e outras armas de destruição em massa: 

– com uma campanha com objetivo de que os Estados assinem e ratifiquem o Tratado pela Proibição das Armas Nucleares 

– 43º Aniversário dos bombardeios estadunidenses de Hiroshima e Nagasaki, com uma chamada e um cartaz do CMP e possível participação de uma delegação do CMP na Conferência Mundial contra as bombas A e H no Japão (em agosto) 

– explorar a possibilidade, em cooperação com o Comitê da Paz do Japão, de uma conferência promovida pelo CMP, por ocasião do “Dia Internacional pela Eliminação Completa das Armas Nucleares” (26 de setembro)

  • Promover uma campanha de solidariedade do CMP com as vítimas dos ataques químicos estadunidenses com o “Agente Laranja” e a luta do povo do Vietnã por justiça e compensação por parte do governo dos EUA e as corporações químicas que produziram o Agente Laranja (em cooperação com o Comitê da Paz do Vietnã e a VAVA – Associação Vietnamita das Vítimas do Agente Laranja/Dioxina)
  • Continuar a promover a solidariedade com os povos vítimas da ingerência, as operações de desestabilização e guerras imperialistas, nomeadamente:

        – pelo fim do bloqueio estadunidense de Cuba e a devolução do território ocupado cubano de Guantánamo ao seu povo. Expressar a solidariedade concreta durante o Exame Periódico Universal (EPU) de Cuba na sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra (abril de 2018) 

       – apoiar o segundo Seminário Internacional “REALIDADES E DESAFIOS DA PROCLAMAÇÃO DA AMÉRICA LATINA E CARIBE COMO UMA ZONA DE PAZ” em Havana, 19 a 21 de setembro de 2018 

       – em solidariedade com o povo da Venezuela bolivariana, proposta a ser coordenada com o Comitê de Solidariedade Internacional (COSI) 

       – em solidariedade com o povo palestino, com uma campanha FIM À OCUPAÇÃO JÁ – RECONHECIMENTO E FILIAÇÃO DO ESTADO INDEPENDENTE PELA ONU, proposta a coordenar com o Comitê Palestino pela Paz e a Solidariedade (PCPS) 

> exercer pressão sobre os governos pelo reconhecimento pleno da Palestina 

> explorar a possibilidade de uma missão de solidariedade do CMP à Palestina 

> celebrar o 29 de Novembro, Dia Internacional da ONU de Solidariedade com o Povo Palestino. 

        – em solidariedade com os povos do Oriente Médio, nomeadamente, com a Síria e o Iêmen – proposta a coordenar com o Conselho Nacional Sírio da Paz: 

> com a possibilidade de promover uma chamada do CMP e um cartaz. 

        – em solidariedade com o povo saaruí: 

> com a possibilidade de promover um Dia de Ação, com uma chamada e um cartaz do CMP 

> marcar o Dia da Proclamação da República Árabe Saaráui Democrática (27 de fevereiro) 

        – em solidariedade com os refugiados: 

> com a possibilidade de promover um Dia de Ação, com uma chamada e um cartaz do CMP, denunciando as responsabilidades dos EUA, da OTAN e da UE e seus aliados pela desestabilização e as agressões que estão na raiz das causas do deslocamento e denunciando a forma desumana como os países tratam os refugiados. 

Além disso, o Secretariado planejará, em cooperação com as cinco Coordenações Regionais, as reuniões do ano 2018. A região América e Caribe já estabeleceu o local de sua reunião como a República Dominicana, entre 12 e 14 de setembro de 2018. 

Comunicado do Comitê Executivo do Conselho Mundial da Paz – Hanói, 23-25 de novembro 2017 

A reunião do Comitê Executivo (CE) do CMP aconteceu de forma bem-sucedida na capital da República Socialista do Vietnã, Hanói, de 23 a 25 de novembro de 2017, e o Comitê da Paz do Vietnã foi o anfitrião. Na primeira reunião do CE após a Assembleia Mundial do CMP de 2016 em São Luís/Brasil participaram 44 delegados representando 26 organizações do mesmo número de países. 

O CE dedicou uma sessão especial ao 100º aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro e seu serviço à luta pela Paz, como decidido pela última Assembleia do CMP. A conclusão preponderante da reunião foi a de que esse evento extraordinário e significante do século 20 mudou o rumo da humanidade e abriu a via para mais transformações e revoluções sociais, econômicas e políticas, provando que a luta dos povos pode vencer e criar novas sociedades livres da dominação e a exploração imperialistas. Por isso, a Revolução de Outubro continua sendo uma fonte de inspiração para os povos.

Ao realizar nosso CE na capital do Vietnã, Hanói, expressamos nosso profundo respeito e apreciação ao povo vietnamita, que lutou vitoriosamente contra os fascistas japoneses e os colonialistas franceses assim como contra os imperialistas estadunidenses em suas guerras no Vietnã, e que alcançaram conquistas significativas na construção do Socialismo e do desenvolvimento nacional, apesar das consequências da guerra que ainda perduram, incluindo milhões de vítimas através do tóxico “Agente Laranja”, usado então pelo Exército estadunidense. O CMP expressa sua sincera solidariedade ao povo vietnamita pelo referido acima.

A reunião do CE do CMP revisou a situação mundial com relação às ameaças à paz e à estabilidade, às crescentes agressões e guerras imperialistas em várias partes do mundo, assim como a resposta dos povos e movimentos de paz; expressou sua mais grave preocupação com os crescentes perigos de um conflito catastrófico de dimensão mundial, inclusive com o uso de armas nucleares.

Em um contexto de uma prolongada crise econômica do sistema, de graves ameaças de guerra, da continuidade de longas e catastróficas guerras, agressões e manobras desestabilizadoras imperialistas e da acelerada militarização do planeta, ao mesmo tempo em que forças fascistas e reacionárias emergem em vários países, o CMP discutiu e definiu objetivos e campanhas que podem tocar a consciência dos povos e chamar à atenção.

O cenário internacional continua instável, cheio de tensões e ameaças, que são mais perigosas à medida que a crise se aprofunda, como uma consequência das contradições de um sistema político, econômico e social desigual. Dois vetores opostos caracterizam a situação internacional. Por um lado, enfrentamos a ofensiva e a competição das forças imperialistas e hegemônicas para dominar o mundo e tomar os recursos dos povos e nações. Nesta ofensiva, os imperialistas e seus aliados voluntários agem com fúria. Por outro lado, há vários indícios do potencial da luta popular e da resistência das organizações e movimentos e das forças da paz e do progresso social. O CMP deve se empenhar pela aliança mais abrangente possível e ações conjuntas que incluiriam todas essas lutas por objetivos comuns. Ao mesmo tempo, esforços específicos devem ser feitos para revelar as causas das guerras, da miséria e da desigualdade, promovendo e fortalecendo as forças progressistas e anti-imperialistas e suas ações. 

A política dos EUA de “Pivô para a Ásia”, para redirecionar 60% do seu poderio militar para a região, está sendo ainda mais implementada pelo novo presidente estadunidense, juntamente com a poderosa 7ª Frota do Pacífico da Marinha dos EUA, as mais de 200 Bases Militares estadunidenses na região, inclusive no Japão e na Coreia do Sul, os acordos militares bilaterais dos EUA, cujo aprofundamento destacará até mesmo tropas para vários países, como já é o caso com as dezenas de milhares de tropas estadunidenses na região. O interesse particular dos EUA e dos seus aliados para a área é o controle geoestratégico de toda a área, suas rotas marítimas e recursos naturais, evitando conflitos fatais. Mas também é o de conter a emergente RP da China.

 O CMP apoia todas as lutas contra a presença e manobras militares estadunidenses na região. Em Okinawa, uma luta envolvendo setores amplos da sociedade está crescendo ainda mais contra a construção de uma nova Base dos Fuzileiros Navais dos EUA em Henoko/Cidade de Nago. O CMP expressa sua solidariedade com esses movimentos em Okinawa e na região principal do Japão.

O Nepal tem se movido em direção à estabilidade política com as eleições dos governos locais e as próximas eleições parlamentares federais e provinciais. Apesar das interferências estrangeiras para não se avançar pela promulgação de uma nova constituição, tentativas de provocar conflitos entre as várias castas e comunidades dentro da nação e criar estados federais com base em etnia, a constituição está sendo implementada. Enquanto se aproximam as eleições parlamentares existe uma perspectiva de um governo progressista de esquerda com um vasto apoio do povo nepalês. O CMP respeitaria esse desejo do povo nepalês e gostaria de expressar seus votos de sucesso.

O CMP está acompanhando com preocupação os desenvolvimentos no Mar Meridional da China, particularmente sobre as disputas territoriais entre vários países vizinhos. Apoiamos a solução pacífica das diferenças de forma bilateral e multilateral entre todas as partes envolvidas. Instamos todos os lados a evitar ações unilaterais que complicariam ainda mais a situação; reafirmamos nossa posição de princípio pelo respeito e a implementação do Direito Internacional, inclusive a Convenção das Nações Unidas do Direito dos Mares (UNCLOS) de 1982, que garante os direitos soberanos de todos os países. Opomo-nos firmemente à militarização da área, assim como à presença e ações de potências não-regionais, notavelmente, os EUA, que têm claramente seus próprios motivos e interesses. Exigimos sua retirada da região e instamos todos os lados a abrandar a situação militarmente. 

O Conselho Mundial da Paz expressa solidariedade com e apoio ao povo do Laos em seus esforços para libertarem-se das consequências de décadas de guerras, especialmente dos projéteis não explodidos durante o final dos anos 1960 e início dos anos 1970, [quando] três milhões de toneladas de bombas foram despejadas no Laos. Trinta por cento das bombas de fragmentação não explodiram; hoje, alguns agricultores trabalhando em seus campos ou crianças brincando com as bombas do tamanho de uma bola de tênis são mutiladas ou mortas por essas “Bombinhas”. Além disso, a presença destes artefatos não explodidos em quase todas as províncias prejudica o desenvolvimento do país.

Expressamos nossa solidariedade ao povo Rohingya o Mianmar, que enfrenta uma enorme crise humanitária causada pelo governo do país e que está sendo perseguido e foge por sua vida com sérias queixas de políticas de limpeza étnica. Exigimos do governo que garanta a segurança dos civis e tome medidas imediatas para encerrar a violência para que se restaure as condições socioeconômicas normais, incluindo o retorno dos refugiados aos seus lares.

O CE do CMP expressa sua grave preocupação com a crescente confrontação religiosa e o fundamentalismo na Ásia do Sul, que está sendo usado para dividir as lutas dos povos. Instamos as organizações sociais a estarem alertas sobre essa situação explosiva e a mobilizarem-se contra esta agenda divisória. 

O CMP reitera sua exigência pela retirada dos EUA e da OTAN do Afeganistão, como uma condição que permitirá ao povo decidir livremente e sem interferência sobre seus assuntos internos. 

A situação na e em volta da península coreana está se tornando “explosiva”. Todas as ameaças e provocações militares devem cessar imediatamente. Todas as partes envolvidas devem tomar medidas por uma solução diplomática e pacífica sem delongas. Denunciamos a presença de 28.000 tropas estadunidenses no sul da península com todos os tipos de armas sofisticadas, inclusive armas nucleares, assim como o estabelecimento de uma nova base estadunidense na Ilha Jeju. A instalação do guarda-chuva THAAD pelos EUA na Coreia do Sul defende abertamente a opção do ataque preventivo sem possibilidade de retaliação. Também apresenta ameaças à RP China e à Federação Russa. O CMP mantém-se firme em sua solidariedade ao povo coreano por seu desejo de reunificação Nacional Pacífica e pelo direito da RPD Coreia de defender sua soberania e integridade territorial juntamente com seus recursos naturais.

O CMP reafirma sua posição de princípio sobre a abolição de todas as Armas Nucleares e sua oposição a quaisquer testes de armamentos nucleares. O Apelo de Estocolmo, uma grande iniciativa histórica do CMP, endossada por centenas de milhões de pessoas preocupadas com a ameaça de uso desses arsenais, continua atual e continua a ser uma diretriz para a nossa ação. O Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares (adotado em 7 de julho de 2017) é um marco que leva à sua total eliminação, a aspiração há muito estimada dos Hibakushas e dos povos do mundo. O tratado reconhece que as armas nucleares são desumanas, com consequências catastróficas caso fossem usadas novamente, e estão na contramão da Carta das Nações Unidas e do direito internacional. Todos os estados devem endossar o tratado sobre a proibição das armas nucleares sem demora. 

Estados detentores de armas nucleares e seus aliados não assinaram o tratado. Temos de desenvolver melhor a opinião pública que exerceria pressão sobre eles para abandonarem a política de “dissuasão nuclear”. Ao mesmo tempo, ressaltamos o fato de que os EUA são o único país a já ter usado tais armamentos na história. Ademais, não se abstêm da opção por um ataque nuclear preventivo, ao contrário, introduziu-a também na OTAN, que a adotou. Apoiamos a proposta por uma suspensão mútua dos exercícios militares em volta de península pelos EUA-Japão-Coreia do Sul com a remoção do THAAD e a suspensão do programa nuclear pela RPD Coreia. O CMP afirma novamente sua clara discordância com quaisquer sanções impostas contra a RPD Coreia, já que constituem um esforço para estrangular o povo.

O caso da Ucrânia é o episódio contemporâneo mais relevante no continente europeu mostrando tendências fascistas, assim como a ação imperialista de cerco, provocação e tentativa de rodear a Rússia. O regime de direita em Kiev, apoiado pelos EUA e pela UE, favorece a estratégia de fortalecer a presença dos imperialistas no leste europeu e de confrontar a Rússia. O Conselho Mundial da Paz apoia a luta do povo ucraniano. Opomo-nos resolutamente ao regime fascista e expressamos nossa ilimitada solidariedade aos comunistas e a outras forças progressistas ucranianas que estão sujeitas a odiosa perseguição.

 Também acompanhamos com preocupação a perseguição sofrida pelas forças anti-imperialistas amantes da paz na Turquia, particularmente o membro do CMP, a Associação da Paz da Turquia, que foi banida em 2016 após a tentativa de golpe. Exigimos seu restabelecimento imediato. O governo da Turquia é aliado ao imperialismo estadunidense e europeu na região e promove uma agenda reacionária, conservadora e agressiva contra seu próprio povo e vizinhos. Como membro histórico e estratégico da OTAN, a Turquia armazena ogivas nucleares estadunidenses e apoia diretamente as forças extremistas e terroristas que combatem na Síria.

Reafirmamos nossa solidariedade ao povo do Chipre e a posição do CMP tomada na última Assembleia pela reunificação da ilha e o fim da ocupação turca, em uma pátria comum para todos os cipriotas (grego-cipriotas e turco-cipriotas), sem tropas e bases estrangeiras, sem tutores ou guardiões, em um país reunificado com uma soberania, uma cidadania e uma personalidade internacional, como descrito nas resoluções da ONU relevantes. Rejeitamos e denunciamos ainda os esforços para trazer o Chipre direta ou indiretamente para a OTAN, que também esteve envolvida na invasão e na ocupação parcial da ilha em 1974.

O CMP denuncia a presença da armada da OTAN no Mar Egeu, com o pretexto do fluxo de refugiados e migrantes e os planos da OTAN na área. Condenamos as ações do governo grego que, enquanto renovava o acordo militar EUA-Grécia na Base de Souda (Creta), está oferecendo instalações para o envio de helicópteros em solo grego e a perspectiva de abrigar veículos aéreos não tripulados (drones) em Creta. 

Dia após dia o Mar Egeu está se tornando um cemitério para centenas de famílias que fogem da Síria, Iraque e Afeganistão devastados pela guerra. As ilhas gregas estão sendo convertidas em campos de refugiados, sem recursos suficientes ou adequados para receber essas pessoas. Uma questão central nesta tragédia segue sendo as regulações da UE dos acordos de Schengen e Dublin II, junto com o acordo UE-Turquia. Denunciamos a hipocrisia da UE e dos governos de muitos desses países através dos quais os refugiados viajam e que são abertamente hostis contra os refugiados. 

O CMP reitera sua firme posição contra a OTAN, como um instrumento de dominação imperialista e o braço armado dos imperialistas dos EUA e da UE. A expansão da OTAN a leste, seu cerco à Rússia ao longo das suas fronteiras, com o destacamento de tropas do Mar Báltico até a Bulgária e a instalação do Escudo de Defesa de Mísseis” na Polônia e na Romênia, estão intensificando a situação de forma agressiva e deliberada. Isso acompanha as sanções dos EUA e da UE contra a Rússia. A OTAN está desenvolvendo e aumentando seu arsenal buscando uma capacidade de ataque nuclear preventivo contra seus oponentes. Decidiu aumentar o gasto militar de todos os membros para 2% dos PIBs anuais de cada um. Lutamos por e exigimos a dissolução da OTAN à escala global, enquanto apoiamos a luta dos povos em cada Estado membro por sua retirada. A União Europeia, sozinha e/ou com a OTAN, está atuando contra os povos. Sua política de Segurança e Defesa Comum constitui uma perigosa ferramenta para a intervenção estrangeira e agressão imperialista em muitas partes do mundo. 

O plano reacionário e imperialista para um “Novo Oriente Médio”, endossado pelos EUA, OTAN e UE, com sua aberta intervenção militar e em cooperação com regimes reacionários da região, somaram novos sofrimentos a milhões de pessoas que fugiram por suas vidas para todos os países vizinhos. 

Seu objetivo era e é o controle dos recursos energéticos e linhas de abastecimento e o controle geoestratégico da área, com novas fronteiras e novos regimes submissos.

Expressamos nossas condolências às famílias do recente ataque terrorista do Egito, onde centenas de civis perderam suas vidas, e condenamos este ato covarde e desumano.

A política beligerante e intervencionista das grandes potências, aliadas às forças locais reacionárias, está cada vez mais intensa em todo o Oriente Médio. Síria, Afeganistão, Iaque, Líbia, Líbano e Iêmen são os alvos de agressões imperialistas e ações desestabilizadoras. Tomamos nota positiva da vitória do povo sírio na luta contra o terrorismo e a intervenção estrangeira. Declaramos nossa solidariedade com o povo progressista e amante da paz e suas organizações na Síria, e reafirmamos seu direito inalienável a construir para si próprios um país secular, soberano e democrático, onde pessoas de diferentes crenças possam viver juntas, com um governo legítimo e integridade territorial. O CMP reitera sua condenação dos EUA e seus aliados europeus, a Turquia, Israel e as monarquias despóticas do Golfo, que têm apoiado direta ou indiretamente, financiado e treinado os grupos de mercenários e religiosos extremistas para atacar a Síria, às custas de milhões de vidas.

Expressamos nossa grave preocupação com as novas ameaças do governo estadunidense e de Israel contra o Irã, à luz da possível retirada dos EUA do acordo internacional sobre a atividade nuclear assinado pelo governo estadunidense anterior e outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Os perigos de uma escalada do conflito referem-se também à deterioração das relações entre o Irã e a Arábia Saudita. Da parte do CMP, reafirmamos nossa solidariedade ao povo do Irã e suas forças amantes da paz, contra qualquer interferência estrangeira em seus assuntos e em apoio à sua luta por direitos sociais, políticos e populares em todas as esferas.

O CMP está seriamente preocupado com as declarações e ameaças provocativas emanando do imperialismo estadunidense contra o Irã que assumiram uma dimensão perigosíssima desde que Donald Trump visitou a Arábia Saudita – onde ele concluiu m acordo massivo de armas de US$ 300 bilhões – e depois Israel, em maio de 2017. Nesses dias, outro crime de guerra está sendo cometido com a maior crise humanitária contemporânea, de acordo com a ONU, no Iêmen. Um país que está sob pesado ataque e agressão e má-nutrição e uma pandemia de cólera no ano de 2017, além dos milhares de civis que foram mortos pelos bombardeios. O CMP denuncia a agressão contra o povo iemenita, que está sendo completamente apoiada pelos EUA, e exige o fim do cerco e o direito do povo iemenita a decidir sozinho e livremente suas questões.

Denunciamos o regime de Israel por sua contínua e expansiva ocupação das terras palestinas, com o apoio do imperialismo, para controlar toda a vizinhança. Isto continua sendo um elemento-chave na estratégia de dominação e para impedir a paz no Oriente Médio. O CMP reitera sua solidariedade com a luta heroica do povo palestino contra a política genocida e opressiva do Estado de Israel, que submete o povo à cruel opressão. Defendemos o direito inalienável do povo palestino ao estabelecimento do seu Estado independente e soberano nas fronteiras anteriores à guerra de 4 de junho de 1967 e com Jerusalém Leste como sua capital, de acordo com as resoluções da ONU.

Exigimos o desmantelamento das colônias israelenses na Cisjordânia palestina e a eliminação do Muro de Separação, assim como a liberdade de sete mil prisioneiros políticos palestinos em prisões israelenses, e o cumprimento do direito ao retorno para os refugiados de acordo com a resolução 194 da ONU. Instamos ao reconhecimento do Estado da Palestina como membro pleno da ONU e pelos Estados membros da ONU. O CMP deve explorar e lançar uma campanha com o slogan: FIM À OCUPAÇÃO JÁ! 

O CMP expressa sua solidariedade às forças amantes da paz em Israel, que enfrentam o regime autoritário do país, enquanto lutam lado a lado com o povo palestino pela causa comum. 

O CE do CMP expressa sua solidariedade com o povo libanês pela defesa da integridade e da estabilidade do país e denuncia os planos para transformá-lo em um teatro para as agendas das forças estrangeiras. Exigimos a retirada das forças israelenses das fazendas Shebaa libanesas. 

Expressamos nossa séria preocupação com a turbulência na República Bolivariana da Venezuela provocada pela guerra econômica da oligarquia local submissa à posição agressiva do novo governo dos EUA, que mantém a política inaceitável e perigosa da Ordem Executiva de Obama classificando a Venezuela como uma “ameaça à política externa estadunidense e à sua segurança”. Denunciamos a aberta intervenção nos assuntos domésticos do país e a ameaça de uma intervenção militar estadunidense na Venezuela, especialmente após a eleição da Assembleia Nacional Constituinte. 

Esperamos que a Assembleia ajude a abrir vias para solucionar os problemas de forma pacífica e democrática e, ao mesmo tempo, para o aprofundamento das transformações pelos interesses da vasta maioria do povo venezuelano. Condenamos a recente decisão dos Ministros de Relações Exteriores da UE que impuseram sanções à Venezuela, o que constitui um ato de intensificação da ingerência da UE no país.

Reiteramos nossa solidariedade com o povo do Porto Rico, a colônia dos EUA no Caribe, em sua luta pelo direito à autodeterminação e contra a opressão multifacetada dos seus cidadãos. 

Acompanhamos com preocupação os desenvolvimentos no Brasil, onde após o golpe parlamentar de 2016 contra a Presidenta eleita, um governo antipopular tomou (o poder) com o claro e aberto objetivo de servir o capital local e internacional e uma agenda reacionária.

O CMP expressa sua solidariedade com o povo da Argentina pelo exercício dos seus direitos soberanos sobre as ilhas Malvinas e condena as graves violações desses direitos pelos antigos governantes coloniais. 

Um ano após o falecimento do líder histórico e Comandante-em-Chefe da Revolução Cubana Fidel Castro, rendemos nosso tributo e homenageamos o líder que não só mudou com sua decisiva contribuição a vida do povo cubano, como que também com sua modéstia e sabedoria serviu como um líder revolucionário de dimensão mundial, como uma das poucas personalidades do tipo do século 20. O CMP reafirma sua exigência incondicional pelo encerramento imediato e permanente da Base Estadunidense de Guantánamo, que está ocupada contra a vontade do povo cubano, e pelo retorno do território a Cuba. Declaramos nossa solidariedade sincera e resoluta ao povo cubano e sua revolução, na defesa de suas conquistas e pelo fim do criminoso bloqueio estadunidense e todas as outras tentativas de uma ingerência desestabilizadora.

O CMP saúda os povos da América Latina e Caribe e expressa sua solidariedade à luta pelo direito soberano a decidir por eles próprios e livres de maquinações e subversão estrangeiras seu próprio futuro e caminho de desenvolvimento. Ressaltamos a importante decisão da CELAC que declarou a região uma “Zona de Paz”, refletindo os sentimentos genuínos e aspirações da vasta maioria da população do Hemisfério Ocidental. 

Expressamos nossa solidariedade ao povo colombiano em seu anseio por alcançar a paz justa e viver com dignidade após a assinatura dos acordos de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP). Ao mesmo tempo, denunciamos absolutamente o assassinato covarde de camponeses, membros das FARC e líderes do movimento social colombiano que acontecem em contravenção dos acordos.

O continente africano continua a experimentar variados graus de instabilidade como resultado direto da intervenção imperialista por uma agenda para explorar os seus recursos. Continua sendo marcado tanto por problemas internos quanto externos como resultado das maquinações do grande capital local e multinacional que arrastou o continente a guerras e criou instabilidade política, e das ameaças abertas do imperialismo. O Comando Estadunidense da África (AFRICOM) continua a levar partes do continente a conflito e suas políticas expansionistas resultaram na ampliação da pegada do militarismo. Muitos governos foram arrastados aos jogos geopolíticos de posicionamento intra-imperialista e o imperialismo busca conquistar mais recursos e mercados para suas corporações multinacionais. 

No Oeste da África, a França continua a ter influência e tem uma estratégia de dominação por causa das relações coloniais históricas, linguísticas e outras que existiram por muitos anos. A Turquia também tem, no último período, se colocado o objetivo de se engajar no continente para se apresentar como um amigo genuíno do continente com “nenhuma intenção e histórico de colonialismo e dominância.” Erdogan, entre outros, convocou uma cúpula Turquia-África para mobilizar apoio para os seus objetivos e mercados para a burguesia turca. A UE estabeleceu para si um programa para a chamada promoção da democracia e tem financiado processos de promoção de eleições democráticas em muitos países africanos. A China tem sido vista por muitos africanos como uma ameaça devido às relações históricas do imperialismo e sua propaganda no continente.

O CMP reafirma sua solidariedade com o povo do Saara Ocidental. Condenamos a ocupação marroquina do Saara Ocidental e ressaltamos nossa solidariedade à justa luta do povo saarauí, pelo seu direito inalienável à autodeterminação sob um referendo livre e democrático.

É com estas convicções que o Comitê Executivo do CMP está determinado a formular resoluções e moções que impulsionem uma unidade ampla em ações pela paz, a democracia, a justiça social e a solidariedade entre os povos. Desta forma, fortaleceremos a solidariedade dos povos na luta pela paz, contra o imperialismo! 

O CMP envia uma mensagem aos povos do mundo, ao povo amante da paz em todos os países, de Hanói, a capital do heroico Vietnã, cujo povo, sob a sábia liderança de Ho Chi Minh, lutou heroicamente, enfrentando o imperialismo estadunidense de forma vitoriosa, libertando e unificando o país. Não importa quão forte aparente ser o inimigo, os povos têm o poder para resistir e vencer, já que constituem a única “superpotência”.

Hanói, 25 de novembro de 2017.

Fonte: Cebrapaz 

 

 

Tradução: Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz) 

 

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